Eram dois desconhecidos, duas pessoas, duas bagagens. Um ex geocacher e uma futura geocacher. Ele já perto dos 40, ela quase a meio dos trinta. Combinaram à hora certa, mas na pontualidade típica de ambos, faltavam quinze minutos quando se encontraram e partilharam o primeiro olá. Com o nervosismo a fervilhar pelo corpo, tal como o ambiente que os envolvia, decidiram fazer uma caminhada. Naquele momento, qualquer local seria demasiado pequeno para conter os sonhos e histórias que viriam a partilhar. Enquanto desciam a rua, ela olhou o grande relógio da igreja, mas só lhe conseguiu ver o ponteiro dos minutos que apontava para o onze, 55 minutos. Com o sol quase a deitar-se, a natureza abraçou-os por entre os seus caminhos, as suas árvores, os seus sons inconfundíveis. Nos 4 quilómetros que se seguiram, partilharam histórias do passado, porque o presente estava a ser criado. Naquele momento havia um quarto, um 5º e um sexto sentido que lhes dizia que estavam em boa companhia, mas eles ainda nem sequer sonhavam. Chegaram ao fim do trilho e precisavam de decidir por onde seguir. Enquanto ele pensava, ela contou as faixas da passadeira que atravessavam. Eram sete, mas ela sempre pensou que seriam 5. Rumaram a Norte e foi o melhor que fizeram.
Finalmente pousaram num belo recanto para um chá, conversaram e abriram o jogo, numa transparência típica de quem já muitas aventuras viveu. Já passava das 8 quando se fizeram novamente à estrada. Os carros ainda se encontravam longe e talvez demorassem uns 32 minutos a lá chegar. Já perto do destino final, ela, num jeito meio atrapalhado, perguntou se ele estaria interessado em jantar na sua companhia. Com o sol posto, o frio começava a infiltrar-se nos seus corpos. Entre o sim que saiu dos seus lábios, ele enroscou o seu braço no dela e seguiram pela rua, tentado manter os corpos quentes, mas o coração, esse sim começava a aquecer de outra forma.
Entre olhares trocados e jantar bastante agradável, uma sensação diferente instalava-se entre eles. Atraíam-se mutuamente e não parecia que quisessem abandonar a companhia um do outro. Mais uma volta a pé pela zona história se seguiu, enquanto o relógio da igreja marcava vinte e uma e 52. As luzes públicas cor de laranja transformavam as pequenas ruelas num cenário idílico. A certa altura, ele parou a marcha e ela parou com ele. Ele olhou-a nos olhos e disse-lhe que a ia beijar. Entre o choque e a incerteza do que iria acontecer, ela olho-o e sorriu ligeiramente. Foi tudo o que ele precisou para lhe dar um beijo. E depois outro. E mais um. Três beijos que os deixaram ofegantes, corpo a tremer, lábios a formigar e o coração aos pulos. Naquele momento, sentiam-se parte de uma das 7 maravilhas do mundo. Seguiram para Oeste mas com o sentimento que agora tinham-se um ao outro como bússola.