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Penedo das Sardas
O penedo das Sardas salienta-se na paisagem como um imponente rochedo alvo, que se eleva a 666 metros de altitude.
Para norte, o Rio Zêzere talhou o seu vale, cortando a Serra do Muradal em duas partes, numa garganta com mais de 350 metros de profundidade.
Para sul, o dorso crispado da Serra do Muradal impõe-se como uma possante muralha natural.
Fosseis e icnofosseis
Os fósseis podem ser definidos como restos ou vestígios da existência de organismos na Terra que ficaram, de alguma forma, preservados. Os fósseis de uma atividade biológica recebem a denominação de icnofósseis e são estudados pela Paleoicnologia.
Ao estudar os icnofósseis, um paleontólogo pode obter diversas informações a respeito dos hábitos de um determinado organismo e também sobre o meio em que ele vivia. Além disso, esse tipo de fóssil fornece informações, por exemplo, sobre animais de corpo mole, que normalmente não se preservam. Os icnofósseis mais comuns são as pistas e tubos deixados por invertebrados e as pegadas de vertebrados nos sedimentos.
Existem diferentes tipos de icnofósseis, que podem ser classificados em bioturbações, bioerosões, coprólitos, ovos e nidificação. Veja as principais características de cada grupo:
→ Bioturbações: São as pistas, galerias, tocas, túneis e escavações no sedimento, ou seja, indicativos de estruturas de origem biológica que movimentaram os componentes dos solos e sedimentos. Elas podem ser criadas como uma forma de habitação ou descanso, por exemplo.
→ Bioerosões: Estruturas formadas a partir da corrosão de um substrato duro por algum organismo vivo.
→ Coprólitos: São as fezes fossilizadas de um determinado animal. São importantes porque fornecem informação sobre a dieta de um determinado organismo, possibilitando a classificação em carnívoro, herbívoro ou onívoro, por exemplo. Além disso, dependendo das espécies encontradas na fezes, é possível fazer inferências paleoecológicas, isto é, tentar compreender as características do ecossistema existente.
→ Ovos e nidificação: Contribuem para o estudo do desenvolvimento de um organismo e para identificação dos hábitos comportamentais.
Para fornecer informações de maneira precisa e adequada, é fundamental que os icnofósseis sejam estudados levando-se em consideração o contexto geológico no qual estavam inseridos. Assim sendo, deve-se realizar uma análise paleoecológica antes de se interpretar os vestígios encontrados.
Algumas vezes, processos físicos e químicos não provenientes de seres vivos podem originar estruturas semelhantes àquelas produzidas por alguns organismos. Essas estruturas são chamadas de pseudoicnofósseis, como é o caso das marcas de ondas e de moldes de sais.
Marcas de vida impressas num fundo marinho com 480 milhões de anos.
Na Formação do Quartzito Armoricano na Serra do Muradal, foram descobertos níveis de quartzitos maciços com larga exposição dos planos de estratificação intensamente bioturbados com Deadalus, que podem ser seguidos ao longo de vários quilómetros.
A complexa arquitectura desta forma de Daedalus no modelo de “bombagem subtidal”, baseado na existência de um fino canal axial em cada uma das galerias, é introduzido para explicar o padrão de alimentação em areias aparentemente sem evidências da presença de matéria orgânica.
Os níveis icnoespecíficos extremamente povoados mostram que estes seriam fortemente condicionados pelas condições do substrato móvel e fundamentalmente limitados no tempo, apontando para uma colonização episódica de populações de organismos de corpo mole em ambientes marinhos muito pouco profundos e dinâmicos.
Aquilo que são hoje rochas verticais em tempos foram areias depositadas no fundo de um oceano, há 480 milhões de anos.
Tal como acontece nos litorais de hoje, os leitos de então eram profusamente povoados por pequenos animais que aí procuravam refúgio e alimento, escavando tocas e galerias.
As marcas que hoje vemos na camada quartzítica não são mais do que as evidências fossilizadas das atividades de uma população destes organismos sem esqueleto, possivelmente anelídeos poliquetas.
Fonte: LENEG Comunicações Geológicas (2016):
"Megassítio Icnológico com Daedalus na Serra do Muradal (Geopark Naturtejo, Portugal Central): entre a Revolução Agronómica e a Radiação Ordovícica"
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Penedo das Sardas
The Penedo das Sardas stands out from the landscape like an imposing white rock, rising 666m.
Towards North, the Zêzere River cut its valley, through Serra do Muradal Mountain slicing it in two parts, in a gorge over 350 meters deep.
Towards South, the cresting back of Muradal imposes itself as a strong natural rampart.
Fossils and trace fossils
Fossils can be defined as remains or traces of the existence of organisms on Earth that were somehow preserved. The fossils of a biological activity are called trace fossils and are studied by Paleoichnology.
By studying trace fossils, a paleontologist can obtain various information about the habits of a given organism and also about the environment in which it lived. In addition, this type of fossil provides information, for example, about soft-bodied animals, which normally are not preserved. The most common trace fossils are the tracks and tubes left by invertebrates and the footprints of vertebrates in the sediments.
There are different types of trace fossils, which can be classified into bioturbations, bioerosions, coprolites, eggs and nesting. See the main characteristics of each group:
→ Bioturbation: These are tracks, galleries, burrows, tunnels and excavations in the sediment, that is, indicative of structures of biological origin that moved the components of soils and sediments. They can be created as a form of housing or rest, for example.
→ Bioerosions: Structures formed from the corrosion of a hard substrate by a living organism.
→ Coprolites: These are the fossilized feces of a certain animal. They are important because they provide information about the diet of a given organism, allowing classification into carnivore, herbivore or omnivore, for example. Furthermore, depending on the species found in the feces, it is possible to make paleoecological inferences, that is, try to understand the characteristics of the existing ecosystem.
→ Eggs and nesting: They contribute to the study of the development of an organism and to the identification of behavioral habits.
In order to provide accurate and adequate information, it is essential that trace fossils are studied taking into account the geological context in which they were inserted. Therefore, a paleoecological analysis must be carried out before interpreting the remains found.
Sometimes, physical and chemical processes not originating from living beings can originate structures similar to those produced by some organisms. These structures are called pseudoichnofossils, as is the case with wave marks and salt molds.
Marks of life imprinted on a 480-million-year-old seabed.
In the Armorican Quartzite Formation in Serra do Muradal, levels of massive quartzites were discovered with wide exposure of the stratification planes intensely bioturbated with Deadalus, which can be followed over several kilometers.
The complex architecture of this form of Daedalus in the “subtidal pumping” model, based on the existence of a thin axial channel in each of the galleries, is introduced to explain the feeding pattern in sands apparently without evidence of the presence of organic matter.
The highly populated ichnospecific levels show that these would be strongly conditioned by conditions of the mobile substrate and fundamentally limited in time, pointing to an episodic colonization of populations of soft-bodied organisms in very shallow and dynamic marine environments.
What are now vertical rocks were once sand deposited at the bottom of an ocean, 480 million years ago.
As it happens on the coasts of today, the beds of that time were profusely populated by small animals that sought refuge and food there, digging burrows and galleries.
The marks we see today in the quartzite layer are nothing more than fossilized evidence of the activities of a population of these skeletonless organisms, possibly polychaete annelids.
Source: LENEG Comunicações Geológicas (2016):
"Megassítio Icnológico com Daedalus na Serra do Muradal (Geopark Naturtejo, Portugal Central): entre a Revolução Agronómica e a Radiação Ordovícica"
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