Maria Olga de Moraes Sarmento da Silveira nasce em Setúbal, a 26 de Maio de 1881. Casou-se aos 16 anos, e foi residir para Paris, onde conviveu com o meio intelectual da Europa da época, criando relações de amizade com personalidades de relevo do mundo da arte, da música e da literatura.
Editou o primeiro livro, intitulado 'Problema Feminista', em 1906, a que se seguiram 'A Infanta D. Maria e a Corte Portuguesa', 'A Marquesa de Alorna' (com prefácio de Teófilo Braga), 'Mulheres Ilustres', 'Impressão de Viagem', 'La Patrie Brasilienne', 'Sa Magesté la Reine Amélie de Portugal' e 'Teófilo Braga'.
Ligada ao grupo de intelectuais portuguesas que no início do século XX lutou pelos direitos cívicos, legais e políticos das mulheres, que se encontravam relegadas na sociedade para um plano de inferioridade. Aderiu à Liga Portuguesa da Paz, fundando e tornando-se presidente da sua Secção Feminista em 1906. Proferiu, na Sociedade de Geografia de Lisboa, uma conferência sobre o "Problema Feminista". Tornou-se conferencista na defesa dos direitos das mulheres.
Apesar de ter ficado viúva aos 24 anos, não voltou a casar, mas manteve profundas amizades femininas, cujos nomes estão ligados ao nascimento da cultura lésbica em França. Durante mais de trinta anos foi companheira da Baronesa Hélène van Zuylen.
Falando sobre o papel da mulher na sociedade em 1911, a conferencista derrubou preconceitos ao exemplificar com grandes nomes a valorosa atuação das mulheres na produção intelectual e científica do período, e de tempos passados. Citando exemplos mostrou que “a mulher póde substituir o homem, em todos os ramos de sua actividade, havendo, portanto, equiparação de capacidade, apesar do homem pretender, forçando a razão, pôr em plano inferior a capacidade moral e intellectual da mulher.”
Eloquentemente explicou as demandas femininas por igualdade civis e sociais preocupando-se em corrigir o pensamento errado de que as feministas “pretendem inverter na família, o papel que lhes é destinado”. Ressaltou o importante papel da mulher na formação da psique infantil, tanto como mãe, quanto como educadora.
Defendendo a idéia de que a educação seria o primeiro passo para emancipação feminina, afirmou que “a mulher só necessita instruir-se e emancipar-se da sua ignorância, para poder collocar-se no mesmo nível do homem e tornar-lhe suave a existência na luta pela vida.” A educação possibilitaria, às mulheres, conquistar os meios para entrar no “regimen conjugal não como uma mendiga, mas como uma collaboradora do homem, prompta a auxilial-o na obra do trabalho e na vida dos affectos.”
Condecorada com a Legião de Honra e com as Ordens de Cristo e de Santiago de Espada, morre em 1948, deixando à Câmara Municipal de Setúbal a sua biblioteca pessoal e coleção de arte, vasta colecção de autógrafos de personalidades de relevo, legado que faz parte do acervo do Museu de Setúbal/Convento de Jesus.