Os arenitos da Formação Furnas (Siluriano-Devoniano da Bacia Sedimentar do Paraná) aflorantes na região dos Campos Gerais do Paraná apresentam típicas feições de dissolução: furnas (dolinas), depressões úmidas e secas, cavernas, sumidouros e ressurgências, relevos ruiniformes, dutos, alvéolos, bacias e cúpulas de dissolução. Estas feições permitem identificar a existência de um sistema cárstico desenvolvido em rochas não-carbonáticas. Além de características texturais e mineralógicas do arenito, outros fatores favorecem os processos de dissolução e erosão subterrânea, tais como o forte gradiente hidráulico existente na área de exposição das rochas, situadas no reverso da Escarpa Devoniana, e importantes estruturas rúpteis, relacionadas com reativações de estruturas do embasamento e com a atividade mesozoica do Arco de Ponta Grossa. O relevo cárstico da Formação Furnas tem importantes implicações: enriquece o patrimônio natural e arqueológico e fortalece a possibilidade de iniciativas para a geoconservação e a educação para a sustentabilidade; controla o comportamento do Aquífero Furnas, muito utilizado principalmente em Ponta Grossa e Carambeí, adverte para a possibilidade de fenômenos típicos de relevos cársticos (subsidências e colapsos do terreno, alteração de cursos d’água), demandando programas de monitoramento preventivo.
A princípio houve alguma controvérsia sobre como denominar as formas de relevo observadas na Formação Furnas, resultantes da conjugação da erosão mecânica com importante erosão química (corrosão). Maack (1946 e 1956) já utilizara terminologia própria de relevo cárstico para denominar tais formas, empregando as denominações “formação carstiforme” e “ocorrências carstiformes”. Autores mais recentes, reconhecendo a importância do processo de dissolução mineral na gênese das formas, e compartilhando o conceito atual de carste, têm utilizado a terminologia de formas cársticas, e ressaltado a importância de reconhecer os fenômenos cársticos nos arenitos da Formação Furnas. São várias as formas de relevo cárstico observadas nestes arenitos na região dos Campos Gerais, neste Earthcache abordaremos a erosão alveolar.
Exemplo de erosão alveolar
Alvéolos
Os alvéolos são cavidades em paredes, tetos e até mesmo em pavimentos rochosos, com formas geralmente arredondadas. Apresentam-se isolados, em grupos e também conectados uns aos outros, com dimensões milimétricas a decimétricas. Junto com a dissolução causada no interior do maciço rochoso e o escorrimento da água meteórica nas superfícies rochosas, a ação de micro e macro organismos tem grande influência na formação dos alvéolos, gerando a esfoliação do arenito, permitindo a criação de reentrâncias e facilitando a ação de outros processos erosivos.
Os alvéolos de dissolução suavizados são formas alveolares que evoluem sob cobertura. Possuem, por isso, arestas boleadas, podendo ter a sua origem normalmente atribuída à ação direta das raízes de plantas arbustivas e arbóreas.
Sua nomenclatura se deve à semelhança com de sua aparência com os favos de abelha, iniciam como microformas com poucos milímetros até alguns centímetros que podem evoluir para formas maiores. Em vertentes suaves talhadas em calcário nu podem ser iniciados pela ação mecânica e química das gotas de chuva. A coalescência destas formas elementares de variada dimensão pode dar lugar a um micromodelado irregular e cariado, ou mesmo à ocorrência de rochas perfuradas.