A Igreja de S. Pedro foi
edificada no século XVIII no lugar da antiga Capela de S. Martinho
que, por sua vez, já tinha sido ocupado pela Misericórdia de
Amarante. A obra foi encomendada a pedido da Irmandade de S. Pedro
e terá sido concluída em 1727, data inscrita na pedra de fecho do
arco que forma a ventana no pano da fachada principal.
A fachada barroca do templo é marcada pela sua verticalidade.
Divide-se em três pisos: no térreo, ao centro, rasga-se uma porta
de vão rectangular, sobrepujada por um frontão interrompido de
volutas, rematado por volumosa e agitada cartela, onde se inscreve
uma tiara e cruz pontifícia. O pórtico é enquadrado por duas
pilastras que o separam de dois corpos laterais, rematados, ao
nível do frontão, por uma pequena arcaria ostentando no seguimento
dos cunhais, à direita, a imagem de S. Pedro e, à esquerda, a de S.
Paulo. O piso intermédio e o superior, no eixo da porta, formam a
torre sineira, terminada por um parapeito de arcaria pequena com
pináculos nos ângulos. Este conjunto é coroado uma tiara e cruz
papal, em alusão ao seu padroeiro. O conjunto arquitectónico é
animada pelo contraste do granito da cantaria e o branco dos panos,
como é característico do barroco nortenho.
O interior do templo, de nave única e ampla, é animado pela beleza
e harmonia dos diversos trabalhos em talha, azulejo e pintura. O
rodapé das paredes reveste-se de azulejos amarelos e brancos e a
abóboda de berço da cobertura por estuques pintados, ornamentada
por temas de cariz vegetalista.
A nave apresenta dois altares laterais, à esquerda o de Nossa
Senhora Auxiliadora, onde podemos apreciar as imagens,
possivelmente seiscentistas, de S. Martinho e de S. Gonçalo, e à
direita o da Sagrada Família, que alberga as três imagens, de
grandes dimensões e também seiscentistas, do Menino Jesus, Nossa
Senhora e S. José. Ambos apresentam retábulos em talha policromada,
de ornatos ao gosto rocaille , em conjugação com uma estrutura
arquitectónica de pendor neoclássico.
Os púlpitos, em talha pintada a branco, decorada com motivos
fitomórficos dourados, são coroados com sanefas de idêntica
ornamentação.
Os retábulos colaterais de cantoneira em talha polícroma ostentam
superfícies planas pintadas imitando mármore e animadas por fios
dourados, sentindo-se aqui também a conjugação de dois estilos. O
altar colateral direito é de invocação a Nossa Senhora da Conceição
e o da esquerda alberga uma imagem de Cristo na Cruz, em madeira
policromada, datável do século XVII.
Na capela-mor, o rodapé é igualmente forrado a azulejos
seiscentistas e a cobertura é formada por uma abóbada em pedra
apainelada, encerrando pinturas da primeira metade de setecentos. O
retábulo-mor foi desenhada por Miguel Francisco da Silva em meados
do século XVIII, tendo tido como entalhador o portuense José da
Fonseca Lima, mais tarde substituído pelo mestre de Braga, Jacinto
da Silva, que o concluiu. É um retábulo, profusamente decorado por
salientes volutas e folhas de acanto. Lateralmente, apresenta dois
nichos que encerram as imagens de S. Pedro, à direita, e de S.
Paulo, à esquerda, ambas de madeira policromada. Axialmente, no
remate, mostra em relevo as chaves de S. Pedro e a tiara papal. Na
parte inferior do trono ostenta o sacrário, também ele fortemente
decorado, onde se realça a representação de uma custódia.
Existem ainda nas paredes da ousia mais dois retábulos em
baixo-relevo, onde se representa, do lado do Evangelho, S. Pedro a
ser libertado das grilhetas por um anjo, do lado oposto da
epístola, S. Paulo a ser derrubado do cavalo, durante a perseguição
aos cristãos na estrada de Damasco.
Notável é o tecto da sacristia de madeira, em tom natural e todo
entalhado. É uma peça dos finais do século XVII, formada por vinte
e cinco quadrados com florões nos cruzamentos. De relevo pela sua
qualidade é também a moldura em talha dourada, que encerra a
pintura de Cristo na Cruz exposta também na sacristia.
|