Avenida Miguel Torga em Braga, é uma justa homenagem a um dos mais importantes escritores Portugueses
Miguel Torga, pseudónimo de Adolfo Correia da Rocha (Vila Real, São Martinho de Anta, — Coimbra, 17 de janeiro de 1995), foi um dos mais influentes poetas e escritores portugueses do século XX. Destacou-se como poeta, contista e memorialista, mas escreveu também romances, peças de teatro e ensaios. Foi laureado com oPrémio Camões de 1989, o mais importante da língua portuguesa.
Primeiros anos e educação
Nasceu na localidade de São Martinho de Anta, em Vila Real a 12 de Agosto de 1907. Oriundo de uma família humilde de Sabrosa, Sabrosa, era filho de Francisco Correia da Rocha e Maa uma casa apalaçada do Porto, habitada por familiares. Fardado de branco, servia de porteiro, moço de recados, regava o jardim, limpava o pó, polia os metais da escadaria nobre e atendia campainhas. Foi despedido um ano depois, devido à constante insubmissão. Em 1918 foi mandado para o seminário de Lamego, onde viveu um dos anos cruciais da sua vida. Estudou Português, Geografia e História, aprendeu Latim e ganhou familiaridade com os textos sagrados. Pouco depois comunicou ao pai que não seria padre.
Emigrou para o Brasil em 1920 , ainda com treze anos, para trabalhar na fazenda do tio, proprietário de uma fazenda de café em Minas Gerais. Ao fim de quatro anos, o tio apercebe-se da sua inteligência e patrocina-lhe os estudos liceais no Ginásio Leopoldense, em Leopoldina. Distingue-se como um aluno dotado. Em 1925, convicto de que ele viria a ser doutor em Coimbra, o tio propôs-se pagar-lhe os estudos como recompensa dos cinco anos de serviço, o que o levou a regressar a Portugal e concluir os estudos liceais.
Prémios e homenagens
A origem do pseudónimo
Em 1934, aos 27 anos, Adolfo Correia Rocha cria o pseudónimo 'Miguel' e 'Torga'. Miguel, em homenagem a dois grandes vultos da cultura ibérica: Miguel de Cervantes e Miguel de Unamuno. Já Torga é uma planta brava da montanha, que deita raízes fortes sob a aridez da rocha, de flor branca, arroxeada ou cor de vinho, com um caule incrivelmente rectilíneo.
Poesia
- 1928 - ' Ansiedade '
- 1930 - Rampa
- 1931 - Abismo
- 1936 - O outro livro de Job
- 1943 - Lamentação
- 1944 - Libertação
- 1946 - Odes
- 1948 - Nihil Sibi
- 1950 - Cântico do Homem
- 1952 - Alguns poemas ibéricos
- 1954 - Penas do Purgatório
- 1958 - Orfeu rebelde
- 1962 - Câmara ardente
- 1965 - Poemas ibéricos
- 1997 - Poesia Completa, volume I
- 2000 - Poesia Completa, volume II
- 2000 - Pão Ázimo
- 2000 - Criação do Mundo
- 1934 - A Terceira Voz
- 1937 - Os Dois Primeiros Dias
- 1938 - O Terceiro Dia da Criação do Mundo
- 1939 - O Quarto Dia da Criação do Mundo
- 1940 - Bichos
- 1941 - Contos da Montanha 'Diário I'
- 1942 - Rua
- 1943 - O Senhor Ventura[2] 'Diário II'
- 1944 - Novos Contos da Montanha
- 1945 - Vindima
- 1946 - Diário III
- 1949 - Diário IV
- 1950 - Portugal'
- 1951 - Pedras Lavradas Diário V
- 1953 - Diário VI
- 1956 - Diário VII
- 1959 - Diário VIII
- 1974 - O Quinto Dia da Criação do Mundo
- 1976 - Fogo Preso
- 1981 - O Sexto Dia da Criação do Mundo
- 1982 - Fábula de Fábulas
- 1999 - Diário: Volumes IX a XVI(1964-1993), Publicações Dom Quixote e Herdeiros de Miguel Torga, 2.ª edição integral
Peças de teatro
- 1941 - Terra Firme e Mar
- 1947 - Sinfonia
- 1949 - O Paraíso
- 1950 - Portugal
- 1955 - Traço de União
Quase um Poema de Amor
Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
E é o que eu sei fazer com mais delicadeza!
A nossa natureza
Lusitana
Tem essa humana
Graça
Feiticeira
De tornar de cristal
A mais sentimental
E baça
Bebedeira.
Mas ou seja que vou envelhecendo
E ninguém me deseje apaixonado,
Ou que a antiga paixão
Me mantenha calado
O coração
Num íntimo pudor,
— Há muito tempo já que não escrevo um poema
De amor.
Miguel Torga, in 'Diário V'
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