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Pão de Ló de Margaride (Felgueiras) Multi-cache

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Kelinha Jevas: Devido a circunstâncias da vida e ausência da cidade de Felgueiras vou ter de arquivar a cache.
Peço desculpa a quem não respondi mas tenho andado um pouco afastada do mundo do geocaching.

Kelinha Jevas

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Hidden : 8/31/2008
Difficulty:
1.5 out of 5
Terrain:
1.5 out of 5

Size: Size:   micro (micro)

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Geocache Description:

A minha 1ª cache, espero que gostem.

História do Pão-de-ló de Margaride

A freguesia de Margaride, mencionada nas inquirições de 1258, com a designação de vila de Margaride, pertence ao concelho de Felgueiras e ao distrito do Porto. A povoação de Margaride foi elevada á categoria de vila de Felgueiras, por carta de D. Maria II, datada a Março de 1846.
É na vila de Felgueiras, sede do concelho e comarca do mesmo nome, atravessada por estradas, que se dirigem para Guimarães, Fafe, Amarante e Lousada, que se fabrica o afamado pão-de-ló de Margaride, cuja história vou resumir, a partir de algumas informações encontradas.

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Porque se chama pão-de-ló ou pão leve? Quem foi o seu primeiro fabricante? Em que ano se começou a fabricar em Margaride? São perguntas que não se sabe responder.
Roquete, no seu dicionário impresso em Paris, designa pão-de-ló como sendo uma massa de farinha, açúcar e ovos.
Dr. Frei Domingos Vieira, no dicionário de português, exprimiu-se assim: ló, tela mui fina e rara.
Pão-de-ló, massa de farinha açúcar e ovos que fica mui fofa depois de ir ao forno, onde se coze, e talvez se torra, para ficar com mais dureza.
Ló, termo de marinha. Metade do navio para cada um dos seus lados.
Meter de ló, barlaventar, chegar a proa para o vento, ir pela bolina.
Açúcar de ló, o contrário de arribar. Termo de náutica. A parte onde as velas vão amarradas, por isso quando o navio orça se diz: vem de ló. Quando querem que ele orce diz-se ao homem do leme: metem o homem do ló.
Ló, advérbio antiquado. Lá, aí, naquele ou nesse lugar.

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Chamar-se-ia pão-de-ló ao pão leve, por se assemelhar a uma tela mui fina e rara? Dir-se-ia: pão leve de ló. Assim se substituiria a designação de pão leve, por pão-de-ló.

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Uma mulher, de nome Clara Maria, principiou a fabricar o pão-de-ló, ou pão leve, como foi e é, ainda hoje conhecido, numa casa de telha e colmo, no sítio aonde estavam umas casas que pertenceram a umas senhoras, chamadas Almeidas, da família de Manuel de Almeida e Justina, do Tanque. O terreno era foreiro á casa de Fijô, da freguesia de Margaride.
Com a referida Clara Maria, que se supõe ser a pessoa que, com este nome faleceu no lugar do Tanque, em 27 de Novembro de 1831, no estado de viúva, vivia Antónia Filix.

