«Caminho, caminho por esse vasto planalto
Como que isolado num silêncio profundo
E quase sozinho num hermínio tão alto
Parece-me ingressar já num outro mundo»
Manuel Francisco Duarte
Poeta Alvocense
Alvoco é verdadeiramente uma terra de mistério. Ao som da alvura das águas, deixemo-nos caminhar pelos típicos arruamentos de granito. Aí encontraremos o Museu de Arte Sacra, a Igreja Matriz, a vista magnífica da ponte do Couço Maria (EN 231), qual arco do triunfo sobre os esbeltos seixos da ribeira, a peculiar Casa-Museu, entre outros pontos de interesse.
Por vezes, não é logo que a magia de Alvoco nos abre os seus inefáveis portais de uma paisagem humana e natural.
Mas se nos conectarmos com esse mistério insondável que liga o vale à montanha, será difícil não nos fascinarmos pelas paisagens que os remotos caminhos dos pastores, paulatinamente, com o seu silêncio característico, vão abrindo numa infinidade de horizontes onde a majestade da montanha abençoada pelo azul celeste do céu, apresenta uma miríade de recantos mágicos sempre emoldurados pela magia panorâmica da Estrela.
Subir à montanha pelo vale de Alvoco é uma experiência inolvidável.
Caminhar pela montanha rejuvenesce-nos o corpo e alimenta-nos a alma.
Por isso, esta multi-cache que liga a montanha (trilho da Fonte da Pedra) ao núcleo museológico de arte sacra. Para o visitar, sugerimos o contacto com o Guardião da Aldeia, o Sr. João Belarmino, um poço de sabedoria serrana.
Neste núcleo museológico encontramos uma imagem de Nossa Srª do Rosário, em pedra de Ançã, provavelmente do século XV e proveniente da oficina coimbrã de João Afonso, discípulo de Gil Eanes, um dos maiores escultores da Batalha, adquirida cerca de 1440.
Mas já no século seguinte, depois da concessão do «foral novo» de D. Manuel, os moradores de Alvoco adquirem uma excepcional colecção estatuária que, ainda, hoje merece o espanto geral.
Trata-se de um conjunto de peças, todas em pedra de Ançã, constituído pelas imagens da Trindade, Espírito Santo (também chamado Trono da Graça), Santa Catarina, S. Pedro e Santo António, para além de um notável sacrário com a sua peanha, todas datadas da primeira metade do século XVI (Fernando Moura dá-lhe mais um século de existência). A estas peças deverá ainda juntar-se um retábulo de S. Pedro dos finais do século XVI ou mesmo do início do século XVII.
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