Igreja de São Miguel do Colmeal
O Colmeal, outrora sede de freguesia, neste momento é uma aldeia sem habitantes.
A propriedade actualmente conta com 750ha.
A igreja característica do séc. XV, pertence a Figueira de Castelo Rodrigo desde os anos 40 (sec. XX).
Pertença da família que adquiriu a totalidade da quinta em 1977, hoje o Colmeal conta apenas com os hóspedes do Hotel.
Hotel que nasceu há seis anos – e com os passantes e contadores de memórias que por vezes lá aparecem. Estes trazem muitos rumores e acreditam em palavras em que alguém um dia também acreditou
Há passantes e contadores de memórias, de idade, que afirmavam que existira em tempos uma mesquita no Colmeal. No entanto não existem nem vestígios, nem registos, nem nada que o sustente. Contudo é sabido que a família dos Cabrais, proprietária da quinta do colmeal durante 5 séculos, era de origem judaica.
Certo é que todos os rumores têm um fundamento.
O que passo a descrever do Colmeal tem por base a consulta à pouca bibliografia que se debruça nesta freguesia que outrora foi descrita como terra de “belas donas e de homens cantadores”.
Data a reter - 1155 – nasce a ordem militar de S. Julião do Pereiro em Cinco Vilas. Na posse de Leão, o Colmenar “espanhol” é entregue a esta ordem para exploração e sustento da mesma.
Nada se sabe sobre o que aconteceu nos anos que se seguiram. Certo é que passou a chamar-se Colmeal com a passagem em carta de foral para as mãos de Portugal na segunda metade dos anos 70 do sec. XII (aproximadamente 1176)
A propriedade continua a usufruir de água de mina com ph 6.9, o que desde sempre foi uma fonte de abundância para as terras cultivadas durante séculos.
Diz-se que há um antigo caminho (desactivado) que conduz a S. Tiago de Compostela. Talvez tenha sido já em tempos estalagem para os caminheiros.
Mais informação existe referente ao sec. XV - por ocasião do presente que D. Isabel de Gouveia recebe de seu pai João de Gouveia em dote onde consta entre as terras de Almendra, a Quinta do Colmeal.
O Solar dos Cabrais terá nascido pouco antes do nascimento do seu 2º filho com Fernão de Cabral, Pedro Alvares Cabral.
No reinado de D. Afonso V, a Quinta do Colmeal teria sido um couto de homiziados com o objectivo de cultivar os campos. Provavelmente terá sido nessa altura que a aldeia conheceu a sua maior ocupação.
A quinta manteve-se com a família dos Cabrais até altura das convulsões políticas do sec. XX, por ocasião da implantação da República. A Quinta acabou por ser vendida à família dos Quirinos, de Cinco Vilas.
Anunciava-se o fim daquela que outrora ficara conhecida pela “terra das belas donas e dos homens cantadores”.
1957 é o ano que marca o fim à aldeia do Colmeal, também conhecido por Colmeal das Donas, pela razão atrás exposta.
Falemos então do que se sabe, mais concretamente pelo que descreve Vermelho do Corral na publicação “Aldeia Fantasma”:
O autor descreve o que esteve na origem do despejo no dia 8 de Julho de 1957. Nesse dia a Guarda Nacional Republicana montada a cavalo, entrou pela aldeia para dar lugar à ordem de “expulsão dos seus quase 60 habitantes”.
No que se encontra difundido na internet, há relatos de um verdadeiro massacre.
Independentemente da veracidade dos testemunhos, a verdade é que a aldeia do Colmeal ficou só. Ficou despida de alma das pessoas que viram nascer os seus filhos, que enterraram os seus entes queridos…
O que terá estado na origem do despejo terá sido a falta de pagamento das pessoas da aldeia aos proprietários de uma renda (feudo) que seria muito elevado. O processo apresentado pelos Quirinos em tribunal, deu-lhes razão para o despejo.
Felizmente a aldeia voltou a ter vida. Pouco depois do despejo, o Eng. Leitão comprou parte da Quinta a quem ficou com ela. Há cerca de dez anos, os herdeiros decidiram construir um Hotel - que hoje faz questão de abrir portas a familiares e amigos dos que outrora foram felizes no Colmeal.
Este ano de 2021, mais concretamente a 23 de Maio, a igreja de S. Miguel do Colmeal pode rejubilar com a organização de um casamento – o último tinha acontecido há mais de 60 anos.
O que se segue ainda é desconhecido. Porém o presente anuncia Paz, Harmonia e Felicidade, com presença dos que passam pela bela Aldeia do Colmeal.
NOTA: O meu muito obrigado à Gabriela Fernandes por toda esta informação.
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