A Serra do Marão é uma formação montanhosa de origem xistosa e granítica, de formas abruptas, que atinge no seu ponto mais alto - a Senhora da Serra - os 1 415 metros. Distribuída pelo território dos distritos do Porto e Vila Real, faz a separação entre o Douro Litoral e Trás-os-Montes e constituíu, durante muitos anos, uma barreira difícil de transpor e que muito condicionou a mobilidade dos que moravam 'para lá do Marão' (Trás-os-Montes). Hoje, é rasgada de poente para nascente pelo IP4 (Itinerário Principal nr. 4) que a aproxima do litoral português e de Espanha.
Integrando a cadeia montanhosa que se prolonga pelo Alvão, a Serra do Marão tem uma área aproximada de 20.000 hectares, 75% dos quais contitui terreno baldio que se espalha pelos concelhos de Amarante, Baião, Vila Real, Mesão Frio, Santa Marta de Penaguião e Régua.
'Bem alto é o Marão e não dá palha nem grão', diz o aforismo popular. Não dá, de facto, sobretudo a partir da quota dos 300 metros, mas a serra apresentou já enorme riqueza florestal, em boa parte dizimada por um violento incêndio ocorrido em Setembro de 1985. Ao todo, arderam então 3.000 hectares de floresta e mato (uma área equivalente a 300 campos de futebol!).
O que ardeu na serra do Marão foram, sobretudo, grandes manchas de pinheiro bravo, resultantes da florestação efetuada a partir dos anos 30, muitas vezes de 'armas em punho', para quebrar a resistência das populações serranas que receavam pela perda das pastagens. Nessa altura a florestação era feita por sementeira, gastando-se 50 quilos de penisco por hectare, de que resultavam manchas espessas e bastas, mas muito expostas em caso de incêndio pela matéria combustível que forneciam. A opção, quase única, pelo pinheiro, sendo considerada boa em termos económicos por causa da madeira e porque se trata de uma espécie pouco exigente quanto à natureza dos solos, e muito resistente aos ventos, revelar-se-ia desajustada noutros aspetos.
Depois do incêndio de Setembro de 1985, e quando se pensou na reflorestação da serra, logo se concluíu pela necessidade de adoção de uma filosofia diferente, numa tentativa de levar a floresta a criar as suas próprias defesas.
O renascer do Marão começou em 1988/89, com a implementação do Plano de Ação Florestal, no qual foram gastos de 355.000 contos, tendo como área de intervenção 2.694 hectares, para onde foram elaborados 6 projetos distintos, o de menor dimensão com 143 hectares e o maior com 798 hectares. Os projetos para os cerca de 3.000 hectares a florestar tiveram sempre em conta a existência de linhas de água e toda a ação assentou nas respetivas bacias hidrográficas, donde se partiu, decorrendo os trabalhos entre as quotas dos 400 e dos 800 metros. Para baixo existem as aldeias serranas e, para cima, as chamadas zonas de proteção onde se faz a gestão dos matos e existem precipitações ocultas que propiciam excelentes pastagens de verão. É também nas quotas mais altas que se procede à criação de 'mosaicos' com fogos controlados de inverno.
Em 1993, a serra do Marão tinha já recebido 4,5 milhões de novas árvores segundo conceções inovadoras e depois de ponderados fatores como a natureza dos solos, a altitude ou a penetração dos ventos. A maioria delas são folhosas, como o carvalho e o castanheiro, embora as resinosas, casos dos pinheiros bravo ou larício (conforme a altitude) tenham também uma presença significativa.
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