Na Zona de Caça Municipal de Alvaiázere, o caçador pode encontrar a simbiose perfeita entre o prazer que tem em levar a cabo a actividade venatória, e o de contemplação da Natureza, naquele que é um dos habitas faunísticos e florísticos mais ricos, de toda a região centro.
Do ponto de vista da fauna cinegética existente, no que concerne à caça menor sedentária, há a destacar a perdiz-vermelha (Alectoris rufa). A diversidade de ecossistemas existentes na zona de caça confere diversas características comportamentais, e até fenotípicas, aos indivíduos que neles habitam. Quem caça em Alvaiázere por certo já admirou, depois de calcorrear as vertentes da Serra homónima da vila que se ergue a seus pés, aquela perdiz sagaz, de voo rápido e de grande rusticidade, que surpreende o próprio perseguidor.
Por contraste, a perdiz das várzeas… De maior dimensão que a anterior, habituada à fuga por entre olivais seculares e vinhas em encostas suaves e ensolaradas. Um denominador entre as duas: a bravura das aves, cuja captura constitui um verdadeiro troféu para o caçador, não só pela beleza daquela que é a rainha da caça menor, como pela recompensa do esforço encetado.
O coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus algirus), continua a ser a espécie sedentária que ocorre em maior densidade. Pode ser encontrado em diversos ecossistemas: nas orlas e interior das vastas manchas de pinheiro-bravo (Pinus pinaster) e carvalho-cerquinho (Quercus faginea); acoitado junto dos lapiás e outras formações rochosas típicas da paisagem cársica, característica das serrarias calcárias da região, colonizadas por sargaços (Cistus salvifolius); junto aos centenários muros de pedra, que delimitam as pequenas parcelas que caracterizam a estrutura fundiária da região; nos balseiros de amoreiras-silvestres (Rubus sp.) que abundam nos pousios.
Chegado Dezembro, o tordo é rei! Esta espécie, que reúne cada vez mais adeptos da sua caça, escolhe a Zona de Caça Municipal de Alvaiázere, para repousar do esforço migratório e aí invernar. Tordo-comum, tordo-zornal, tordo-ruivo (Turdus sp.) e, inclusivamente, a tordeia, podem proporcionar divertidas jornadas e memoráveis quadros de caça.
Nos últimos anos tem se denotado o aumento de uma muito nobre e distinta visitante. Fala-se da galinhola (Scolopax rusticola), a dama dos bosques. Podemos encontrá-la nos bosques de folhosas, nas orlas destes ou de outros povoados florestais, e contemplar a beleza excepcional da sua caça, elevada pelo trabalho do fiel cão-de-parar que, a preceito, é fundamental na caça a esta espécie.
Os matos cerrados de carrasco (Quercus coccifera), azinheira (Quercus rotundifolia) - que nas serras assume a forma arbórea característica de cercal;, urze (Erica sp.), tojo (Ulex sp.), alecrim (Rosmarinus officinalis) e muitas outras espécies, constituem um habitat de refúgio de excelência para o javali (Sus scrofa). Segundo o relato de gentes desta terra, foi há cerca de 15/20 anos que esta espécie autóctone de Portugal Continental, mas há muito extinta da região, voltou a povoar o concelho de Alvaiázere, resultado de um acentuado crescimento populacional, reocupando, a pouco e pouco, e migrando a partir das regiões do interior, o território que antes havia habitado. As montarias do concelho constituem, há anos a esta parte, uma referência no calendário monteiro de toda a zona centro.