Notas
Por favor deixa a cache como a encontraste, e no mesmo sítio que a encontraste. Se tiveste de remover algum obstáculo para chegar a ela, devolve-o ao seu sítio original!
Entrar na fábrica não é recomendado, está assombrada por espectros viventes. Mas se entrares, partilha as fotos :-)
Sê discreta/o se houver muggles à volta!
Remover/danificar o saquinho de plástico hermético e os elásticos dá direito a assombração vitalícia por parte do fantasma de Joaquim Reis e da sua bisneta, que ainda se encontra viva e é a owner
Podes trazer ração seca e água para felinos de pequeno porte :-)
Foi no início da década de 20 do século XX que Joaquim da Costa Reis (1886 -1969), recentemente chegado de uma viagem prolongada de negócios por além-mar, fundou a Fábrica de Botões Reis, juntamente com o seu sócio e amigo próximo, José Vicente. As primeiras instalações da Reis & Cpa. Lda. situavam-se na extensão ocidental da rua 12, nomeadamente no quarteirão entre as ruas 25 e 27. Passados poucos anos, ainda na mesma década, as instalações da rua 12 já se tinham tornado demasiado pequenas para o 
sucesso crescente do negócio. A fábrica mudou-se para a rua 14, no rés-do-chão da habitação recém-adquirida de Joaquim Reis.
Na década de 40 a empresa atingiu o apogeu: entre os seus clientes figuravam o exército português e o espanhol republicano, fustigado pela guerra civil contra o fascismo franquista. As fardas de ambos os exércitos abotoavam-se com os produtos da fábrica espinhense.
Em 1948, a procura era tanta que a fábrica se teve de mudar novamente - desta vez para a secção da rua 43 imediatamente acima da linha do Vouga, ocupando quase metade do actual quarteirão, e onde ainda hoje se encontra. Com o falecimento do amigo José Vicente, o marido da herdeira única, a sobrinha de Vicente, e seu apelido Monteiro, tomou o lugar de novo sócio da empresa.
A laboração da Reis & Cpa. foi ininterrupta até 1955, tornando os sócios em dois dos homens mais ricos de Espinho. Entretanto Joaquim Reis decidiu reformar-se, alugando a sua parte da fábrica à Vigorosa, onde se manufacturavam panelas em alumínio.
Contudo, a fachada do edifício inteiro continuou sempre a ser encabeçada pelo pormenor que a tornava mais distintiva: três botões em pedra, espaçados ao longo da sua extensão. Numa das extremidades do portão mais oriental, há um pequenina abertura por onde só cabem gatos. Talvez haja algo de interesse na outra extremidade.
A laboração industrial do edifício cessou na década de 70 com o fecho da Vigorosa, data a partir da qual ficou desocupado de vez, não obstante as propostas que iam surgindo para a sua utilização. A anterior dinâmica industrial de Espinho, motivo particular de orgulho para a freguesia, ia estagnando gradualmente. A estrutura foi acusando o desgaste do tempo. O telhado e paredes interiores colapsaram, deixando um espaço a céu aberto por trás da fachada, que, teimosamente, continua a resistir. Entretanto, a natureza apropriou-se do interior, povoado agora por matas e silvas. Hoje em dia abriga também uma colónia de pequenos felinos que fizeram de lá o seu refúgio.
Apesar de ainda figurar no roteiro dos edifícios industriais mais emblemáticos da freguesia, juntamente com a creche da Fosforeira Portuguesa e a Fábrica Progresso, o seu estado de conservação é notoriamente o pior de todos. Os apelos esporádicos para a restaurar não receberam resposta até hoje, e o seu futuro permanece incerto.
Os descendentes dos dois sócios ainda podem ser encontrados pela cidade e seus arredores. Esta cache foi colocada pela bisneta de um deles, como uma pequena homenagem ao seu antepassado industrioso.
(texto original por KangarooMouse)
Roteiro dos Edifícios Industriais Históricos em Espinho
Mapa dos Edifícios em Espinho
Arquivo do 'Defesa de Espinho', num. 92, de 24/12/1933