Resumo:
Situando-se Crestuma no Município de Gaia, parceira do Porto na partilha das sobejamente conhecidas pontes, esta cache homenageia o rio Douro e as suas pontes através de um outro rio. O rio Uima, um rio que o Douro encontra antes de chegar ao mar bem mais modesto em termos história como queremos através destas duas pontes lhe demonstrar.
Crestuma tem a honra de ser banhada pelo Douro e é atravessada pelo rio Uima. Em Invernos rigorosos em que a água é tanta para ser contida nas albufeiras, as barragens são obrigadas a abrir as comportas e quando o mar não é receptivo a tanta água, existe a subida do nível do rio, dando-se as cheias.
As cheias em Crestuma são dos tempos dos filhos, dos pais, dos avós, dos tempos em que haja alguém que as guarde na memória.
Nessas alturas, sem permissão ou autorização, a água galga muros, casas e tudo quanto encontra no seu caminho. E até o pequeno e modesto rio Uima atinge toda a sua fúria e eleva-se.
Com a subida das águas do Uima, a pequena e velha ponte, ora ficava submersa, ora sujeita á agressividade de tanta água. As cheias em conjunto com a degradação natural ocorrida naquela ponte impuseram a necessidade de mudanças, e mudanças vieram.
Apareceu então uma nova ponte, bem ao lado da velha, quase como sua guardiã e protectora. A ponte nova, mais elevada, robusta e maior já não fica sujeita às intempéries e aos caprichos do Douro e do Uima.
Assim sendo, aqui está… Algo velho, a ponte pequena mas que ainda resiste, junta a ponte nova, sua irmã e companheira que lhe veio dar o descanso merecido com o avançar da sua idade.
As Pontes:
As Pontes da Foz do Uíma (Crestuma, Vila Nova de Gaia), situadas no lugar do Colégio sobre a foz do rio Uíma. São duas pontes em betão, uma mais antiga e desactivada para o trânsito automóvel, junto da qual estão umas alminhas na margem esquerda.
Neste troço final, o rio tem margens emparedadas em cimento, sem vegetação ripícola. Desta ponte, é possível avistar a ocupação urbana das encostas de Crestuma e a prática agrícola nas margens do rio.
A importância do Rio Uíma nesta zona:
A extensa rede de cursos de água, associada à origem geológica dos solos, provoca uma grande abundância de água na bacia do rio Uíma. Curiosamente, no séc. XIX e na 1ª metade do séc. XX, estes cursos de água e a sua abundância proporcionaram a extraordinária proliferação dos engenhos de fabricar papel (Silva et al., 2000).
Desde o séc. XVIII, o desenvolvimento das freguesias de Lever, Crestuma, Sandim (Vila Nova de Gaia) e Caldas de São Jorge (Santa Maria da Feira) dependeu da abundância dos cursos de água que forneceram energia fundamental para a sua actividade. A epopeia do fabrico do papel é um caso interessante de um aproveitamento equilibrado dos recursos energéticos inaturais e tem uma posição estratégica na região.
Localizam-se nas margens do rio Uíma, em Crestuma e Lever, as antigas instalações de uma fábrica de tecelagem, a Fábrica de Fiação de Crestuma e várias fábricas de papel, a larga maioria em mau estado de conservação. É o exemplo da Rua da Fontinha, em Crestuma. Nesta freguesia, existiram, no séc. XIX e XX, numerosas fábricas de fiação e tecelagem e papel.
O próprio brasão da freguesia de Crestuma apresenta um dobadouro vermelho, que representa a indústria de fiação, com numerosas fábricas, que retomaram pela via industrial a antiga actividade doméstica do fiar, do dobar e do tecer. A Fábrica de Fiação de Crestuma é o símbolo dessa actividade, cujas instalações, durante muitos anos devolutas, foram ocupadas pela Delfingen Portugal e Suleve Portugal, ambas fábricas de montagem de peças para automóveis.
Para mais informações: http://maquina1.portodigital.pt/sitios-amp/docs/rios/SistemasEstruturantes-UIMA.pdf