A minha segunda cache.
A primeira foi a Quinta dos Arcos que vos convida a visitar uma quinta com origem conhecida no século XVII e que é possível hoje visitar com os seus limites praticamente coincidentes com os iniciais e com lugares e especíes vegetais interessantes.
Esta encontra-se situada junto ao que resta da Quinta de São João da Panasqueira e tem para mim o interesse de memória do que já aqui existiu.
Do que consegui apurar em meados do século XVIII, a quinta passou do desembargador Manuel Inácio de Moura para o Padre Pereira Simões, deste para o Padre Francisco Martins da Mata e depois para Maria Margarida de Sousa.
Em 1842, Marcela Rosa Franca Inácio, "autorizada pelo seu marido João Nabor Veloso Rebelo Palhares..." compra "com todas as suas pertenças, mobilias, vazilhas, prata, alfaias e paramentos da Ermida... a quinta denominada de São João da Panasqueira que consta de casas novas e outras casas e oficinas de acomodações e lagar, com a sua Ermida, poço com engenho real, tanque, horta e vinha, com árvores de fruta e é toda murada em roda..."
Na altura da expropriação, em 1939, esta quinta era composta de um terreno de semeadura e olival e parte urbana com quatro construções. Um dos edifícios, tinha no rés-do-chão três divisões e uma porta. No sótão existiam duas divisões e uma janela sendo o tecto abobadado. A antiga ermida tinha dado lugar a uma mercearia e habitação. Do lado direito do estabelecimento, uma porta estreita dava acesso à carvoaria e taberna. Do lado esquerdo, o portão da quinta ligava a um pátio utilizado como local de convívio. Outro edifício originalmente destinado a habitação de oito inquilinos, dispunha de trinta e dois quartos, distribuídos em dois andares, sendo adaptado a "casa da Malta". As duas restantes construções térreas serviam de cavalariça e arrecadação.
Um aqueduto que acompanhava o muro da Azinhaga de São João conduzia a água extraída do poço até ao conjunto urbano. A nora aí instalada era movida por um macho. A loja instalada denominada de "Preciosa" abasteceu durante muito tempo as quintas vizinhas. Com a abertura das lojas do Bairro da Encarnação o negócio começou a decair até que fechou em 1957.
Esta quinta assim como outras na mesma zona foram expropriadas para a construções de um bairro de casas económicas e de outras obras de urbanização.
Posteriormente reconstruído pela Câmara Municipal de Lisboa, permanece hoje o aqueduto com poço e nora.
Esta informação assim como memórias e fotos encontram-se no livro" O bairro da Encarnação e as antigas quintas dos Olivais" / Carlos Alberto Revez Inácio, Fernando Furtado Barreiros. Imprensa Municipal