A Origem das Quaresmeiras contada pelos índios
Por várias vezes tamoios e portugueses se enfrentaram e no ano de 1566 aconteceu um grande combate entre os dois povos. Esse episódio ficou conhecido na história como a guerra das canoas, que se desenrolou ao redor de Paquetá (RJ) e que dizimou toda a tribo tamoio que vivia na Ilha.
Dizem que os tamoios, já prevendo essa derrota e a extinção da sua tribo, providenciaram com antecedência um grande ritual religioso em que invocaram os espíritos dos seus ancestrais para que, de alguma forma, ficasse marcado para sempre que o chão e a Natureza desta ilha das muitas pacas era território deles, e a eles pertencia.
Não há concordância em relação ao local em que tal rito ocorreu: se na Imbuca, ou na Lagoa Grande. Em cada um desses locais havia uma taba da tribo de Paquetá, e cada uma delas era dirigida por um cacique, além do Pajé, que era o mesmo para as duas aldeias. Eram pois três chefes: dois temporais e um espiritual. E foi em torno deles que ficou estabelecido o sinal para marcar a posse indígena de Paquetá. Ficou combinado que os espíritos dos ancestrais usariam para marcar esse fato, as mesmas cores que cada um dos três caciques costumava usar nos seus cocares e nos seus colares. O da Imbuca preferia o amarelo das penas dos bem-te-vis, o da Lagoa Grande preferia as flores azuis das bromélias que enfeitavam as margens dessa grande lagoa e o Pajé andava sempre ornamentado com vários colares de conchas cor-de-rosa, que existiam em quantidade nas praias de Paquetá.
E os mais antigos contam que foi depois da guerra das canoas, quando morreram todos os índios de Paquetá e os seus três caciques, que começaram a aparecer mata atlântica, essas três grandes árvores ornamentais: o Ipê amarelo, que floresce principalmente na Imbuca, as quaresmeiras, que enfeitam de roxo as encostas, e as paineiras da curva do vento, que sempre enfeitam Paquetá com as suas grandes flores cor-de-rosa. Dizem que elas simbolizam aqueles três grandes chefes tamoios.