Há pouco mais de 150 anos, a zona que hoje é conhecida por Malaposta era um lugar com pequenas parcelas de terras cultivadas e alguns vinhedos. Era na altura conhecida como Ponte da Pedra, nome derivado de um pequeno aqueduto em pedra existente sobre o Rio da Serra, que desagua 200 metros mais à frente no Rio Cértima.
Antes de 1857, o lugar da Ponte da Pedra não era mais do que uma encruzilhada de 2 maus caminhos. Um no sentido Norte-Sul, e outro no sentido Este-Oeste. A Norte fica a povoação de Canha e mais à frente Avelãs de Caminho; a Sul as Vendas da Pedreira; A Oeste, depois do Rio Cértima, Mogofores; e a Este, Famalicão. Nessa encruzilhada não existiam mais do que 2 ou 3 casebres.
Uma iniciativa governamental viria a ter uma grande importância sobre este pequeno lugar, que viria a mudar o seu estilo de vida em muito.
Em 1857, era primeiro ministro do reino Fontes Pereira de Melo, iniciaram-se as carreiras de “Mala-Posta” entre Lisboa (Carregado) e Porto (Gaia), que tiveram pouco tempo de vida, visto que 5 anos depois, a 7 de junho de 1864, ficou concluída a via férrea que passou a ligar estas duas cidades, deixando de se justificar o Serviço de Mala-Posta, mais lento, mais caro e com menos capacidade de transporte.
A Malaposta (Ponte da Pedra) era uma das 23 estações de Muda, no percurso Carregado-Gaia, cerca de 300Kms que a pesada carruagem percorria em quase 34 horas. Ao longo do percurso, o serviço tinha pontos de apoio em casas de um modo geral propositadamente construídas para o efeito, onde faziam a muda dos animais e onde pernoitavam e se alimentavam os próprios passageiros. Ainda hoje, ao longo da estrada Nacional nº1/IC2 se podem identificar muitas dessas casas. Uma delas e nesta localidade e que actualmente é um restaurante muito afamado na região. A par de outros lugares, também este adoptou o nome de Malaposta.
Como qualquer meio de transporte, está sujeito a acidentes. A 27 de junho de 1860, após a muda dos animais, a Diligência partiu da Estação de Muda da Ponte da Pedra com 8 passageiros, Correio-Condutor, com o Capitão dos Serviços da Mala-Posta, Vieira de Carvalho e o Postilhão. Partiu em direcção a Norte e a 900 metros a carruagem meteu uma roda num buraco, oscilando de tal modo que os cavalos se assustaram e desiquilíbraram-se. A carruagem voltou-se com os ocupantes aos gritos. O Postilhão caiu do alto da viatura e bateu com a cabeça numa pedra tendo morte quase imediata.
Aquando do acidente, passava pelo local o Conde da Graciosa, no seu coche, com o seu cocheiro, e de imediato socorreu os feridos, conduzindo-os ao seu Palácio. A noticia rapidamente chegou à Casa da Muda e logo enviaram socorro e rápidamente colocaram a carruagem direita. O Correio-Condutor, fazendo jus à eficiência dos seus serviços, retomou a marcha para Norte com 3 passageiros que não sofreram ferimentos, mais o correio.
A localidade foi crescendo devido à instalação do serviço e após a sua extinção não parou de evoluir, graças também ao caminho de ferro, pois que era por ali que se passava entre a estação de Mogofores e Anadia.
O progresso do local nota-se bem a partir dos meados do séc.XX com o aparecimento de inúmeros serviços e estabelicimentos de comércio, muitos deles ligados à reparação automóvel. O local teve também uma agremiação desportiva, o Clube Académico da Malaposta, que se fundou em 5 de outubro de 1976 para se dedicar, em exclusivo, à prática do atletismo.
FONTE: "Anadia, Sítios & Memórias" de Carlos Alegre |