Os
três moinhos
A CONSTRUÇÃO
DOS MOINHOS DE VENTO
Para
percebermos como se construía um moinho de vento, temos que nos
situar no fim da Idade Média, bem antes da industrialização, quando
muitos dos actuais princípios eram desconhecidos. Senão vejamos: o
papel era um bem raro; o sistema métrico, tal como hoje é usado,
não existia; o cimento era feito com outros materiais; os sistemas
construtivos eram outros e os materiais, obviamente também. Deste
modo, e condicionados por alguma incerteza, vamos abordar alguns
temas que estarão na base da construção dos moinhos, de modo a
poderem ser melhor entendidos e preservados. A construção de
moinhos de vento até aos séculos XVI/XVII era radicalmente
diferente da que hoje se pratica. Em termos práticos podemos
considerar que a forma associada aos moinhos de vento tal como os
conhecemos hoje, data do Séc. XVII, tendo as velas triangulares
sido introduzidas no Séc. XVIII. Sistemas tradicionais de moagem A
evolução dos sistemas de moagem está directamente ligada à evolução
tecnológica e ao domínio e utilização de variadas fontes de
energia. Assim, nos sistemas tradicionais de moagem começamos por
assistir à utilização da energia muscular (do homem ou dos
animais), depois da água (cursos de água e marés) e posteriormente,
do vento. Esta última fonte de energia é a utilizada pelos moinhos
de vento, os quais são caracterizados por uma construção básica que
alberga o sistema de moagem (as mós e os componentes relacionados)
e que suporta o sistema motor e de captação de vento (as varas e as
velas ou pás, etc.). Como a direcção do vento é variável, é
necessário que o sistema de captação do vento ou o moinho no seu
todo possam rodar em torno de um eixo de forma a permitir a
utilização eficiente da fonte de energia eólica.
Assim há:
*moinhos de poste rodando a maior parte da sua estrutura sobre um
poste
*moinhos de torre em que roda apenas o capelo
*moinhos giratórios em que o todo roda (sobre duas rodas) em torno
de um eixo excêntrico cravado no solo
*moinhos de armação ou do tipo americano De forma simples podemos
referir que o vento faz rodar as velas ou pás (quaisquer que sejam
as suas formas) que estão solidárias com um eixo de rotação e uma
roda dentada e é esta que, engrenando num carreto, faz girar a mó.
Engenho É de referir que a quase totalidade dos moinhos de vento
utilizam um eixo horizontal mas os exemplos de moinhos mais antigos
são de eixo vertical.
OPERAÇÃO
DOS MOINHOS DE VENTO
Na sucessão
de acontecimentos que fizeram, no fundo, a história do pão, temos,
portanto, a existência de toda uma série de engenhos que permitem,
inclusivamente, caracterizar as etapas da evolução humana (do ponto
de vista técnico, social e cultural). O moinho de vento, por
utilizar a energia eólica e sendo esta de orientação muito diversa,
possui um sistema que permite rodar o capelo de forma a poder
apanhar o vento, qualquer que seja a sua orientação. O
funcionamento Um dia de trabalho no moinho começa pela preparação
do cereal seguindo-se vários passos tais como: soltar as velas
abrindo o pano em função da intensidade do vento; aliviar a mó;
orientar o moinho para o vento através da rotação do sarilho; assim
que a orientação está correcta todo o sistema entra em movimento de
rotação; com isto o moleiro enche de cereal o tegão que através da
rotação faz vibrar o cadelo e que por sua vez leva os grãos a
deslizar do tegão para a mó. Esta faz o seu esmagamento e em função
do desenho das ranhuras das mós obriga a farinha a sair por um
único espaço preparado para tal. Muitos dos moinhos possuíam já um
sistema de limpeza da farinha de modo a lhe retirar o farelo - o
aviadouro. A última fase é a ensacagem da farinha. O cereal, depois
de preparado é concentrado num pequeno tegão em madeira que através
da vibração produzida pela mó leva à sua queda entre as mós (poiso
e andadeira) através do olho da andadeira ou movente, seu
esmagamento e consequente saída da farinha por acção da rotação e
forma de picagem das mós. Sobre a andadeira situa-se uma caixa de
dimensões médias, com o fundo em forma de tronco de pirâmide
invertida e aberta - a moega ou tegão -, onde se deita o grão que
vai ser moído. O grão corre da moega até ao olho da andadeira, por
onde cai (para ser triturado) por uma calha de madeira inclinada -
a quelha -; o regulador da quelha gradua a inclinação desta; e o
chamadouro do grão, apoiado sobre a mó, faz vibrar a quelha,
provocando e assegurando a saída e a queda ininterrupta do grão no
olho da mó. As duas mós, andadeira e poiso, são rodeadas por
taipais de tabuinhas - os cambeiros - abertos à frente, por onde
vai saindo a farinha que cai para um espaço do sobrado - o
tremonhado - protegido lateralmente por anteparos de madeira e à
frente por um pano - o panal. A mó andadeira é accionada pela
rotação do veio de ferro ligado e preso a ela por meio de uma peça
achatada e forte, também de ferro - a segurelha - que encaixa num
rasgo cavado à sua feição no centro da face inferior da mó e que
segue para baixo, passando pelo olho do poiso através de uma bucha
de madeira. O veio da mó, que tem na parte inferior o carreto,
termina também numa rela (chumaceira metálica com óleo para
lubrificar e arrefecer) cravada numa trave móvel de madeira - o
urreiro - apoiada num cachorro de um lado e do outro numa haste de
ferro - o aliviadouro - que sobe ao sobrado, ao lado das mós.
Regulando o aliviadouro por meio de um parafuso ele sobe ou desce
(e com ele o urreiro, a rela e o veio da mó) e gradua, desse modo,
a distância entre as duas mós e, consequentemente, a maior ou menor
finura da farinação. O paralelismo das duas mós, indispensável ao
seu bom funcionamento, obtém-se primordialmente por meio de calços
que se colocam entre a segurelha e o cavado da mó em que ela
encaixa. Para voltar ao vento o mastro e o velame estes moinhos
dispõem do sarilho que os tipifica e que é de facto um sarilho
vulgar, cujo eixo, montado entre o fechal de madeira e um pontalete
atravessado entre as duas troncas da armação, do lado da saída do
mastro, é accionado por quatro braços em cruz; a corda, amarrada
por uma das extremidades a um destes braços com a gassa, enrola ao
eixo do sarilho e passa por duas corretãs com gancho - os moitões -
uma das quais (munida de um dispositivo onde se fixa a outra
extremidade da corda) prende a um dos arganéis da parede, enquanto
que a outra se prende num dos arganéis do fechal de madeira. Dando
ao sarilho, a corda (enrolando no eixo) encurta e, firmada entre o
braço do sarilho e o arganel da parede, puxa o capelo, que roda até
os dois arganéis ficarem quase na mesma linha. Mudando então a
corretã que está no arganel da parede para o arganel a seguir,
também da parede, a rotação do capelo prossegue até ao ponto
conveniente.
Fonte: http://www.arteaovento.com.pt
A
cache
A cache é um
tupperware normal que contem os seguintes itens: logbook, lápis,
afia e alguns itens para troca