Quinta Azul
Arquitetura agrícola, do século 20. Quinta de produção, de construção antiga, com a casa reconstruída no início do séc. 20, aglomerado por três corpos alinhados e interligados, com frente arruamento principal do entrada, marcando a O. da localidade. A propriedade encontra-se fortaleza em quatro parcelas, apoio e apoio do bosque, um jardim, uma densa área arbórea e uma casa ocupada por pomar.
Descrição
Conjunto composto por quinta de planta aproximadamente retangular, possuindo um grande eixo central no sentido NO. - SE., marcado por um muro largo em alvenaria de pedra (eventualmente com função de distribuição de água) e um outro eixo transversal a este, que une o mirante ao poço com nora, localizado junto à ribeira, no extremo da propriedade. A propriedade é assim dividida em quatro parcelas: na parcela S. situa-se a casa, estruturas de apoio e o jardim, a parcela N. apresenta um prado natural, a área NO., mais declivosa, possui uma densa mancha arbórea com olival e bosquete de pinheiros-manso, e a parcela SE. é constituída por um pomar. A casa é composta por dois corpos articulados por um corpo de menores dimensões, formando uma marquise de passagem, todos de planta retangular e de dois pisos, formando frente urbana contínua. Os edifícios dos extremos têm coberturas homogéneas, o do lado esquerdo com três águas e o direito com duas águas. Têm estruturas em alvenaria de pedra e tijolo maciço, com as paredes parcialmente rebocadas e pintadas, percorridas por socos de cantaria, o corpo do lado esquerdo com as fachadas flanqueadas por cunhais de cantaria; ambos rematam em cornijas e platibandas plenas interrompidas por métopas e encimada por urnas cerâmicas. O edifício do lado esquerdo tem a fachada principal virada a SE., com os dois pisos definidos por friso de cantaria lavrada, ondulado, motivo que se repete nos espelhos trabalhados das sacadas. A composição da fachada segue um eixo de simetria central, com o piso térreo composto por quatro janelas de peitoril e quatro portas, todos eles emoldurados a cantaria recortada de calcário. As duas portas localizadas ao centro da fachada têm perfil em arco abatido e fecho com o motivo da folhagem de louro, disposta verticalmente, articulado com duas outras folhas, da mesma planta, embora mais delgadas, decorando superiormente o lintel; as restantes portas e as janelas têm vergas retas ornamentadas por elementos em pedra calcária lavrada com motivo vegetalista, ao centro. O piso superior é composto por dois pares de janelas de sacada corrida com bacias em pedra, apoiadas em quatro mísulas decoradas e protegidas por guardas vazadas, em ferro forjado; tem quatro janelas de peitoril, duas ao centro, no alinhamento vertical das portas principais e uma junto a cada um dos extremos da fachada. O cunhal possui base composta por pedra de soco, sobrepujada de listel, bocel e caveto. A fachada lateral esquerda tem duas janelas em cada piso emolduradas a cantaria, de moldura simples no piso térreo e em arco abatido no piso superior. O corpo do lado direito tem os ângulos apilastrados e a fachada principal marcada por falsas pilastras em massa, estas rematadas superiormente por friso, cornija e platibanda interrompida por métopas. É rasgada por vãos em arcos abatidos com molduras salientes de cantaria em calcário, os correspondentes às portas com pedra de fecho saliente. O primeiro piso tem três portas, o do lado O., de maiores dimensões, surgindo, no superior, quatro janelas de varandim, protegidas por guardas em ferro. A fachada lateral direita é rasgada por dois vãos em arco abatido, correspondentes a porta, com acesso por escada exterior em betão aposta à fachada, que indicia ter sido inicialmente uma janela, e por uma janela de sacada. O corpo central tem cobertura homogénea em telhado de duas águas, funcionando como passadiço coberto entre os corpos laterais. Fachada principal voltada a SE., com o piso térreo rasgado ao centro por porta de grandes dimensões, em arco abatido e emoldurada a cantaria de calcário, com pedra de fecho lavrada, sobrepujada por peça com monograma que se prolonga até ao parapeito em cantaria do piso superior, rematando inferiormente por cinta de cantaria e por cornija no topo. A marquise é fechada por caixilharias de madeira, parcialmente desaparecidas, rematando em friso metálico, assente em consolas do mesmo material.
Descrição Complementar
A platibanda da fachada principal compreende sete módulos separados por métopas com motivo geométrico; o central, que remata superiormente a zona de entrada do edifício, é preenchido com padrão geométrico em massa, simulando uma treliça, e um monograma com as iniciais"VB", da família Vieira Borges com a data de 1906 cercado por coroa de louro e encimado por uma vieira, em massa. O pomar é dominado por laranjeiras (Citrus sinensis) e limoeiros (citrus limon), com algumas romanzeiras (Punica granatum), marmeleiros (Cydonia oblonga) e figueira (Ficus carica). O limite NO. - SO. da propriedade é ladeado, ao longo do muro alto de pedra, por uma azinhaga marginada por oliveiras. O jardim apresenta pérgula a ensombrar os caminhos, apoiada em muretes com floreiras adossadas e a ruína de uma nora em posição central. Nesta área sobressaem três plameiras-das-canárias.
