Esta geocache faz parte do Roteiro de Caches por Montemor, criado no âmbito de um Mestrado em Política Cultural Autárquica e pretende dar a conhecer cada uma das freguesias do concelho de Montemor-o-Velho.
O roteiro é composto por 14 caches.
Nota: Todas as caches contém logbook mas é necessário levar material de escrita.
Sê discreto durante a procura, tem cuidado ao manusear as caches e volta a colocá-las no lugar de forma a garantir a sua longevidade.
A Freguesia da Ereira
A povoação da Ereira, também conhecida por “Ilha da Ereira”, situa-se numa zona de planície, é maioritariamente ocupada por terrenos de cultivo e dista apenas 3 km da sede de concelho.
É pela ligação dos campos ao Rio Mondego que adquire um papel de destaque na gastronomia local. Todos os anos se realiza o Festival do Arroz e da Lampreia em Montemor-o-Velho (geralmente no mês de março) e o Festival da Lampreia na freguesia da Ereira, com ingredientes que provêm desta zona. O ensopado de enguias ou o arroz doce são também pratos típicos da Ereira. A lampreia da Ereira é muito procurada pelos apreciadores desta iguaria, ora pertencentes ao concelho, ora de outros pontos do país, vindo alguns de propósito para a comer.
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Receita de Lampreia à moda da Ereira
Ingredientes: 1 lampreia; 300gr de arroz carolino; 1dl de azeite; 2 cebolas; 1 raminho de salsa; 3 dentes de alho; sal q.b.; colorau q.b.; cravinho q.b.; vinho tinto
Modo de preparação: Escaldar a lampreia com água quente e raspá-la com uma faca. Depois, coloca-se num recipiente: alho, vinho tinto, colorau, salsa e cravinho. Amanha-se a lampreia retirando-lhe o fel, a tripa e o nervo. Corta-se às postas, aproveitando o sangue, permanecendo na marinada durante cerca de 12 horas. Num tacho aloura-se a cebola com um pouco de azeite, junta-se a lampreia com a marinada e deixa-se ferver durante 25 minutos. Após este tempo, retira-se a lampreia para um tacho, de preferência de barro, junta-se o arroz na sua cozedura. Serve-se o arroz e a lampreia separadamente.
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Para além da gastronomia e dos campos de arroz que rodeiam a freguesia, onde se podem observar as cegonhas a construir os ninhos, é possível dar uns belos mergulhos na praia fluvial (vigiada durante a época balnear) ou fazer um piquenique no parque de merendas que existente ao seu lado.
Adicionalmente a esses pontos de interesse, é possível visitar a Igreja das Almas, a Capela de Nossa Senhora do Rosário e a Casa do Torreão- a primeira “habitação” erguida na freguesia (século XVI), sendo um exemplar de arquitetura civil quinhentista. A casa que terá sido inicialmente usada como moradia dos procuradores e para recebimento de rendas foi, posteriormente, o atelier do escultor João de Ruão, artista da Renascença coimbrã, o que acrescenta valor patrimonial ao imóvel.
Classificada como Imóvel de Interesse Municipal desde 2004, a Casa do Torreão apresenta um modelo renascentista bastante erudito e invulgar na freguesia. No entanto, a construção do século XX anexa à direita retirou-lhe parte substancial do elegante programa original.
A Ereira carateriza-se por ser o local onde nasceu uma das figuras mais célebres do concelho- o poeta Afonso Duarte (1884-1958), patrono da Biblioteca Municipal (Biblioteca Municipal Afonso Duarte).
Formado em Ciências Físico-Naturais, em Coimbra (1913), foi ali professor da Escola Normal e dedicou-se em especial à pedagogia do desenho. Sempre interessado pelos temas de etnografia e arte popular portuguesa, manteve ligação literária com várias escolas e grupos. Colaborou na Águia e na «Renascença Portuguesa», manteve relações com os «Esotéricos» e com os poetas do «Novo Cancioneiro» e passou pela Presença e pela Seara Nova. Apesar do esforço contínuo de renovação, manteve-se sempre fiel à referida inspiração portuguesa e tradicional, aos motivos da terra, da vida animal, do povo e da lide agrária, das crenças e mitos seculares, numa linguagem sempre rica de poder metafórico e alusivo.
Publicou inúmeras obras em Lisboa e Coimbra, a primeira em 1912 (Cancioneiro das Pedras, Lisboa) e a última publicada já postumamente no ano de 1960 (Lápides e outros Poemas, Lisboa), dois anos depois de ter falecido.
Cem anos após o seu nascimento, em 1984, foi inaugurado um busto em homenagem ao poeta, no cimo de uma estrutura em pedra, junto à praia fluvial da Ereira.
A vista para a Ilha da Ereira
O local escolhido para a colocação desta cache tem como objetivo partilhar a paisagem da Ilha da Ereira e dos campos de arroz que a rodeiam. Esta “ilha” vê os seus campos ficarem submersos nos meses de inverno e, de tempos a tempos, o Mondego a pregar partidas ao seu povo, receando o aumento do nível das águas nos dias mais chuvosos ou de tempestade. Já nos meses quentes, a povoação fica rodeada pelas plantações de milho e de arroz.
Informação consultada através da página do Município de Montemor-o-Velho, da página da Direção-Geral do Património Cultural e da obra Terras de Montemor-o-Velho de A. Santos Conceição (1992).
Tenham atenção à forma como imobilizam o carro, pois os condutores têm tendência a passar no local com alguma velocidade!