GEOLOGIA
A paisagem da região é reflexo da
tectónica e da erosão que actuaram nos diferentes tipos de
rocha ao longo de pelo menos 300 Milhões de anos. A Geologia e
Geomorfologia condicionam as vias de comunicação e desempenham
um papel importante na fixação humana e no aparecimento dos
núcleos populacionais. O relevo actual resulta da dinâmica do
planeta Terra e em último caso das actividades humanas.
No que respeita ao clima, a região
apresenta um clima húmido e frio típico de regiões montanhosas.
Sob o ponto de vista geológico,
predominam xistos e grauvaques (do Câmbrico e Pré-Câmbrico) e
granitos, sendo também possível observar corneanas (rochas que
sofreram intenso metamorfismo de contacto) e filões de quartzo.
Devido às caracteristicas
geológicas, topográficas e climáticas esta região apresenta uma
agricultura de minifúndio.
A região da Serra de Montemuro tem
paisagens deslumbrantes observando-se importante potrimónio
arquitetónico e arqueológico, marcas da utilização dos recursos
naturais que o tempo não apagou, e o Homem tenta preservar.
A vertente sul da Serra de
Montemuro vai até à altitude de 1200m é essencialmente constituída
por xisto. Nomeadamente são xistos cinzentos - amarelados ou
negros, com biotite, às vezes com clorite. As camadas têm direcção
50º e inclinam para nordeste com ângulos variáveis de 65º, podendo
mesmo atingir a vertical.
ARQUEOLOGIA
Nas Portas de Montemuro observam-se
os restos existentes de uma muralha de defesa - O MURO - dando
assim nome a esta serra. Esta muralha localiza-se no ponto
mais alto da serra, criando assim as melhores condições para
defender a passagem que dá acesso a esta região, desde o rio
Douro a norte e o rio Mondego a sul. Junto às portas
encontramos uma pequena capela cercada - capela de nossa
Senhora do Amparo.
O recinto muralhado teria sido
construído por povos proto-históricos e utilizado também na época
de ocupação romana. As Portas de Montemuro abrangem a divisão entre
os Concelhos de Cinfães e Castro Daire.
Existem hoje vestígios dispersos de
muralha de traçado presumivelmente circular na cota mais elevada da
serra e de outra de maior perímetro em cota inferior, de traçado
poligonal muito irregular.
TRANSUMÂNCIA
Desde tempos remotos que se
verificam deslocações sazonais de gado na Europa Mediterrânea. A
este movimento alternativo e periódico dos rebanhos entre
duasregiões oroclimáticas distintas, é designado por
transumância.
A uma fase primitiva de nomadismo,
caracterizada por deslocações que arrastavam consigo homens,
animais e toda a comunidade, sucedeu uma outra, mais racional e
organizada que é uma forma de assegurar a alimentação dos
animais e de garantir os rendimentos numa altura do ano em que os
criadores não dispunham de recursos, face à escassez de pastagens,
comoconsequência dos rigores do clima.
No nosso território, dois tipos de
transumância: a ascendente ou de Verão e a descendente ou de
Inverno. Do primeiro tipo são exemplos as deslocações de gados
de algumas aldeias dos concelhos de Seia, Manteigas e Covilhã
para as zonas mais altas da Serra da Estrela; as deslocações
de aldeias do planalto beirão dos concelhos de Oliveira do
Hospital, Tábua, Arganil, Nelas, Seia, Gouveia e Mangualde
para alguns baldios serranos dos concelhos de Seia e Gouveia;
e as deslocações de vários daqueles concelhos para a Serra do
Montemuro. Da transumância de Inverno, salienta-se a ida de
ovelhas e cabras da Serra da Estrela para o “campo” de Idanha,
para as terras baixas do Alentejo, para os “Camposde Ourique”,
para o Baixo Mondego e para a região do Alto Douro.
A transumância de ovinos no nosso
país, embora em decadência desde o liberalismo, persistiu até
há muito pouco tempo. No ano de 1999 deu-se a derradeira ida
transumante de ovinos à Serra do Montemuro. Era já então conhecida
como “A Última Rota de Transumância”. Entre os dias de São João (24
de Junho) e de São Pedro (29 de Junho), em dia previamente
combinado, dava-se na povoação de Barbeita, freguesia de Rio de
Loba, nas imediações de Viseu, o ponto de encontro de animais
provenientes de alguns concelhos do Planalto Beirão e que iam
integrar o rebanho transumante. Acontecia, assim, na povoação de
Barbeita, depois de um dia de confraternização amiga entre
pastores, criadores de gado, familiares e amigos, que se dava a
ordem de partida para uma jornada que levaria quatro longos dias
até à zona da Cruz do Rossão, em pleno Montemuro. Esta
rota manteve-se praticamente inalterada desde tempos
imemoriais.
O percurso pelo qual transitaram os
rebanhos transumantes em direcção ao Montemuro, necessita de
manutenção e recuperação de caminhos, pontes e outros locais de
travessia de cursos de água, vedações, muros e abrigos, mas ainda é
possível ver e percurrer certos troços.
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