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Tesouro da Mata Mystery Cache

Hidden : 4/5/2018
Difficulty:
2 out of 5
Terrain:
3 out of 5

Size: Size:   regular (regular)

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Geocache Description:


O TESOURO DO TI ZÉ DA MATA
A cache não está nas coordenadas publicadas

HISTÓRIA:

Chamavam-lhe ti Zé da Mata. Na aldeia, as pessoas mais velhas eram sempre tratadas, pelos mais novos, por "tios" , na forma abreviada de "ti". E então o Ti Zé da Mata era um homem de estatura média/alta, bem constituído, um rosto seco de carnes e de tez avermelhada.
Era cego. Cegou entre a adolescência e o estado de adulto. Um acidente que o limitou até ao fim da sua vida, mas que o não derrubou, como veremos adiante.

Quem o conheceu diz que tinha mais virtudes que defeitos. Era um homem muito inteligente, daquelas inteligências raras, em que o lado prático se alia ao intelecto. Sociável, especialmente com os jovens, exercia sobre eles um certo fascínio e ao mesmo tempo um certo poder. Era catequista. E como um bom catequista zelava pelos bons costumes e, por isso, às vezes zangava-se e contestava os maus comportamentos. Era de tal ordem rigoroso que chegava a chamar as mães para as repreender ou então dava-se ao luxo de, do cimo da escada de pedra da sua casa, vociferar em voz alta contra os pais que não davam educação aos seus filhos. As mulheres eram as mais atingidas. Talvez por serem elas as responsáveis pela educação deles. Ou seriam, quem sabe, o seu calcanhar de Aquiles, por não ter tido acesso a elas? Não sabemos. Só sabemos que não casou. Naqueles tempos, e num ambiente rural por vezes perverso, alguém que possuísse uma deficiência ou fosse diferente dos demais, ficava automaticamente marginalizado. Mas ele possuía um carácter forte, e, inteligente como era, soube tirar partido das suas potencialidades, para bem dele próprio e da comunidade. Afastado das conversas dos homens que tinham mulher e filhos e por conseguinte outras preocupações, ele convivia mais com as crianças e jovens. Não queremos com isto dizer que não gostasse das mulheres. Contam que ele se dirigia a elas em tom brincalhão e até brejeiro: "Ó mulher, já que te não vejo deixa-me apalpar-te !"

Esta alegria e entusiasmo que colocou sempre em tudo o que fazia deve-se a uma indelével crença em Deus, e à qual também se deve o seu carácter moralista.
Cordoeiro de profissão, possuía uma pequena oficina de cordoaria, onde fabricava cordas feitas de cabelo de animais. Também fazia correntes, bornais, cestos de verga, etc... que depois vendia nas feiras e mercados, nas vilas mais próximas. Sempre rodeado por crianças que o ajudavam no seu trabalho, pagava-lhes um tostão por cada fio de corda feito. Quando eles, na irreverência própria da idade, fugiam ou não ligavam ao que ele dizia, gritava com eles e chamava-lhes malandros.
Participou, nas especialidade da cordoaria, na quarta exposição regional das Beiras, em 1929, no pavilhão do concelho de Proença-a-Nova. O nome com que aparece registado é o de José da Mata Cego, nome por que era conhecido nas feiras e mercados locais.
Era muitas vezes solicitado para arranjar a mó do moinho comunitário que pertencia à aldeia. A mó era picada com tal destreza como se os seus olhos vissem. Fazia tudo com tal perfeição que, dizem, parecia que tinha a vista nas mãos.

Quem andou com ele na escola diz que era um excelente aluno a matemática. Contam que, uma vez, quando a professora lhes pediu a resolução de um problema, ele fugiu para cima de uma árvore para os colegas não copiarem por ele. Era bom a fazer cálculos, difíceis para os demais, mas que ele resolvia num ápice.

Com bom ouvido para a música, sabia tocar guitarra. Era um dos animadores das festas na aldeia. Faziam-se bailes no Outeiro (o maior largo que aí existia) ao toque da guitarra, do bandolim e da concertina. Os rapazes gostavam mais da concertina, e, para o aborrecerem, alguns mais atrevidos passavam a correr por ele e mexiam-lhe nas cordas do instrumento. Ele apercebia-se e gritava: "- Quem foi o bandido que me desafinou a guitarra? " Uma vez, contam, era Inverno e o baile realizou-se em sua casa. Fizeram-lhe a mesma patifaria e zangou-se de tal maneira que chamou os autores do feito de canalhas e mandou tudo para a rua. Só se acalmou quando os seus acompanhantes músicos o fizeram mudar de ideias e o baile recomeçou.

