Oliveira do Mocho
Quando eramos crianças os verões eram longos e o tempo passava devagar. O meu ritual era igual todos os dias – acordava, a avó preparava torradas com manteiga dos dois lados para o meu pequeno almoço e depois da barriga satisfeita montava a bicicleta. Sem pedalar e sem travar (porque era sempre a descer) ia ter com o meu avô à “fazenda”. Ele estava lá desde manhã cedo a regar a horta e a cuidar de cada árvore. Depois sentava-se debaixo da Oliveira do Mocho a contemplar e a enumerar o que lhe ainda faltava fazer. E eu sentava-me ao lado dele.
A Oliveira do Mocho era a única com um nome em todo o olival. Não sei quem a batizou, talvez o meu avô. Dizia que vivia lá um mocho durante a noite. Distinguia-se de todas as outras pelo seu tronco largo e oco, pela cor cinzenta da sua lenha, pelo musgo que lhe forrava as saliências. O meu avô dizia que aquela oliveira tinha mais de 500 anos, mas cada vez que falava dela atribuía-lhe uma idade diferente. 600, 800, mais de 1000 anos… talvez. Ele, não tinha a certeza e baseava-se no que viam os seus olhos e comparava com aquelas que ele colocou na terra. A existência humana é demasiado pequena para ter certezas acerca das oliveiras. A oliveira é dos seres vivos que melhor resiste ao tempo.
Investigadores portugueses encontraram uma forma de determinar a idade das oliveiras. Talvez o meu avô tenha sido conservador na idade da Oliveira do Mocho. Existem oliveiras em Portugal com mais de 3000 anos!
https://noticias.utad.pt/blog/2018/10/09/oliveiras-idade-cristo/
Talvez um destes dias alguém nos ajuda a saber quantos anos passaram por esta velha Oliveira.
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ENGLISH
Oliveira do Mocho
When we were kids, summers were long and time passed slowly. My ritual was the same every day - I woke up, the grandmother prepared toasts with butter on both sides for my breakfast. After the breakfast I rode the bike down the road, without pedaling and avoiding brakes, enjoying the cold breeze on the face. Then I joined my grandfather on the “farm”. He was there early in the morning watering the vegetables and taking care of each tree. Then he would sit under Oliveira do Mocho, contemplating and enumerating what he still had to do. And I sat next to him.
Oliveira do Mocho was the only one with a name in the entire olive grove. I don't know who baptized it, maybe my grandfather. He said that an owl lived there at night. It was distinguished from all the others by its broad and hollow trunk, by the gray color of its wood, by the moss that lined its protrusions. My grandfather used to say that this olive tree was more than 500 years old, but every time he talked about it he attributed a different age. 600, 800, more than 1000 years… maybe. He was not sure and he was based on what his eyes saw by comparing with those olive trees that he planted. Human existence is too small comparing with olive trees. The olive tree is one of the living things that best resists to time.
Portuguese researchers have found a way to determine the age of the olive trees. Perhaps my grandfather was cautious regarding the age of Oliveira do Mocho…. Those reaserchers have found 3000 years old Olive trees in Portugal!
https://noticias.utad.pt/blog/2018/10/09/oliveiras-idade-cristo/
Maybe one day someone can help us to know exactly how many years this old tree has…