Pinhel, cidade plena de marcas da antiguidade, convida a uma
visita ao seu centro histórico, onde as próprias pedras das
muralhas, igrejas, capelas e casas parecem falar. Percorrendo as
ruas da zona histórica da Cidade que adoptou o nome
“Falcão”, aprecie as construções outrora ocupadas pelos
grandes senhores, mas também as existentes na antiga judiaria.
Inicie a sua visita no Posto de Turismo, instalado na antiga
Capela de Santa Rita, datada de 1640, e nas traseiras desta
refresque a vista ao olhar para a cisterna que deu de beber a
várias gerações. Numa subida em calçada, calcorreie caminhos da
história até ao alto do burgo, onde se ergue imponente a Igreja de
Santa Maria do Castelo, patrona da Cidade.
Outrora baluartes imprescindíveis na defesa do território, os
castelos são sentinelas do tempo que contam histórias. As suas
espessas paredes remetem-nos à contemplação e curiosidade de
séculos passados, de façanhas heróicas e gloriosas batalhas. Num
cenário de histórias e lendas ergue-se, altivo, o Castelo de
Pinhel.
Construído a uma cota de 650 metros de altitude, destaca-se na
paisagem, controlando uma vasta área de visibilidade, e faz parte
da história, cultura e identidade do território português.
Classificado como Monumento Nacional em 1950, o Castelo de Pinhel
assumiu papel importante na defesa das populações e na construção
da nacionalidade, em época de definição das mais antigas fronteiras
europeias.
As referências escritas sobre a povoação de Pinhel remontam ao
tempo do Conde D. Henrique de Borgonha, pai de D. Afonso Henriques,
no Séc. XI, no entanto, a sua origem é atribuída aos Vetões ou
Túrdulos, no ano de 500 a.C. Certo é que é na época medieval que
assume maior relevância no contexto nacional atendendo à
proximidade geográfica com o reino de Castela e Leão. Eixo de um
sistema fortificado, Pinhel mantém na praça de armas as duas torres
defensivas do Castelo – Menagem e Prisão – e uma
cintura muralhada articulada por seis torres e cinco portas.
Na Torre de Menagem sobressaem dois bonitos varandins com
mata-cães, uma elegante janela manuelina geminada com arcos e toros
entrelaçados, datada do Séc. XVI, e uma segunda janela de lintel
recto e moldura meia-coroa, a figura da gárgula gótica, um interior
abobadado rematado com esfera armilar, portas em arco quebrado,
seteiras cruciformes, ameias e merlões rectangulares.
Na torre sul, chamada Prisão, destaca-se, no seu interior, uma
coluna circular e, lá bem no alto, um Miradouro Virtual, o primeiro
da Europa, instalado em 2005 pelo Instituto Português do Património
Arquitectónico (IPPAR).
A utilização desta tecnologia do século XXI no Castelo de Pinhel
permite conhecer a história dos locais e cenários onde os
acontecimentos de épocas passadas se desenrolaram. Semelhante em
tamanho e aspecto aos tradicionais miradouros ópticos, o Miradouro
Virtual combina uma câmara digital, detectores de movimento, uma
base de dados de informação geográfica e um ecrã touchscreen de
grandes dimensões para aumentar a qualidade da experiência dos
visitantes sobre a paisagem visualizada, apresentando texto,
fotografias, filmes e simulações dinâmicas de contextos
históricos.
Traço marcante no rosto do território, este recinto fortificado
de Pinhel é uma obra de referência cultural pelo testemunho de
períodos históricos sucessivos. Visitá-lo é como regressar ao
início da nacionalidade, à época das lutas pela construção de um
país e de um povo. Nesta viagem ao interior das muralhas sinta as
pedras que marcam os primórdios da nacionalidade, envelhecidas por
séculos e séculos de história.