Hospital João Palmeiro
A localização de Setúbal, debruçada sobre o porto de mar, aberto e seguro, prestava-se, desde tempos medievais, ao acolhimento dos viajantes que, provenientes de todas as partes do mundo, por aqui transitavam, carecidos de cuidados assistenciais ou de um lugar adequado para pernoita ou descanso.
Os três arcos quebrados sob cornija, são remanescentes de uma antiga unidade de assistência aos pobres, doentes e peregrinos, em Setúbal, vulgarmente designada Hospital João Palmeiro.
Esta albergaria, de fundação medieval, foi construída intramuros da povoação e, tal como designado pelos instituidores, destinava-se a “recolher e dar cama, água e luz por três dias” aos peregrinos que se dirigiam a Santiago de Compostela ou à Terra Santa.
O hospital de João Palmeiro, ou dos Palmeiros, é provavelmente um dos mais antigos estabelecimentos do género aqui construído. Em 1566 foi absorvido pela Casa Espírito Santo, instituída pela Santa Casa da Misericórdia local.
Tomando do geral, para a época, poderemos imaginar que as instalações consistiam essencialmente de uma sala, onde se colocavam os catres, para além dos parcos móveis de apoio. As camas não passariam de simples enxergas de palha colocadas no chão e só excecionalmente havia uma separação dos assistidos, quer quanto ao sexo, quer quanto a específicas necessidades assistenciais.
A Câmara Municipal e Setúbal promoveu, em diversas ocasiões, o estudo deste espaço, até há pouco propriedade particular.
No ano 2000 foram realizadas sondagens arqueológicas que permitiram identificar no local vestígios de estruturas, como de armazéns, do período romano (séculos II e III). Foi também possível apurar que, pelo menos, a partir do século XVII o interior passou a servir de local de inumações.
