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Grutas de Lapas
As Grutas de Lapas são uma rede de galerias artificiais que se encontram sob o casario mais antigo da aldeia com o mesmo nome.
O Aglomerado está implantado numa elevação correspondente a um terraço fluvial do rio Almonda, de idade quaternária, composto por uma formação rochosa específica, o tufo calcário. Dada a facilidade com que era cortado, este material foi amplamente utilizado na construção civil, durante vários séculos, em toda a região.
A origem das grutas permanece envolta em mistério. Uma das explicações é que tenham sido uma pedreira subterrânea de tufo, mas não é certa a cronologia associada. São várias as teorias formuladas, desde uma utilização primitiva como abrigo, associada a cavidades naturais preexistentes, ao refúgio de cristãos primitivos ou à exploração de blocos de tufo na época romana, havendo ainda várias referências aos mouros no imaginário local.
Ao certo, sabemos que a própria aldeia, com a designação de Lapas, já existia em 1212, data do compromisso da sua confraria e que, dos trabalhos arqueológicos efetuados, os vestígios mais antigos datam do século XV.
Este é um dos conjuntos patrimoniais mais singulares do país. Podemos percorrer o interior de um terraço fluvial, conhecer melhor os tufos calcários e perceber um pouco da interação das galerias com a aldeia medieval que foi construída por cima, entre outros aspectos ligados à história e especificidades locais. O terraço fluvial existente em Lapas, ocupa praticamente toda a zona histórica da aldeia.
Terraços fluviais do Almonda
A elevação onde foram escavadas as Gutas de Lapas é um terraço fluvial formado por tufos calcários. As galerias subterrâneas, que se estendem por algumas centenas de metros, permitem-nos percorrer parte do interior deste terraço.
Os terraços fluviais são patamares aplanados mais elevados do que o atual leito fluvial, e constituem testemunhos de antigas planícies de inundação. A sua evolução geomorfológica ajuda-nos a compreender a geocronologia do Almonda.
Durante o Quaternário (2,5Ma - presente), o leito do rio Almonda sofreu sucessivos rebaixamentos, devido a descidas do nível do mar provocadas por glaciações. Formaram-se terraços fluviais que foram ficando suspensos nas vertentes do rio, a diversas cotas altimétricas.
As oscilações geológicas típicas do Quaternário estão na base da formação de terraços fluviais. Nos periodos glaciares frios, o nível do mar desceu, criando condições favoráveis para o rejuvenescimento do rio e o entalhamento fluvial, com elevada capacidade de erosão. Foi nos periodos integraciares temperados, que se formaram os tufos calcários e travertinos, resultantes da acumulação sedimentar.
Tufos Calcários
Os tufos calcários nos quais foram escavadas as Grutas de Lapas, assim como outras pequenas lapas e abrigos, resultam de sedimentação fluvial no leito e margens do Rio Almonda.
Os tufos calcários e travertinos são rochas sedimentares e formam-se pela precipitação de carbonatos presentes em águas que percolam o interior de maciços calcários, assim como ao longo de rios e ribeiras que surgem nos limites desses maciços, como são os casos do rio Almonda e da ribeira do Alvorão, exemplos de exsurgências associadas ao Maciço Calcário Estremenho.
Os tufos calcários são, regra geral, resultantes de sistemas fluviais de água fria. A precipitação da calcite pode ocorrer sobre restos orgânicos, como caules, folhas e troncos de plantas. O precipitado de calcite,
ao incrustar estes restos orgânicos, preserva a sua forma original e daí resulta uma grande variedade na textura dos tufos.
Os tufos calcários dos terraços quaternários do rio Almonda foram intensamente explorados no passado com o intuito de obter blocos de rocha para a construção, existindo inúmeros exemplos de extração de tufo em pedreiras a céu aberto ou subterrâneas. Além dos diversos abrigos e pequenas lapas isoladas, escavadas nos tufos existentes nas vertentes do rio Almonda, é de destacar o extraordinário conjunto de galerias subterrâneas da aldeia de Lapas.
A localização desta rede de galerias, assim como a zona histórica de Lapas, coincide com um terraço fluvial, formado por tufos calcários, posicionado na margem esquerda do rio Almonda. As Grutas de Lapas, com a área de 810 m2 (aberto ao público) e cerca de 350 m de galerias, representam apenas parte desse vasto conjunto de galerias existente sob a aldeia.
Tufos calcários associados ao Rio Almonda
Tufos de acumulação de macrorrestos vegetais - A precipitação da Calcite ocorre sobre os caules e folhas, sobretudo de plantas aquáticas e semi aquáticas.
Tufos pulverulentos - De grão fino, facilmente desagregáveis, geralmente associados à presença de silites.
