K!nder: Procuro, indago, tateio tudo o que me rodeia. Preciso de a encontrar, de a voltar a sentir e de acalmar todos estes impulsos que tenho dentro de mim. À minha volta apenas sinto as paredes sujas, cheias de lama, de humidade e vários bichos que não quero ver. Puxo pelas minhas forças e grito por ajuda. A ajuda necessária para conseguir fazer com que ela repare em mim e me volte a salvar da minha perdição.
Enquanto vou procurando sinto uma dor e ouço os deuses gritarem-me que é escusado, não vale a pena e que nunca passarei dum mero estranho que se cruzou no seu caminho. Estas palavras abatem-me aos poucos e poucos a vontade, a coragem a segurança. Olho para trás e nada vejo, vinha tão perdido na minha embriaguez que nem me apercebi o quanto fundo penetrei nesta caverna. Após todo este tempo reparo que avancei tanto que já não tenho saída possível. Pela primeira vez sinto um sufoco, sinto que o ar já não é o mesmo, já não é suficiente e já não me agrada. As forças vão-me abandonando, as lágrimas saem, os soluços cortam a respiração. Chegou a minha hora, as esperanças abandonam-me, não tenho mais lugar neste mundo. Fecho os olhos uma última vez e vejo-a no meu ser, vejo a vida que poderia ter com ela. "Não! Espera!", grito eu. Tudo começa a desaparecer, cada vez a imagem é menos nítida e torna-se invisível. Desaparece o sonho. Sinto as lágrimas a esgotarem, o coração a secar.
Vejo agora tudo negro, ao longe observo um vulto branco a aproximar-se. É minha mãe que vem para me libertar e dar nova oportunidade. Os deuses tinham-me observado e tinham aprendido o sabor da compaixão. Tudo seria esquecido, todos os sentimentos retirados e estaria mais próximos dos deuses.
ACORDO, estranhamente sinto que falta algo. Não dou muita importância afinal antes de me deitar 52 horas tinham passado. Hoje é mais um dia e muitas mais aventuras terei de enfrentar.
THE END