A Quinta do Esteiro Furado ou Quinta dos Ingleses como é também conhecida fica situada numa recatada propriedade agrícola à beira rio plantada na freguesia de Sarilhos Pequenos, pertencente ao Concelho da Moita. É uma quinta secular que tem fundação no Século XVII e resultou da unificação de outras duas propriedades, a Quinta do Brechão e a Quinta de Martim Afonso.
O solar terá sido edificado em data incerta entre 1718 e 1721. Embora seja uma propriedade civil, a sua traça lembra com facilidade uma quinta eclesiástica pela sua característica arquitectura.
A fachada é desprovida de elementos ornamentais, é eloquentemente desenhada e bem servida por escadarias e torreões que a completam e embelezam. Diz-se que existe uma Cruz de Santiago numa das torres.
No alçado poente tem no rés do chão uma galeria com colunas e uma escada que deu acesso em tempos anteriores a uma ampla varanda ladeada de duas torres.
As traseiras são singelamente traçadas, no rés do chão há mais uma galeria com uma boa série de colunas que mais se assemelha a um convento, dando acesso a áreas que seriam certamente de serviços.
Ao nível do primeiro andar, corpo principal da casa divide-se em duas partes abrindo espaço a um magnífico terraço que se adivinha ter uma vista desafogada sobre aquele postal ilustrado.
No alçado poente a traça assume um tom mais rural e novamente reforçando um cariz eclesiástico por uma torre que parece ter sido sineira.
Fazendo parte deste conjunto há uma capela dedicada à Santíssima Trindade, que foi ricamente decorada com painéis de azulejos policromados. Tem um pequeno coro alto que lhe dá uma tom ainda mais romântico e uma dimensão de pequena igreja.
Foi vandalizada durante os anos 90 do século passado e profanada em todos os sentidos. Ali foram perpetrados graves crimes de lesa património, tendo sido completamente espoliada de todo o seu interior, além da hedionda profanação de sepulturas.
O culto da capela é comummente e erradamente atribuído a S. Giraldo, por aqui estar sepultado um tal de Giraldo Huguens e sua mulher, falecidos em 1657, a quem é atribuído o epitáfio de “Instituidor desta irmandade”, uma vez mais reforçando as minhas suspeitas se nos lembrarmos que era permitido aos cavaleiros de Santiago serem casados (embora fosse aconselhado o celibato).
Esta quinta terá sido primitivamente uma propriedade clerical.
Segundo o testemunho de uma descendente da família que aqui habitou, esta quinta pertenceu à mesma linhagem desde cerca de 1800, o que antecede a extinção das ordens religiosas em 1834, ou se considerarmos uma possível margem de erro de uma longínqua memória familiar, podemos admitir a hipótese de ter sido mais uma propriedade vendida em hasta pública por essa ocasião.
O seu destino foi traçado por uma rifa, quando o último proprietário desta família a sorteou pela terceira vez... Um fim bastante inglório para tão nobre propriedade.
Mais tarde em 1908, Lord Bucknall e Carlos Creswell proprietários da Casa Comercial Creswel & Amp - Cª, firma corticeira da região, já possuíam uma fábrica e serração na quinta, tendo-a adquirido posteriormente e chegaram a utilizar a capela como armazém de lenha.
Pertence hoje a António Xavier de Lima e é mais uma da longa lista de monumentos que foram sendo deixados à sua sorte...
Informação retirada de: http://ruinarte.blogspot.pt/2010/05/quinta-do-esteiro-furado-ou-quinta-dos.html