Eis que o Rei decide mandar construir uma muralha, e partilha
um tesouro com quem mais gosta. Nos entretantos, convida os mais
curiosos a dar uma "vista de olhos" aos retalhos de ouro que se
encontram mesmo ao lado da torre onde o mesmo se encontra a
proteger o seu mundo...
E diz a história:
Muralha Fernandina
A muralha Fernandina veio substituir a antiga cerca
alto-medieval, que no século XIV se mostrava demasiado pequena face
ao desenvolvimento da cidade. E assim determinou o Rei D. Afonso IV
em 1336, a construção de uma nova muralha. Porém, esta só ficaria
concluída cerca de 1376, já no reinado de D. Fernando, daí o nome.
Actualmente, encontram-se apenas à vista o pano de Santa Clara -
restaurado nos anos 20 - e o trecho de S. João Novo.
O traçado da Muralha começava no Postigo do Carvalho, que se
chamou de Santo António do Penedo, em honra do Santo da Hermida que
lhe ficava próximo, e mais tarde Postigo do Sol, quando foi
reconstruído com maior imponência pelo corregedor João de Almada e
Melo, em 1774. Seguia pelo local onde se encontra o Governo Civil e
o Teatro S. João, passando depois à Rua de Cimo de Vila, onde
existia uma outra Porta, a de Cimo de Vila. Continuava em direcção
ao Sul pela Calçada de Santa Teresa e Viela da Madeira até à Porta
dos Carros, junto à Igreja dos Congregados. Esta Porta veio
substituir, em 1551, o Postigo aí existente, construído por Ordem
Régia de D. João I, em 1409. Esta Porta, demolida em 1827, tinha em
ambos os lados duas torres.
“A muralha continuava em linha recta ao longo do extinto
Convento dos Lóios, actual edifício das Cardosas. Aqui estava a
Porta de Santo Elói, demolida por acordo entre os padres Lóios e o
Senado da Câmara para alargamento do Largo dos Lóios. Seguia pela
calçada dos Clérigos e Rua da Assunção até à Cordoaria, onde
existia a Porta do Olival. Descia em direcção à Rua do Calvário.
Nos terrenos onde encontramos agora a Igreja de S. José das Taipas
ficava a Porta das Virtudes. Seguia pelo rio pelo noroeste da Rua
da Cordoaria Velha atravessando a Rua da Esperança onde havia uma
Porta com o mesmo nome, chamada assim por existir aí perto a capela
de Nossa Senhora da Esperança. A muralha continuava até ao rio,
pelo sítio onde estão as Escadas do Caminho Novo até à Porta Nova
na margem do Douro.”
Esta Porta aberta, em 1522, pelo Rei D. Manuel I, veio
substituir e alargar o Postigo da Praia. Foi demolida em 1872
quando se abriu a Rua Nova da Alfândega. Era por aqui que entravam
os Bispos quando vinham ocupar o cargo. Era uma das principais
portas da cidade. No Museu Nacional Soares dos Reis existem, a
lápide de D. Fernando, com o escudo Real, que rematava o primitivo
postigo e que se manteve quando da reconstrução, e a lápide e pedra
de armas, colocadas quando da Restauração. A muralha continuava
paralela ao Rio até subir para Santa Clara. Da Porta Nobre até ao
Terreirinho tinha os postigos: dos Banhos, o do Pereira ou
Lingueta. Existiam ainda mais quatro postigos, o do Pelourinho, o
da Forca, o da Madeira e o da Areia. Depois deste último a muralha
deixava de acompanhar o rio e subia até à Porta do Sol.
Igreja de Santa Clara
No ano de 1758 escrevia-se sobre a igreja de Santa
Clara:
É a mais perfeita e asseada deste Reino, toda coberta de talha de
ouro, e azul.
A Igreja do Convento de Santa Clara, é o melhor exemplo que se pode
apontar numa cidade fortemente timbrada pelo fenómeno do barroco. A
Arte da Talha dourada e policromada, é uma das expressões que mais
a notabiliza, enfatizando dessa forma a apropriação dos princípios
da Reforma Católica (Natália Marinho Ferreira-Alves).