Esta irascibilidade que o caracterizava tornava-o, por vezes, impopular. Contudo, revela muito da seriedade que punha em tudo o que fazia e uma forte sensibilidade. A sua aptidão para a matemática e para a música também se estendeu às letras. São dele alguns poemas que nos deixou, onde, para além, da sua própria história de vida, outros, como a moral e os bons costumes, a morte, o ciúme, e o amor são os temas tratados. Histórias, na sua maior parte verídicas, e muito em moda naquele tempo. Este tipo de poemas eram cantados e tocados por gente do povo, nas feiras e festas rurais.
Diz o povo que "quando nos falta um sentido os outros são mais desenvolvidos". Assim sucedeu com ele. Foi um homem brilhante para o seu tempo, apesar do seu infortúnio e das limitações inerentes ao meio onde esteve inserido.Supõe-se que terá vivido até metade do século XX. Agora faz parte da memória colectiva da nossa comunidade.
Texto de Lurdes Alves

HORRÍVEL TRAGÉDIA NA VÁRZEA DOS CAVALEIROS[1]  
ASSASSINATO DE JOÃO ANTÓNIO   NO DIA 5 DE FEVEREIRO DE 1913    
1.ª PARTE  
1 Adeus aldeia da Várzea              
Qual foram os teus destinos
De hoje para o futuro
És terra de assassinos.  

2 Com a dor no coração
Escrevi neste papel
Até hoje nunca se viu
Barbaridade tão cruel.  

3 Foi no dia cinco de Fevereiro
Que este caso aconteceu
Pelas quatro horas da manhã
João António faleceu.  

4 Foram quatro vadios
Consciências desvairadas
Tirá-lo da sua cama
Para lhe dar sete facadas.  

5 Os bárbaros sem consciência
Sem temor e sem contrição
Deram-lhe uma no lado direito
Que lhe atravessou o coração.  

6 Foram chamar seu irmão
Que tal coisa não sabia
Quando ao pé dele chegou
Desmaiado no chão caiu.  
7 Quando o povo se ajuntou
Causava dó e compaixão
Gritavam em altas vozes
Sejam encerrados na prisão.  

8 Foram chamar o regedor
Os cabos também vieram
Ficaram todos atónitos
Por fim nada fizeram.  

9 O regedor não teve esperteza
Isto se pode destinguir
Andaram ali acassapados
Depois deixaram-nos fugir.  

10 Veio a justiça da Sertã
Causava terror e confusão
Quando encontraram o cadáver
De bruços no meio do chão.  

11 Instou o senhor doutor médico
Não foi escasso em dizer
Abram caminho para o lado
Cheguem todos e venham ver.  

12 Ó pais e mães de família
Vinde todos observar
Esta cena tão horrorosa
Nela exemplo tomar  

