Alvor possui três edifícios de planta centralizada, actualmente transformados em pequenas capelas, cuja função e cronologia iniciais remontam à época islâmica.
O melhor conservado é o morábito de São Pedro, localizado à entrada do cemitério da vila, numa das zonas mais elevadas da região e a nascente do núcleo principal urbano. A nível planimétrico, possui planta quadrangular, "encimada por calote esférica. Na parede virada a norte, observa-se uma semi-cúpula que dá ao interior um aspecto de altar-mor que, supostamente, seria o mirhab islâmico" (FIGUEIREDO, 2000, p.25). Ainda no exterior, o monumento caracteriza-se por uma silhueta quadrangular, com fachadas de iguais dimensões, encimadas uniformemente por quatro pináculos, sobre os cunhais, elementos que conferem uma certa monumentalidade e maior altura ao conjunto. No interior, o espaço quadrado é abobadado por uma cúpula, mas a principal característica é a ausência de decoração, própria de um espaço austero e de meditação interior.
Muito se tem debatido sobre a datação original destes morábitos. A hipótese mais viável é a de estarmos perante obras do período islâmico, semelhantes a pequenos santuários e oratórios do Norte de África, com função religiosa e, eventualmente, funerária, na medida em que alguns foram convertidos em locais de tumulação e de adoração de homens santos do Islão (FIGUEIREDO, 2000, p.27). Há, no entanto, quem aponte para uma cronologia quinhentista destes conjuntos, ligada muito provavelmente à sobrevivência das comunidades mudéjares. Infelizmente, a inexistência de outras estruturas análogas no nosso país, inviabiliza qualquer conclusão mais segura, sendo imprescindível a realização de escavações arqueológicas junto a estes monumentos, com vista à sua contextualização histórico-cultural.
PAF