Abel da Costa nasceu a 19 de Janeiro de 1913 na Travessa do Carmo, na freguesia da Vitória, Porto e faleceu a 10 de Março de 2013, com 100 anos.
Foi um dos primeiros árbitros internacionais portugueses, e foi também um dos melhores, sendo o seu currículo extenso.
Iniciou-se a jogar futebol aos 14 anos, representando o Sport Clube do Carmo, no Porto, onde também praticou atletismo e ciclismo. Como ciclista neste Clube, bateu o primeiro recorde do Porto e venceu o primeiro cross ciclo-pedestre.
Aos 18 anos ingressou no S. C. Coimbrões onde jogou durante dez épocas na primeira categoria, no tempo em que o clube disputava jogos com o Leixões, Académico e FC Porto.
Vestiu a camisola do Boavista, mas depressa se recusou a representá-lo, por causa da sua actividade comercial. Efectuou duas épocas ao serviço do Académico do Porto, tendo ainda servido esta colectividade como guarda-redes de hóquei em campo.
Em futebol e basquetebol representou o Regimento de Infantaria 18, quando foi chamado a prestar o serviço militar.
Participou ainda, em provas de pesca desportiva, contando no seu “palmarés” a captura de uma corvina com 19 Kg.
Em 1940, Abel da Costa inscreveu-se na Escola de Candidatos, tendo sido licenciado 23 anos depois. Três épocas após ter sido aprovado como árbitro, ascendia aos quadros nacionais, em 1945/46 entrou na elite dos árbitros portugueses. Obteve as insígnias da FIFA em 1956, tendo sido árbitro internacional até 1963, altura em que terminou a sua carreira.
Como árbitro, dirigiu 429 jogos (233 nacionais) e foi fiscal-de-linha em 192.
Entre alguns dos muitos jogos que dirigiu posso mencionar:
- Nice – Real Madrid
- Espanha – Austria (juniores)
- Portugal – Marrocos (militar)
- Espanha – França
- Atlético de Madrid – Hibernian de Malta
Como fiscal de linha, posso mencionar os jogos:
- Espanha – Turquia
- Sevilha – Rangers
- Saint-Etienne – Milão
- Suécia – Suiça
O admirável primeiro emblema da Federação Portuguesa de Futebol, foi doado por Abel da Costa, que o utilizou enquanto internacional.
Abel da Costa fez muitos jogos internacionais, mas apenas foi 1ª página quando ousou assinalar uma grande penalidade contra o Real Madrid a favor do Nice, a 4 de Fevereiro de 1960, numa eliminatória da Taça dos Campeões Europeus, que terminou com a vitória (3-2) do Nice.
A equipa de arbitragem dirigida por Abel, foi considerada a melhor da época de 1959/60. Além de que, ao longo da sua carreira, recebeu 7 louvores.
Ao terminar a sua carreira assumiu funções de delegado técnico distrital, nacional e da UEFA, tendo sido instrutor e leccionador de imensos cursos de árbitros e feito parte de júris de exames em Aveiro, Braga, Porto, Coimbra, Viana do Castelo, Vila Real e Viseu.
Foi dirigente nos Conselhos de Arbitragem da Associação de Futebol do Porto e da Federação Portuguesa de Futebol (Comissão Central).
Abel da Costa serviu a arbitragem durante 43 anos e deixou definitivamente este mundo desportivo, já na qualidade de dirigente, em 1975.
O último par de chuteiras que utilizou encontram-se, desde 2007, no Museu da Associação de Futebol de Lisboa.
Abel da Costa pertenceu ao mundo da arbitragem quando esta era exactamente o contrario daquilo que hoje vemos, quando arbitrar prezava a honestidade e quando o respeito se fazia notar em campo. Segundo ele, “Era outro tipo de futebol, menos intenso, menos físico, mais artístico, um tempo em que os árbitros nada ganhavam para apitar os jogos para além de uma pequena compensação para as despesas” (Record, 2013).
12/ 2001 – O Conselho de Arbitragem do Porto prestou-lhe homenagem nomeando-o Patrono do Curso de Candidatos.
2005 – A APAF elegeu-o como Padrinho do III Torneio Inter-Núcleos de Futsal.
3/10/2005 – o Governo Português outorgou-lhe a Medalha de Bons Serviços Desportivos pelo seu passado desportivo.
No seu 100º aniversário, Abel da Costa foi homenageado pelo Lions Clube de Esposende, de que fazia parte, em parceria com a Associação Portuguesa de Futebol, a Santa Casa da Misericórdia de Fão e a Benemérita Associação Humanitária de Bombeiros Voluntário de Fão.
A Casa
Abel da Costa residia em Fão, contudo a partir da década de 90 passou metade dos seus últimos anos nesta casa, que se encontra localizada na terra natal da sua esposa Conceição.
Nesta casa, Abel viveu momentos que provocam um sorriso na face de quem os recorda, muitos destes partilhados com família e amigos. É de louvar não só a longevidade deste Senhor como a qualidade de vida e a lucidez que o acompanharam até ao fim.