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Leonor Rosa, que se dizia ser filha natural dum marinheiro graduado, irmão de D. Albina Máxima Pimentel, senhora que possuía umas casas, que foram compradas por Joaquim Luiz da Silva, nos sítios das quais edificou um grande prédio, que pertence hoje a José Carlos Lickfold, na vila de Felgueiras, foi enjeitada na roda do Porto. Do seu boletim, passado pela Real Administração dos Expostos do Porto, assinado pelo secretário Camelo, em 27 de Fevereiro de 1827, se vê que Leonor Rosa, exposta nº 958, com registo no livro 204, a folhas 302, foi entregue á ama Clara Maria, mulher de António Pinto do lugar da Corredoura. O primeiro pagamento, de 5.000 reis, á ama foi feito em 1827, acabando a criação da Leonor em 1831, que antes de ir para a companhia de Clara esteve em casa de D. Albina Pimentel.
Morta a Clara, Antónia Filix, que com ela vivia, continuou a fabricar pão-de-ló, tendo em sua companhia Leonor Rosa. Antónia Filix tinha com criados um mudo, natural da freguesia de Margaride e uma mulata. O mudo era quem batia a massa do pão leve, com dois bocados de cana, num alguidar de barro. A Filix, chamou para casa uma mestra para ensinar Leonor a ler, escrever e bordar.
Leonor esteve em casa de Filix até ao 16 anos, tendo sido raptada por José Joaquim de Sousa, conhecido por José Marchante e por José Ló da Lixa, e que veio para Margaride como escrevente de Joaquim Ribeiro, secretário da Administração do concelho de Felgueiras. José Joaquim de Sousa era filho de António Joaquim de Sousa e de Ana Joaquina, da Corredoura. Casou o Sousa com a Leonor Rosa, na freguesia de Margaride, recebendo-os o pároco Luiz António de Sousa, que era da família da casa do Curral.
Depois do casamento, Leonor foi fabricar pão-de-ló para a Lixa.
Quando Leonor se casou, ficou como criada de Antónia Filix, Mariana, natural a freguesia de Caramos, filha de José Ferreira e de Mariana de Sousa, que então teria 15 anos de idade. A Filix, porque a casa em que morava se vendeu, mudou-se para a casa que fora do Sabido e que lhe fora deixada, pela Clara, sua antiga patroa. Esta casa ainda existe em frente a Belém. É térrea e de telha e pertenceu ás senhoras Ferreiras.
Por morte da Filix, que deixou como herdeiro José Viana, ficou a criada Mariana, que recebeu os móveis e a louça, a fabricar o pão-de-ló, na mesma casa. Teve a Mariana vários filhos naturais, entre eles Delfina e Leonor, dos quais foram padrinhos Leonor Rosa e o marido.
No assento do nascimento de Delfina, em 1855, é sua mãe a Mariana, indicada como doceira. Mariana faleceu em casa de Francisco Carvalho, no lugar da Corredoura, em 1860, com a idade de 35 anos, doceira de profissão, e dela ficou herdeira a irmã Josefa. Uma criada que foi da Mariana, de nome Joaquina, era quem amassava o pão-de-ló que vendia Justina Adelaide Leite de Freitas, da vila de Felgueiras, falecida á mais de 40 anos.

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Em Março de 1843, como se vê num assento de nascimento de José, filho de José Teixeira e de Bebiana, da Corredoura, nome este dado ao Largo em frente aos Paços do Concelho. É lugar que já vem mencionado nas inquirições de 1258: in Coredoira jacent j leiras…
A primeira fábrica de pão-de-ló, ou pão leve, de Leonor Rosa, foi montada numa casa, situada no lugar do Tanque, na povoação de Margaride, pois então ainda não tinha categoria de vila, casa essa que foi demolida, aonde está hoje uma casa grande de dois andares, que pertenceu a Bernardino José da Cunha, negociante durante muitos anos e da qual são possuidoras suas filhas D. Júlia e D. Deolinda da Cunha Ferreira Leite.
Nessa casa do Tanque morava Leonor Rosa em Abril de 1848, ano em que juntamente com o marido Joaquim de Sousa, foram padrinhos duma criança, de nome Leonor, filha de António Lopes e de Emília Ferreira, da rua de Traz, como se vê no respectivo assento de nascimento.
Dessa casa, no lugar do Tanque, mudou-se a Leonor para umas casas, situadas no largo da Corredoura, que eram da família dos Costas Guimarães e que, mais tarde, foram expropriadas, pela Câmara Municipal, para alargamento do largo.
Dessa referida casa, no lugar da Corredoura, mudou-se Leonor para outra, situada no mesmo lugar e que também foi expropriada. Nela casou Leonor, segunda vez (pois tinha morrido o marido José de Sousa), com João Ribeiro, oficial da Câmara Municipal, filho de António Ribeiro, meirinho, e de Ana da Costa, padeiras. João Ribeiro faleceu em Agosto de 1872, sem descendentes, instituindo a mulher como herdeira. Da herança consistente em bens móveis e imóveis, no valor de 356.738 reis, foi paga a contribuição ao Estado, em Setembro de 1874.
Dessa casa do segundo marido mudou-se Leonor Rosa para outra, no sítio onde está instalada actualmente a fábrica do pão de ló de Margaride de Leonor Rosa da Silva, Sucessor, casa que foi comprada por António Pinto Ferreira e mulher Bernardina Pereira, em 20 de Janeiro de 1875.

