Pego do Inferno | Lapa Pequena
A Serras das Talhadas e a Serra do Perdigão constituem, do ponto de vista geológico, uma estrutura, que ao longo de milhões de anos foi dobrada pela colisão entre continentes adquirindo a atual forma de U – o sinclinal de Ródão. Este sinclinal aflora ao longo de 55 km, desde Vales (Alvito da Beira, Proença-a-Nova), a NO, até Pé da Serra (Nisa), a SE.
Mapa Geológico do Geopark Naturtejo, Geoparque Mundial da UNESCO
O sinclinal de Ródão é constituído por quartzitos, rochas metamórficas de origem sedimentar que se formaram há cerca de 480 milhões de anos sob a forma de areias ricas em quartzo num oceano primitivo que aqui terá existido. Para além dos quartzitos predominam nesta região as rochas constituintes do Grupo das Beiras (xistos e grauvaques), também rochas metamórficas de origem sedimentar, menos resistentes à erosão, mais antigas (entre 610 a 542milhões de anos) e que se terão formado devido à deposição de argilas nesse mesmo oceano.
As argilas e posteriormente as areias, depositadas originalmente numa sucessão de camadas horizontais (A), foram intensamente deformadas levando à formação do sinclinal (B), há cerca de 400 a 280 milhões de anos, razão pela qual os quartzitos, muito duros, se encontram intensamente fraturados.
Deformação das camadas de quartzito, com a formação do Sinclinal de Ródão (Metodiev, 2009).
Para além da estrutura principal, o Sinclinal de Ródão, existem muitas outras dobras e falhas nesta área.
Neste local dá-se o fecho da Dobra da Albarda, materializado no Pego do Inferno.
O Pego do Inferno é uma dobra em sinclinal onde se instalou um ribeiro que corre no centro da dobra
e que forma uma queda de água na zona da Lapa Grande. Dada a diferente resistência das rochas constituintes da dobra, os agentes erosivos, como a água, vão provocando um desgaste diferencial dos níveis metasedimentares. A maior dureza dos quartzitos aqui existentes, faz com que estes não se deixem desgastar pelo curso do ribeiro que corre paralelamente às camadas.
Nos últimos 4 milhões de anos com a orogenia que levou à formação da Cordilheira dos Alpes, os cursos de água tiveram que se reajustar, alterando o seu percurso e provocando erosão nos leitos, escavando vales profundos nesta região, anteriormente plana.
De há cerca de 2 milhões de anos para cá, o Rio Ocreza, que nasce na Serra da Gardunha, foi (e é) o principal agente modelador da paisagem nesta área e que conduziu à formação da garganta designada de Portas de Almourão.
O ribeiro que aqui passa desagua no rio Ocreza cerca de 400m a jusante das Portas de Almourão.
Aproveitem a vista deslumbrante e repousem na sombra e na frescura da gruta.
A cache
Para chegar à cache poderá sair de Sobral Fernando e seguir pelo caminho do PR6 (PNV) em direção a Carregais. Depois terá de seguir pelo trilho indicado pelos Waypoints. O início é no Waypoint T0, onde está uma placa com a menção “Poço da Lapa”. Ao chegar ao ponto T3 siga o trilho para a direita/a subir. O trilho está visível, contém algumas pedras soltas pelo que deverá ter cuidado especialmente nas descidas. Não é aconselhável fazer a cache sozinho, pois no local a rede móvel é muito fraca ou inexistente, nem de noite. Leve água para hidratação especialmente nos dias quentes, pois não existe perto nenhum ponto de água.
Para poder logar esta cache terá obrigatoriamente de colocar pelo menos uma selfie sua no local e responder às seguintes perguntas por email (para mpalhim@hotmail.com):
- Qual a altura aproximada da abertura da gruta no ponto mais alto?
- Quais as rochas mais resistentes (maior dureza) aqui existentes (ver informação no texto)?
- Qual a largura aproximada da abertura da gruta?
- Qual o nome da aldeia que se avista da entrada da gruta?
(podem consultar os sites Geopark Naturtejo https://www.naturtejo.com/ e
Município de Proença-a-Nova https://www.cm-proencanova.pt/Lazer/ContentShow.aspx?ContentId=121 para mais informação)
Deixe tudo como encontrou ou melhor ainda!
Bibliografia:
Carvalho, Carlos & Rodrigues, Joana. (2012). Património Geológico de Proença-a-Nova: caracterização e gestão no âmbito do Geopark Naturtejo. Açafa Online, 5: 178-230.. Açafa Online. 5. 178-230.
Catana, Maria & Rodrigues, Joana & Carvalho, Carlos. (2022). Paisagens Educativas do Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO -Guia do Curso de Campo.
Lobarinhas, D. (2011). Inventariação da Geodiversidade da região das Portas do Almourão (Vila Velha de Ródão e Proença-a-Nova, Geopark Naturtejo da Meseta Meridional): contribuição para a sua inclusão na Rede Nacional de Áreas Protegidas. Açafa On-Line, 4, 1-84, e anexos.
Metodiev D., Romão J. & Dias R. (2009) – New data about stratigraphy and structure of the Vila Velha de Ródão complex syncline (SW sector of the Central-Iberian Zone, Portugal). IGSP 497-574 Field Meeting, Salamanca, Spain, 314-317.
Neto de Carvalho C., Rodrigues J. & Metodiev D. (2009). Inventário do Património Geológico do concelho de Vila Velha de Ródão: contributo para a caracterização do Geopark Naturtejo da Meseta Meridional. Açafa On-line N.º2. Associação de Estudos do Alto Tejo. Vila Velha de Ródão. pp. 2- 53.
https://www.naturtejo.com/ - Acedido a 10/04/2023