13 Não se viam se não lágrimas
Lamentações e suspiros
Choravam em altas vozes
Amigos parentes e vizinhos  

14 O seu irmão José Nunes
Com o coração cheio de mágoa
Apanhou o sangue todo
Com os olhos banhados em água.  

15 Foi levá-lo ao cemitério Santo
Onde jazem corpos mortais
Repouso de profunda tristeza
De nossos avós e pais.  

16 Levaram o cadáver para a Sertã
Para terra de mais respeito
Só no dia seis à tarde
Foi a autópsia feita.  

17 Deviam tirar-lhes o coração
Para nele tomar experiência
Para depois o apresentarem
No dia da audiência.  

18 Tomem nota meus senhores
Por cima da pedra dura
Dois já estão na prisão
João António na sepultura.

    SEGUNDA PARTE   NOMEAÇÃO DOS ASSASSINOS  

19 Eis aqui meus senhores
Uma história de pasmar
Tem o coração muito duro
Quem não se largar a chorar.  

20 Carlos Brízio traiçoeiro
Que sua faca afiou
Que havia de dar sete facadas
Por certo assim calhou.  

21 Foi Adelino Morgado
Com a sua má contrição
Pegou logo na faca
Cravou-a no coração.  

22 Segundou-a sete vezes
Causa dó e muito respeito
Por ser bárbaro e carrasco
Com uma mão ficou satisfeito.  

23 O seu irmão João Morgado
Era da mesma secção
O povo encontrou este delito
E não lhe deitaram a mão.  

24 Também o Manuel Martins
Por ser filho de homem honrado
Deitamo-lo para aquele poço
Aperda[2] que o leve o diabo.  

25 Vejam aqui uma expressão
De homem de tanto valor
Só ele tinha presunção
De ser mordomo do Senhor.  

26 Eram quatro desordeiros
De noite faziam chinfrim
Assim mataram aquele rapaz
Sem o povo dar motim.  

27 Quando estava em agonia
De profundo deu um ai
Deixem-me, vou pagar o vinho
Ai Jesus... ó meu pai!  

28 Ouviu José Francisco
Ele os quis repreender
Saltaram enraivecidos
O telhado lhe foram  moer.  

29 Bateram à porta da Carraça
Naquele mesmo momento
Ó Maria abre-nos a porta,
Demora-nos pouco tempo.  

30 Ela estava na cama
Tratou de se vestir
Desceu a escada abaixo
Para a porta lhes abrir.  

31 Entraram para dentro
Alegres do coração
Aquele já está seguro
Falta-nos agora o seu irmão.  

32 Talvez o alma de tantos
Ainda queira escapar
Vou-lhe dar outra facada
Que ele por força há-de ficar.  

33 Ó corações enraivecidos
Depois de o rapaz estar morto
Pegam outra vez na faca
Vão-lha espetar no corpo.  

34 Vós ficastes regalados
De cortar em carne humana
O diabo vou tentou
Que a muitos engana  

35 Prometestes-lhe um vestido
Para ela vos não declarar
Mas há-de ser a melhor testemunha
Que vos há-de acusar.  

36 Prometestes-lhe muitas prendas
Isso não presta para nada
Se ela não confessar a verdade
Merece ser degradada.  

37 Seguistes a lei da natureza
Ao vício e à vaidade
Para regalar o coração
Perderam a liberdade.  

38 Por aquilo já se esperava
Na aldeia não havia paz
No João António ninguém falava
Porque era muito bom rapaz.  

39 Depois de se por o Sol
Ninguém lá podia passar
Fosse quem quer que fosse
Davam-lhe logo a rachar.  

40 Também ao Manuel Isidro
Quiseram tirar a buchada
Valeram-lhe as sapatilhas
Ainda apanhou uma pancada.  

41 Faziam rondas de noite
Ninguém deixavam sossegar
Já não faziam caso deles
Era gritar sobre gritar.  

42 Tomem nota meus senhores
Notem e queiram notar
Estes devem ficar livres
De o Sol os queimar[3].  

TERCEIRA PARTE   LAMENTAÇÃO DOS PRISIONEIROS

43 Vê aqui ó Manuel Martins
Também os teus companheiros
Podiam ser bons cidadãos
E por fim são prisioneiros.  

44 Vedes aqui o que causou
A vossa má inclinação
Agora por fim o que vos resta
É viver na solidão.  

45 Sirva a todos de exemplo
Que não deve ficar cobiça
Devemos ter dó deles
Mas deve cumprir-se a justiça.  

46 Ex.mo Juiz de Direito
Ouvi-me esta palavra:
Fazei justiça recta
Um homem não é uma cabra.  

47 Se não houver algum temor
E da Justiça algum respeito
Se não tivermos disciplina
Matar-se-á tudo a eito.  

48 Não quiseram contradizer
Suas paixões desvairadas
Homens sem freio nas acções
São como feras desesperadas.  

49 A vossa gente anda de luto
Sofrer sobre sofrer
Antes de fazer tal delito
Mais vos valia morrer.  

50 Pelo menos sentia-se a perda
De homens de pouco valor
Assim sempre ficam sendo
Da geração dos matadores.  

51 Vós tendes muitos bens
Não os soubestes lograr
Para serem homens modelo
Não vos quisestes incomodar.  

52 O que muito incomoda
Para quem é ilustrado
Fazer serviços e más acções
Para viver envergonhado.  

53 No seio do lar doméstico
Vos podíeis cultivar
Pretender uma donzela
Para vosso filho educar.  

54 Para este bem tão comum
São palavras evidentes
Assassinos e matadores
Não devem ter descendentes.  

55 Perdeste o direito
Aos negócios sociais
Não estareis envergonhados
De desonrar vossos pais?  

56 Quando ias ao adro
Apertar a mão às donzelas
Beber o vinho com os amigos
Ai Jesus... Cousas tão belas.  

57 Perdestes o direito ao recreio
Da Primavera das flores
Ouvir cantar os passarinhos
Trinando hinos e louvores.  

58 Ó, que recreios tão lindos
Se ama e louva ao Senhor
No vosso coração já não entrava
Nenhum raio do seu amor.  