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Leonor Rosa, para que Joaquim Luiz da Silva casasse, com Delfina Ferreira Viana, solteira, que era criada da Leonor, doou ao Joaquim Luiz, em 14 de Janeiro de 1875, a casa que habitava, foreira a José Pinto de Sousa Vasconcelos, a qual era contigua ás casas de Delfina Ribeira e irmã Umbelina. Quer o Joaquim Luiz casasse, quer não, ficava obrigado a sustentar, vestir e calçar a doadora, a tê-la na sua companhia, a fazer-lhe o enterro e a dar 500.000 reis a José Martins da Cunha Sampaio.
A Leonor achou depois preferível tomar o lugar á criada e casou-se a terceira vez com Joaquim Luiz da Silva, em 10 de Outubro de 1876, continuando a Delfina como criada, a qual depois casou com António Joaquim de Oliveira.

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Delfina Ribeiro, irmã de João Ribeiro, segundo marido de Leonor, faleceu em Agosto de 1876 e deixou como herdeira sua irmã Umbelina de Jesus Ribeiro. Esta faleceu, no estado de solteira, em Outubro de 1891 e deixou Leonor Rosa da Silva e o marido, Joaquim Luiz da Silva, como herdeiros. Da herança faziam parte umas casas que ficavam por detrás da casa onde morava Leonor.

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Leonor Rosa da Silva faleceu a 9 de Julho de 1898, sem descendentes e instituiu como herdeiro o seu terceiro marido Joaquim Luiz da Silva, por testamento, datado de 12 de Julho de 1877. Joaquim Luiz da Silva, faleceu em Junho de 1909, sem descendentes e deixou testamento, no qual declara como herdeiro, seu irmão José Maria Luiz da Silva, falecido em 1940, sendo seu filho, José Maria Lickfold da Silva, o actual proprietário da Fábrica do Pão de Ló de Margaride – Leonor Rosa da Silva, Sucr.

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Como já vimos, o fabrico de pão-de-ló ou pão leve, em Margaride, data de há mais de século e meio, pelo que se sabe. O da casa Leonor data de há um século.
Leonor Rosa, durante mais de 50 anos de trabalho porfiado e inteligente, conseguiu tornar conhecido em Portugal e no Brasil o seu pão de ló de Margaride, cujo nome é hoje bem persistentemente cobiçado.
Por carta particular, timbrada com as armas de Suas Altezas Reais os Duques de Bragança, data do Paço de Belém, em 5 de Dezembro de 1888, e assinada pelo conde de São Mamede, foi informada Leonor Rosa da Silva, de que lhe foram concedidas as honras de fornecedora da Real e Ducal Casa de Bragança, podendo usar as armas ducais, conforme o modelo que está na Casa. As armas têm a encimá-las uma coroa ducal e, por timbre, um dragão.
Por alvará do rei D. Carlos, datado de 22 de Abril de 1893, dirigido a António de Melo, marquês de Ficalho, par do reino, mordomo-mor do rei, atentas as circunstâncias que concorrem em Leonor Rosa da Silva, com estabelecimento de confeitaria, na vila de Margaride, concelho de Felgueiras, foi feita mercê de a nomear fornecedora da Casa Real, dos artigos do seu comércio, gozando de todas as honras e prerrogativas que lhe competirem e podendo com este título colocar as Armas Reais Portuguesas no frontespício do seu estabelecimento.
O alvará foi assentado no livro de matrícula dos moradores da Casa Real, a fls. 65, do livro 9, em 31 de Maio de 1893, e pagou de selo 19.500 reis. Também foi registado a fls. 64, do livro 8, de cartas e alvarás da secretaria da mordomia-mor da Casa Real.
Em 20 de Maio de 1905, pela 3ª repartição (Propriedade Industrial) da Direcção Geral de Comércio e Indústria, do Ministério das Obras Públicas, Comércio e Indústria, foi passado título de registo de recompensa (nº geral 315), «Fornecedora da Casa Real», confirmada pela mordomia-mor da Casa Real, a Joaquim Luiz da Silva, sucessor de Leonor Rosa da Silva, estabelecido em Felgueiras, de profissão doceiro, pelos seus produtos (doces).
Em virtude das autorizações dadas pelo monarca português e pela Casa de Bragança, viam-se em tempo, na frente da casa da fábrica de pão de ló de Leonor Rosa da Silva, as armas reais portuguesas e as da Casa de Bragança, que ainda hoje são usadas no carimbo com que a firma autentica os seus produtos.

