Infelizmente a informação sobre o local é nula, apenas encontrei este texto sobre actividade no concelho de Cantanhede. Pela foto percebem o porque do nome da cache, o forno quase que passa despercebido com as figueiras ao pé dele.
A produção de cal foi de facto uma atividade com significativo impacto económico no município, ao ponto de este se ter tornado um dos mais importantes centros fornecedores de todo o norte de Portugal. Tirando partido dos meios de transporte existentes, inicialmente carros de bois, depois o caminho-de-ferro e mais tarde os veículos motorizados pesados, os industriais faziam chegar a cal branca de Cantanhede aos mais recônditos lugares do país.
Testemunho de uma época gloriosa na rentabilização dos recursos naturais locais, esta indústria extrativa e transformadora ainda em atividade, embora reduzida a uma pequena expressão, é também um testemunho vivo de uma fase da história da indústria nacional.
Embora também utilizada em algumas práticas agrícolas, nomeadamente como fungicida na prevenção de certas pragas, a cal era usada essencialmente na construção civil, segundo os métodos construtivos muito utilizados na Gândara, na Bairrada e em outras regiões do país. O produto era – é – indispensável à produção de adobe de areia em que se erguia a tradicional casa gandaresa, habitação de arquitetura com reminiscências árabes e romanas, reconhecida pelas características da fachada principal, na maioria dos casos composta por uma sequência de janela, porta, janela e portão, este último de maiores dimensões para acesso ou passagem de animais ao pátio interior. Para além do adobe, nas paredes, nela eram utilizados outros materiais leves e pouco duradoiros, originários da região, como a madeira de pinho, a pedra calcária, apenas nas cantarias, mas a cal era também usada no embelezamento das fachadas, na caiação das paredes em branco ou com recurso a pigmentos de cor natural, habitualmente amarelos, azuis e ocres, ou ainda através da execução de simulações de pilastras, socos e sancas.
Tudo isto e muito mais pode ser conhecido com mais pormenor nos painéis de “Os Fornos de Cal no Concelho de Cantanhede”, que com acentuado pendor pedagógico aborda o percurso de um produto de indústria artesanal desde a sua origem, que começa com a extração do calcário das pedreiras das freguesias de Ançã, Portunhos, Outil e Cordinhã, e acaba na cozedura, processo longo (cerca de 72 horas), durante o qual 200 toneladas de pedra em aproximadamente cem toneladas de cal. Ao longo desse período de tempo são consumidas 240 toneladas de pó de cortiça e o forno atinge uma temperatura média de 900 a 1000 graus, condição indispensável para que a qualidade da cal seja considerada de primeira.
|