O Anónimo Alferes de Gião
O país estava em Guerra Civil.
Vivíamos o ano 1834, em pleno período das lutas liberais, guerra que opunha partidários de D. Pedro (os liberais) às forças de D. Miguel (os absolutistas), que viriam a ser derrotados.
De Norte a Sul, o país debateu-se com vários combates: o famoso Cerco do Porto foi um deles (julho 1832 - agosto 1833). Os Açores, tidos na época como base das operações dos Liberais, assiste também a uma Batalha Naval, na então Vila da Praia (1829), na Ilha Terceira, vencida pela fação de D. Pedro, que implicará muito na posterior vitória das forças liberais em Portugal.
É neste cenário de confrontos um pouco por todo o país, que surge um Alferes de Cavalaria das tropas leais a D. Pedro, que, depois de encerrar o Convento Beneditino de Santo Tirso, instala o seu quartel general na Quinta de Gião, motivando a fuga dos seus legítimos proprietários.
Os anos passaram, a guerra acabou e o alferes decide apoderar-se da Quinta, propriedade que, para além da casa solarenga, possuía vinha, olivais, bosque, moinho, campos de cultivo com sistema de regadio próprio e produção de azeite.
Já com idade avançada o Alferes morreu sem deixar descendentes, ficando como herdeiras umas sobrinhas afastadas, a quem o povo apelidou das “senhoras de Gião”.
Quem o conheceu em vida caracteriza-o como um homem de baixa estatura, inspirador de respeito, afável, mas misterioso. O seu maior pecado foi ter tomado posse indevida de terras, o que o condenou a penar pela eternidade.
Estava criado mote para a lenda do Espada a Rastos, com relatos fantasmagóricos alimentados pelo imaginário popular.
Contavam os mais velhos que, logo após as trindades, quem atravessasse a quinta, ouvia passos acompanhados do arrastar de uma espada, chegando aqueles mais fracos de espírito a verem uma miragem ténue e esbranquiçada de um oficial de cavalaria montado no seu cavalo branco.
Relatos há também de um incêndio que destrói, quase por completo, a Casa de Gião, libertando o alferes do quarto onde estava aferrolhado.
Ainda hoje há quem afirme que nas noites escuras de Inverno, e quando o vento sopra com mais intensidade, se ouvem os passos com o rastejar de uma espada.
Muitas outras estórias subsistem nos comentários e no imaginário das pessoas, quase todas pouco abonatórias do Incógnito Alferes.
Quem foi? Qual era o seu nome verdadeiro? Onde cresceu?
São algumas das questões que, os mais destemidos e aventureiros, podem solucionar através da resolução do enigma presente nesta cache.