59 Pelo silêncio da noite
O Céu semeado de estrelinhas
Quando vós andáveis na rua
Fazendo asneirinhas.  

60 Perdestes o direito ao Sol
Que ilumina todo o mundo
Agora por fim é jazer
Nesse abismo tão profundo.  

61 Quem pudera escrever
Bem a fundo a vossa vida
Faltou-me a capacidade
E os estudos de Coimbra.  

62 Sou do concelho de Proença-a-Nova
Na Maljoga residente
Sou um infeliz
Com pouco entendimento.  

63 Queiram-me todos desculpar
A minha incapacidade
O meu nome é José da mata
Não vos nego a verdade.  

64 Tomem nota meus senhores
Isto é conselho meu
Fazer boas acções e boas obras
Nunca ninguém se arrependeu.    

Editor  José da Mata Júnior Maljoga Proença-a-Nova
[1] O texto que me chegou e que serviu de base para esta edição não é, possivelmente, o texto original. É uma cópia dactilografada onde a grafia apresenta já características recentes mas com algumas falhas de forma. Assim, optei por transcrevê-lo totalmente na grafia actual...
[2] Expressão popular com o sentido de “bem feito”
[3] Note-se o eufemismo – “devem ficar presos                                                                                                     

Conclusão: O José da Mata deixou um tesouro para atrás antes de ir para o leito. A tua função como geocacher é resolver este questionário, consultando o poema , e obter as coordenadas finais do tesouro.
Boas cachadas!!!

Goldenexplorer  

A CACHE:
A cache encontra-se num terreno privado cuja autorização foi pedida devidamente ao dono, um conhecido meu, pela qual deve-se ter cuidado com o terreno. Existem caminhos de terra que vão dar ao local da cache, por este motivo não é necessário atalhar pelo meio dos terrenos.
A cache contém:
-Lápis;
-Logbook;
-TB; -
Objetos para troca*;
*os objetos devem ser trocados por outros de valor igual ou semelhante.

Para descobrir as caches finais é necessário ler o poema e responder ás seguintes perguntas:
N 39º 45. (Ax2)BC
W 008º00.DEF

A. Quais foram as horas a que João António faleceu?  

B. De onde veio a "justiça" que descobriu o cadáver de João António?
6- Proença-a-Nova
7- Várzea dos Cavaleiros
8-Sertã  

C. Qual era o nome do assasino que foi atirado para um poço?
5- Carlos Brízio
6- Manuel Martins
7- Adelino Morgado  

D. Qual dos outros assasinos era irmão de Adelino?
3-Carlos
4-José
5-João  

E. O que acontece de acordo com o texto caso não exista algum sentido de justiça ou disciplina?
2- Todos os cidadãos iriam acabar por ser assasinados e não iria existir ordem.
3- Os cidadãos, devido ás novas circunstâncias, necessitariam de ter uma posse de armas para se poderem defender dos assasinos.
4- Os cidadãos e os órgãos de justiça e política iriam permanecer inquietos perante tal situação.  

F. O que é que os assasinos costumavam fazer quando iam ao adro?
3- Cumprimentar e beber vinho com as donzelas.
4- Participar em arraiais e festas do local.
5- Apertar as mãos ás donzelas e beber vinho com os amigos.  

Nota: os números das coordenadas são os que se encontram atrás do texto das diversas opções para as perguntas                                                                                                                                                                      

Additional Hints (Decrypt)

Ab frh pnagvaub (ab greerab pbz nf ivqrvenf cregb qn evorven)

Decryption Key

A|B|C|D|E|F|G|H|I|J|K|L|M
-------------------------
N|O|P|Q|R|S|T|U|V|W|X|Y|Z

(letter above equals below, and vice versa)