O provérbio “todos os caminhos vão dar a Roma” encontra um sentido lógico em Setúbal, num empedrado de um quilómetro e meio. A Estrada Romana do Viso ainda se mantém em quase perfeito estado de conservação mais de dois mil anos depois de ter sido construída.
Situada nos arredores de Setúbal, na localidade do Grelhal, este troço de estrada romana com cerca de 300 m atesta a importância que a região de Cetóbriga (Setúbal)tinha por altura da ocupação romana da Península, por aqui passar uma das mais importantes estradas da região.
Do Casal das Figueiras ao Grelhal, com a serra de S. Luís na linha do horizonte, o caminho, hoje palmilhado em passeios pedestres, resistiu à voragem do tempo e à passagem de muitos carros com pesadas mercadorias, velozes quadrigas e legiões de militares. A resistência da estrada, com uma largura de quatro metros e meio, resulta da forma como foi instalada. Os blocos de brecha da Arrábida e calcário, extraídos da zona, formam o piso, assente numa caixa com cerca de 80 centímetros de profundidade, enchida de pedras e terra. O resultado é uma notável obra da engenharia.
A cada sete metros, os romanos puseram blocos toscos de pedra, para marcação das distâncias, alguns deles ainda preservados, à semelhança de regueiros escavados no pavimento, junto de passagens de linha de água, com o fim de proteger a via.
A Estrada Romana do Viso, partindo de Cetóbriga (Setúbal), fazia parte da complexa rede viária da Lusitânia, com várias ligações para Sul, como Salácia (Alcácer do Sal) e Ébora (Évora), até Emerita (Mérida, Espanha), a capital daquela província. Para Norte, a estrada, passando por caminhos que actualmente estão, nalguns troços, cobertos pela Estrada Nacional 10, terminava em Equabona (Coina), de onde, por via fluvial, se atingia Olisipo (Lisboa).
O empedrado assumia, assim, uma importância estratégica para o Império Romano, que criou redes viárias para exercer o domínio político, militar, administrativo e económico.
Hoje, a calçada é motivo de interesse histórico em caminhadas agradáveis e situa-se numa zona de pinhal. Depois de um grande período de desleixo, em que era usual acumular-se lixo, a partir do início da década de 90 passou a haver um maior cuidado, contribuíndo largamente a APPACDM na limpeza e conservação da estrada, onde se avistam bonitos panoramas.
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