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Leonor Rosa da Silva, Sucessor, possui o exclusivo das seguintes marcas de registo e propriedade industrial:

Nº 5.153 – Fábrica de pão de ló de Margaride.
Nº 7.590 – Tít. de reg. da marca – Classe nº 66.
Nº 1.885 – Leonor Rosa da Silva, Sucessor.
Nº 36.600 – Pão de ló de Margaride – Classe nº 66.
Nº 40.361 – Pão de ló «Tipo Margaride» - Classe nº 66.
Nº 40.206 – Pão leve de Margaride – Classe nº 66.
Nº 36.596 – Margaride – Classe nº 65.
Nº 36.597 – Margaride – Classe nº 66.
Nº 36.598 – Leonor – Classe nº 65.
Nº 36.599 – Leonor – Classe nº 66.
Nº 40.363 – Leve – Classe nº 65.
Nº 40.362 – Leve – Classe nº 66.
Nº 71.023 – Pão de ló Leonor.
Nº 73.341 – Pão de ló Margaridense.
Nº 211 – Título de registo da Insígnia.
Nº 133.206 – Título de registo da Marca.

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Na sentença de 23 de Abril de 1935, lavrada pelo Juiz de Direito da 8ª Vara Cível de Lisboa, ficou consignado que enquanto as marcas nº 36.600 e 36.597 Pão de ló de Margaride e Margaride estiverem em vigor ou de pé, elas gozam da protecção que a lei lhes concede e ninguém pode usar os mesmos nomes ou designações em produto da mesma classe.
Por acórdão da Relação do Porto, de 4 de Novembro de 1939, que não foi revogado pelo acórdão do Supremo Tribunal de Justiça, de 26 de Abril de 1940, também foi determinado que enquanto o registo da marca do Pão de ló Margaride não for anulado tem de ser respeitado e produzir todos os efeitos.
A sentença e os acórdãos foram publicados na revista dos Tribunais do Porto, 58º ano, nº 1.376, de 30 de Abril de 1940.

Para a cache:
no 1º ponto descobrir:
A = nº de personagens que se pode ver no topo do edifício?
B = Data inscrita na pedra do prédio?

Cache Final em: N41º 22.0(A+17) W008º 12.(B-1764)

Por não ter sido possível colocar a cache perto da casa originária do Pão de Ló, a mesma envolve uma pequena caminhada até ao local final. Desfrutem.

Obrigado pela vossa visita.

Additional Hints (Decrypt)

Noençn b Avpbynh r rapbageneáf b grh grfbheb... Phvqnqb pbz bf zvebarf...

Decryption Key

A|B|C|D|E|F|G|H|I|J|K|L|M
-------------------------
N|O|P|Q|R|S|T|U|V|W|X|Y|Z

(letter above equals below, and vice versa)