Faz parte de um conjunto de edifícios - igrejas forradas a ouro -
em que a madeira entalhada e policromada ocupa todas as superfícies
parietais e coberturas do espaço sacro, provocando no crente a
evasão sensorial e elevando-o a uma realidade supra-humana. O
trabalho de talha da capela-mor e arco cruzeiro é a obra-prima de
Miguel Francisco da Silva, arquitecto e entalhador, um dos melhores
intérpretes do barroco joanino no Porto.
A fundação do Convento de Santa Clara no Porto teve lugar no dia 28
de Março de 1416, em acto processional de grande solenidade,
estando ao lado do Bispo D. Fernando Guerra, o próprio rei D. João
I, e os príncipes Fernando e Afonso. Colheu desde a fundação o
envolvimento da realeza.
Desta primeira fase são poucos os testemunhos materiais que
resistiram.
De tempos mais recentes merece referência o claustro, como
construção que revela a assimilação dos princípios mais puros do
maneirismo. Em 1667 tratam as monjas da construção do mirante. A
transição do século XVII para o seguinte foi ainda assinalada por
obras múltiplas nos dormitórios (1707-1715), portaria (com
interessante portal de composição barroca) e dois
coros.
A partir de 1729 inicia-se o ciclo de transformação da igreja
naquilo que hoje se mantem.
O acesso à igreja faz-se lateralmente, como é regra nos conventos
femininos, uma vez que do lado oposto à capela-mor se situavam os
coros das religiosas. À entrada um pórtico em que se entrecruzam
formas tardo-góticas e da renascença, sendo este no exterior o
único elemento de algum recorte plástico, no conjunto da
austeridade e singeleza revelado pela construção.
O interior é formado pela nave, capela-mor e do lado oposto, os
coros alto e baixo, com as respectivas grades de clausura que
separavam os contactos entre fiéis e religiosas.
Em 1729, sendo abadessa D. Isabel Visitação, promovem-se obras de
pedraria na capela-mor, que visaram sobretudo, aumentar a altura
dos muros e do arco triunfal tornando o espaço mais amplo e
luminoso. Estas obras foram orientadas pelo arquitecto António
Pereira, que na época dirigia transformação paralela na Sé do
Porto. Estes mesmos princípios renovadores alastraram em 1732 à
nave, demarcando-se a nova altura a partir das tribunas. Uma vez
mais a preocupação da luz com a abertura de lunetas por cima das
tribunas. Em planta, a igreja mantinha a forma
anterior.
A principal transformação foi conseguida não pela arquitectura mas
pelo efeito cenográfico da talha e é nesta arte que as monjas
polarizam o seu interesse, tornando-se a arquitectura anulada pelo
efeito das formas reluzentes do cromatismo da talha e da imaginária
que cobrem todas as estruturas interiores.
Em 1730 a obra de talha da capela-mor e arco cruzeiro foi
arrematada por Miguel Francisco da Silva. Um programa complexo sob
o ponto de vista formal e iconográfico, sendo a banqueta e o
sacrário posteriores. O resultado alcançado fazem do artista um
vulto maior do barroco portuense, e da igreja conventual de Santa
Clara uma das jóias da arte barroca portuguesa, quer pela qualidade
estética quer pela coerência de todo o conjunto.
A cache:
O SINAL DE GPS É FRACO E AS COORDENADAS INDICAM UM LOCAL "MAIS
ABAIXO".
Esta é a minha primeira cache e é dedicada ao meu namorado
Surfreeman, e a temática da muralha foi escolhida com o propósito
de lembrar que na história das nossas vidas todos nós temos "um
rei" e "uma muralha" que nos protege.
O objectivo é dar a conhecer a Porta do Sol e a belíssima Igreja
de Santa Clara.
A cache é de tamanho "small" e inclui logbook, stashnote, caneta
e algumas "surpresas" para troca. Por favor coloquem a mesma de
forma a que não se degrade com a chuva. O local é propício a
muggles durante o dia, por isso, muita atenção.