Cronologia
1606 - a área edificada compõem-se de duas casas, ambas de dois pisos, e com frente para a Rua Alfredo Dinis; a parte agrícola é composta por 18 courelas de cereal e olival, aforadas a diferentes indivíduos; a casa a O., localizada no gaveto da Rua Alfredo Dinis com a Rua do Castelo Picão, possui um logradouro nas traseiras; a casa a E. encontra-se aforada ao Doutor Gaspar Barreto de Brito, Juiz do Tombo das Propriedades do Mosteiro de São Vicente de Fora e responsável pelo Tombo das Fazendas do Tojal realizado em 1606; 1660 - a casa implantada a O. encontra-se aforada a João de Magalhães, que a deixa a Simão de Oliveira da Costa. A casa implantada a E. encontra-se aforada ao Doutor Martim Leitão; séc. 19 - reconstrução do edifício, a partir das pré-existências; 1906 - obras de reconstrução, promovidas pelos proprietários, a família Vieira Borges.
Materiais
Paredes em alvenaria de pedra e tijolo maciço, rebocadas e pintadas; socos, cunhais, modinaturas, bacias e mísulas das sacadas, parapeito do passadiço em cantaria de calário; portas e janelas em madeira; frisos, mísulas e guardas em ferro; cunhais em massa; coberturas revestidas a telha cerâmica. Árvores: Araucaria (Araucaria heterophylla), cipreste (Cupressus sp.), Eucalipto (Eucaliptus sp.), laranjeira (citrus sinensis), nespereira (Eriobotrya japonica), palmeira-das-canárias (Phoenix canariensis), pessegueiro (Prunus pérsica), pinheiro-manso (Pinus pinea) e tília (Tilia tomentosa); Arbustos: buxo (Buxus sempervirens); Trepadeiras: buganvilea (Bougainvillea sp.), glicínea (Wisteria sinensis), hera (hédera hélix), madressilva (Lonicera japónica) e vinha-virgem (Parthenocissus quinquefólia).
Quinta da Estrada
Arquitetura agrícola, seiscentista e setecentista. Quinta de produção composta por casa e atravessada por uma ribeira no sentido N. - S., sendo delimitada pela própria casa e por muro, a N.. A casa é de planta retangular e evolui em dois pisos, sendo rasgada por vãos de verga reta emoldurados a cantaria de calcário.
Descrição
A quinta de configuração irregular é composta por casa, área agrícola e construções de apoio, sendo delimitada pela própria casa e anexos, e por muro no lado N., beneficiando para S. de vistas panorâmicas sobre a várzea. As construções de apoio, de um piso, implantadas marginalmente à estrada, prolongam para E., a frente construída, até ao contacto com o muro da quinta. A área agrícola da Quinta é atravessada pela ribeira de Santa Clara que corre no sentido N.S. e constitui um espaço-charneira entre os dois aglomerados vizinhos. A cota máxima de 18 m regista-se no extremo NE. da propriedade e a cota mínima de 11 m no leito da ribeira, no extremo S. Casa de planta trapezoidal, que evoluiu a partir de volume único inicial, por ampliações para S., evoluindo em dois pisos, com cobertura composta que evoluiu por ampliações de cobertura homogénea de três águas, rematadas em beiradas duplas. A estrutura é em alvenaria de pedra e tijolo maciço, com as fachadas rebocadas e pintadas de branco, com o ângulo NO. marcado por cunhal em pedra aparelhada. Os vãos são retilíneos e emoldurados a cantaria de calcário. A fachada virada a O. é composta por quatro portas no piso térreo, uma na zona de feitura mais recente, ponto onde se rasgam duas janelas de peitoril. No piso superior, quatro janelas de peitoril. A fachada virada a N. possui duas portas no piso térreo a que correspondem, no superior, duas janelas de peitoril. A fachada S. possui uma janela de peitoril no piso superior. Do lado E., encostam à casa, no mesmo alinhamento, anexos utilitários com cobertura em telhados de duas águas, rematadas em beirada simples, formando uma frente de um piso com três portas. e remata em duplo beirado. A quinta apresenta uma ocupação do solo muito simples e homogénea, com culturas de sequeiro e algumas oliveiras, identificando-se as seguintes espécies de árvores: oliveiras (Olea europeae), eucalipto de grande porte (Eucalyptus globulus), 2 pereiras (Pyrus communis,), marmeleiros (Cydonia oblonga) e 1 figueira (Ficus carica).
Descrição Complementar
No piso térreo, sobre as vergas das portas mais próximas do cunhal, registos de azulejos azul e branco, com a inscrição "MERCERIA", envolvida por moldura de acantos enrolados em torno de "ferronerie". Junto aos anexos utilitários existe um tanque de rega, de remate côncavo e capeamento a pedra.
Cronologia
Séc. 17 - construção da casa; 1606 - existência, no local, de um conjunto de casas sobradadas e de um só piso; a parte agrícola é constituída por uma parcela de vinha, duas de cereal e uma outra mista, de cereal e olival, para E. da Ribeira de Santa Clara, formando uma quinta murada; o limite S. separa a propriedade do Mosteiro dos terrenos da Mitra; 1660 - Joana de Campos, herda as casas e propriedades agrícolas de seu marido, Inofre Alentão, e, sendo viúva, adquire outras; 1695 - é proprietário da quinta Matias Alentão; é constituída por casas térreas e de sobrado, pomar, vinha, terra de cereal, oliveiras, árvores de espinho e uma nora; séc. 18 - reconstrução do edifício; séc. 20 - colocação de placas de azulejo, alusivas à utilização do espaço como mercearia.
Materiais
Paredes exteriores em alvenaria de calcário, rebocadas e pintadas; cunhal e modinaturas em cantaria de calcário; portas e janelas com caixilharias em madeira e em alumínio lacado; janelas com vidro simples; registos em azulejo; cobertura revestida com telha cerâmica de canudo.
Fonte textos e fotos: SIPA Sistema de Informação para o Património Arquitectónico (Site Câmara Municipal de Loures)