O Acendedor de lampiões
•Trabalhador
•Fiel
•Obediente
Representa a rotina que não muda e que nós próprios também não tentamos mudar, que nos consome e desgasta física, psicológica e mentalmente e muitas vezes fazendo coisas inúteis, sem sentido para nós.Ainda assim, para o principezinho este é o menos ridículo de todas as personagens pois ocupa-se de algo alheio a si mesmo, ou seja, que não serve para seu próprio benefício.
É um homem trabalhador e fiel às ordens e por isso um bom homem, pois um bom homem cumpre com o seu dever. O problema é que por vezes, as ordens precisavam ser renovadas e não são, e então, o bom homem passa a ser insensato pois não é capaz de discernir se o que está a fazer ainda é útil ou se simplesmente passou a não ter razão de ser. É que o Universo está em constante evolução, e como tal, o homem, as crenças e as relações humanas também, e o que acontece é que muitas vezes nós somos este acendedor de candeeiros que não tem o bom senso de questionar a razão de ser das coisas e trabalha sem parar, mesmo sabendo que o que faz não tem qualquer sentido ou utilidade.
Por vezes temos um amigo ao nosso lado e não o vemos, pois estamos assoberbados de tarefas, muitas vezes sem sentido, para concretizar, não retirando portanto qualquer proveito do nosso dia-a-dia pois o trabalho por si só não nos satisfaz e ao mesmo tempo rouba-nos o tempo para o que realmente importa.
Por outro lado, às vezes, prendemo-nos de tal modo às nossas ocupações que achamos que o mundo não funcionará sem a nossa contribuição e então sentimo-nos importantes, imprescindíveis, como uma engrenagem no funcionamento desse mundo, e vamos acumulando mais responsabilidades, de modo que o tempo se vai esvaindo. Quando vemos, estamos num ritmo tão acelerado que já não conseguimos parar. Precisamos aprender a respeitar o nosso próprio ritmo e não abraçar mais responsabilidades do que aquelas que as nossas forças permitem, pois só dessa forma seremos realmente úteis à humanidade.
Então devemos olhar em redor e procurar realizar o que realmente é importante, valorizar o nosso entorno, e adaptarmo-nos à evolução quer da natureza quer da humanidade no geral e agir livremente conforme essa evolução.
“-Olá, bom dia!
-Bom dia!
-Olá, bom dia! Porque apagaste mesmo agora o teu candeeiro?
-São as ordens que tenho -respondeu o acendedor.
-Ordens? Que ordens são essas?
-Para apagar o candeeiro. Boa noite!
E voltou a acendê-lo.
-Mas porque voltaste a acendê-lo?
-São as ordens que tenho -respondeu o acendedor.
-Não percebo -disse o principezinho.
-Não há nada para perceber. Ordens são ordens.”
|