| A serra da Estrela, na vertente sul, muda muita a paisagem consoante a estação do ano. Entre fragas enormes que esmagam o olhar, a Primavera dá agora uma nova vivacidade de cores e perfumes. Sucede à aridez do inverno que em algumas alturas ganha um manto branco. A neve aveluda a superfície e engrandece a fúria da ribeira de Cortes que desce a encosta íngreme desde as Penhas da Saúde.
A ribeira aconchega-se depois num vale de vários quilómetros e acompanha a freguesia de Cortes do Meio, oferecendo paisagens invulgares.
A ribeira na sua totalidade merece ser visitada, porque os poços estão quase seguidos uns com os outros. Desde Cortes do Meio a Penhas da Saúde há muitos poços por explorar. Praticamente só eram conhecidos dos pastores quando havia rebanhos.
As cascatas do Comarão são facilmente visíveis a partir de uma ponte. De um lado temos o Poço da Formiga, a montante a água despenha-se em várias cascatas. Não são muito altas, talvez três a quatro metros de altura, mas o enquadramento paisagístico é fantástico.
A intervenção humana é reduzida e a paisagem é apenas marcada por pequenas construções de granito que se agarram à encosta da serra. As casas foram recuperadas, desenvolvidas por um projeto e algumas até funcionam para Turismo Rural.
Eram em pedra e tinham o telhado em colmo de palha, eram os cortes para guardar o gado, daí, o nome de Cortes do Meio. À povoação e a freguesia a ribeira oferece em outros lugares pequenas cascatas, algumas junto a piscinas naturais. Ao todo estão registados quase duas dezenas de sítios e a Junta de Freguesia tem um mapa online.
Algumas das cascatas mais conhecidas, além do Combarão, são as do Poço da Cascata, Embude e da Monteira que no verão se veem dois moinhos reconstruídos e é onde se localiza a praia fluvial.
Nas margens da ribeira há vários vestígios de antigos engenhos de moagem e também um antigo lagar.
Há ainda um percurso pedestre, a Rota da Ribeira, de cerca de 9km, que acompanha a ribeira semiglaciar.
É ainda interessante o património cultural e edificado nas aldeias, com muitas fontes, ruas empedradas e casas típicas da Beira. Junta-se a fantástica paisagem da serra e o ambiente natural que só no verão passado, com a pandemia, foram descobertos por muitos portugueses. Descobriram também a simpatia dos anfitriões.
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