A Barca de Odemira, era pertença da Albergaria da Barca, como legado pio, de alguma viúva abastada, de acordo com o contexto religioso medieval. Era usual, nessa altura, legar em testamento fundos para resolver problemas do dia-a-dia das gentes locais. Em compensação, esperavam os beneméritos a contribuição das referidas populações para a salvação das suas almas, com orações pelas mesmas, que constituiriam o pagamento pela travessia.
Podemos descrever a Barca como um estrado que se movia, sobre as águas, através de um sistema de cabos – um grosso cabo de linho atravessava o rio de um lado ao outro, fixo aos marcos, um em cada margem. A este cabo estava presa a Barca, de modo a não ser arrastada pela corrente. A deslocação da Barca era feita através de dois outros cabos presos, que se puxavam quer da Barca, quer da margem, movimentando-a no sentido pretendido.
Marcos da Barra de Odemira – são os antigos marcos onde se seguravam os cabos da Barca de Odemira, que era usada para fazer a travessia do rio, desde o Séc. XVI até final do Séc. XIX
Os marcos, parte do sistema, estão ainda hoje visíveis, em ambas as margens. Inicialmente eram simples toros de madeira, fixados na terra mas, posteriormente, foram construídos em alvenaria, em época não precisa. Sabe-se, no entanto que, no Séc. XVIII foi comprado material para a reconstrução do marco da margem esquerda, que tinha sido derrubado.
Durante todo este tempo os utentes que aqui atravessassem o rio estavam dispensados de qualquer pagamento material, tendo apenas de rezar um Pai Nosso e uma Avé Maria, por alma da dita instituidora.
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