César Machado
Jornalista, tradutor, autor de romances, contos e peças de teatro, um dos mais destacados polígrafos da segundametade do século XIX, Júlio César da Costa Machado nasceu a 1 de outubro de 1835, em Lisboa, e faleceu a 12 dejaneiro de 1890, também em Lisboa. Salientou-se, sobretudo, como folhetinista e cronista.
Depois de uma breve passagem pelo Colégio Militar, de onde fugiu devido aos maus tratos do professor de Latim,matriculou-se no liceu. Datam dessa época as suas primícias literárias: Estrela de Alva, romance dos catorze anos, serápublicado na revista A Semana, de Camilo Castelo Branco. A morte prematura do pai forçou-o a ganhar a vida com aescrita, tornando-se tradutor efetivo do Teatro do Ginásio. Em 1852, com apenas dezassete anos, publicou o romanceCláudio, confessadamente influenciado pelas Memórias de um Doido, de Pedro Lopes de Mendonça, que viria a ser oseu mestre, tanto no romance como no folhetim; a partir de 1858, César Machado substituiu-o como folhetinistaregular em A Revolução de setembro. No mesmo ano, publicou o romance contemporâneo A Vida em Lisboa. Seguiram-se-lhe Contos ao Luar (1861), porventura a sua obra mais interessante do ponto de vista literário, Cenas da minhaTerra (1862) e Contos a Vapor (1863). Em 1864, ocupou o lugar de secretário do Instituto Industrial de Lisboa e em1870 tornou-se um dos cofundadores da Associação de Homens de Letras.
Ao longo da sua vida, Júlio César Machado deixaria uma imensa colaboração dispersa por jornais e revistas como aRevista Universal Lisbonense, o Diário de Notícias, o Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, a Revista Ocidental, aIlustração Portuguesa e o Eco Literário, de que foi cofundador em 1886, entre muitos outros. Muitos dos seus folhetinse crónicas de viagem seriam reunidos em volume.
Ironicamente, a sua vida, consagrada à escrita humorística do quotidiano, terminaria num ambiente de tragédia familiar.Dois meses depois do suicídio do seu filho único, em 1890, Júlio César Machado e a mulher tentaram também o suicídio.O escritor morreu, para consternação dos seus contemporâneos, que lhe admiravam o estilo claro e ligeiro, o tomcoloquial e humorístico, a atenção aos temas do quotidiano. Ramalho Ortigão, como ele cronista, escreveria mais tarde(in Costumes e Perfis): 'Em toda a sua obra, nos folhetins e nos livros, há uma larga claridade hospitaleira de toalhalavada, de jantar servido ao ar livre dos campos'.
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