Tufos gravelosos - A calcite precipita-se sobre pequenas partículas vegetais ou clastros líticos.
Tufos compactos - Também designados por Travertinos, são mais compactos e bandados.
Grutas de Lapas: Largo das Catacumbas, 2350-126 Lapas
Horários: Segunda-feira a Domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00.
Visita livre e gratuita.
Fontes: Grutas de Lapas Informação Geológica; Câmara Municipal de Torres Novas; Divisão de Educação, Cultura e Desporto; João Paulo Fernandes 2019.
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Caves of Lapas
The Caves of Lapas are a network of artificial galleries that are located under the oldest houses in the village with the same name.
The Agglomerate is located on an elevation corresponding to a fluvial terrace of the river Almonda, of Quaternary age, composed of a specific rock formation, the limestone tufa. Given the ease with which it was cut, this material was widely used in civil construction for several centuries throughout the region.
The origin of the caves remains shrouded in mystery. One explanation is that it was an underground tuff quarry, but the associated chronology is not certain. There are several theories formulated, from a primitive use as a shelter, associated with pre-existing natural cavities, the refuge of early Christians or the exploration of tuff blocks in Roman times, with several references to the Moors in the local imagination.
For sure, we know that the village itself, with the name of Lapas, already existed in 1212, the date of the commitment of its brotherhood and that, from the archaeological work carried out, the oldest traces date from the 15th century.
This is one of the most unique heritage sites in the country. We can walk through the interior of a river terrace, get to know the limestone tufts better and understand a little of the interaction of the galleries with the medieval village that was built on top, among other aspects linked to history and local specificities. The existing river terrace in Lapas occupies practically the entire historic area of the village.
Almonda river terraces
The elevation where the Gutas de Lapas were excavated is a river terrace formed by limestone tufts.
The underground galleries, which extend for a few hundred meters, allow us to walk through part of the interior of this terrace.
The river terraces are flattened levels higher than the current river bed, and are evidence of ancient flood plains.
Its geomorphological evolution helps us to understand the geochronology of Almonda. During the Quaternary (2.5 Ma - present), the bed of the Almonda river suffered successive lowerings, due to drops in sea level caused by glaciations.
River terraces were formed that were suspended on the sides of the river, at different altitudes.
The typical Quaternary geological oscillations underlie the formation of river terraces. In the cold glacial periods, the sea level dropped, creating favorable conditions for the rejuvenation of the river and the fluvial carving, with a high erosion capacity. It was in the temperate integrated periods that limestone and travertine tuffs were formed, resulting from sedimentary accumulation.
Limestone Tufts
The limestone tufts in which the Grutas de Lapas were excavated, as well as other small caves and shelters, result from fluvial sedimentation in the bed and banks of the Almonda River.
The limestone and travertine tuffs are sedimentary rocks and are formed by the precipitation of carbonates present in waters that percolate inside limestone massifs, as well as along rivers and
streams that arise in the limits of these massifs, as is the case of the Almonda river and the Alvorão stream, examples of exsurgencies associated with the Estremenho Limestone Massif.
The limestone tufts are, in general, the result of cold water fluvial systems. Calcite precipitation can occur on organic debris such as stems, leaves and plant trunks. The calcite precipitate,
by encrusting these organic remains, it preserves its original shape and hence results in a great variety in the texture of the tufts.
The limestone tuffs of the Quaternary terraces of the Almonda River were intensively exploited in the past in order to obtain blocks of rock for construction, and there are numerous examples of tuff extraction in open pit or underground quarries. In addition to the various shelters and small isolated limpets, excavated in the tuffs existing on the slopes of the Almonda river, the extraordinary set of underground galleries in the village of Lapas is noteworthy.
The location of this network of galleries, as well as the historic area of Lapas, coincides with a river terrace, formed by limestone tufts, positioned on the left bank of the Almonda River. The Lapas Caves, with an area of 810 m2 (open to the public) and about 350 m of galleries, represent only part of this vast set of galleries existing under the village.
Limestone tuffs associated with the Almonda River
Clumps of accumulation of plant debris - Calcite precipitation occurs on stems and leaves, especially in aquatic and semi-aquatic plants.
Powdery tufts - Fine-grained, easily disaggregated, usually associated with the presence of silite.
Gravel clumps - Calcite precipitates on small plant particles or lytic clasts.
Compact tufts - Also called Travertines, they are more compact and banded.
Caves of Lapas: Largo das Catacombas, 2350-126 Lapas
Opening hours: Monday to Sunday, from 10 am to 1 pm and from 2 pm to 6 pm.
Free visit.
Sources: Grutas de Lapas Geological Information; Torres Novas City Council; Division of Education, Culture and Sport; Joao Paulo Fernandes 2019.
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