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A Fórmula 1 voltou! Traditional Geocache

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viperbruno: Finish!

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A fórmula 1 voltou

A Fórmula 1 regressa a Portugal, 24 anos após a última edição, nos dias 22 a 25 de Outubro, sendo que é a primeira vez que se realizará no Algarve. E assim esta cache serve para comemorar esse feito, num local onde já existiu um PT sobre a prova, com o nome dos pilotos da época (que acidentalmente encontrei uma caches perdidas aquando da realização de outro PT).

História do Grande Prémio de Portugal

Grande Prémio de Portugal: das origens aos nossos dias


Passaram-se 24 anos desde o último Grande Prémio de Portugal em Fórmula 1 disputado no Autódromo Fernanda Pires da Silva, mais conhecido por Autódromo do Estoril entre todos aqueles que acompanham o automobilismo. Ao longo de 13 edições disputadas em três circuitos diferentes e em duas eras muito distintas que distam entre elas também 24 anos.

Desde os anos 50 até aos 90 vimos campeonatos serem decididos, ultrapassagens espectaculares, momentos memoráveis que ficam para a história e que são o que nos fazem a todos gostar tanto deste desporto.

Os primórdio

Como foi acontecendo em quase tudo o que estava relacionado com o automóvel no século XX, Portugal foi ficando para trás quando comparado com outros países europeus e apesar da realização de algumas provas com carros de Sport nos anos 30 nunca houve uma prova que conseguisse aproximar-se das grandes corridas de Grand Prix da época, notavelmente o Grande Prémio de França e o Grande Prémio da Alemanha, as provas mais importantes de então.

É nos anos 50 que irá surgir pela primeira uma prova designada de “Grande Prémio de Portugal”. Foi em 1951 que o Automóvel Club de Portugal decide organizar um Grande Prémio para tentar colocar Portugal na rota das grandes corridas europeias numa Europa ainda a erguer-se das cinzas do pós-guerra. A prova foi organizada no Circuito da Boavista, no Porto e coincidia com o II Circuito Internacional do Porto depois da prova inaugural ter sido realizada ainda nos anos 30. O ACP prometia uma avultada quantia de prémios e cerca de 30 pilotos alinharam à partida, 16 dos quais pilotos estrangeiros. O primeiro Grande Prémio de Portugal seria realizado com Sports-Car e seria vencido por Casimiro de Oliveira, irmão do mítico realizador portuense Manoel de Oliveira. Casimiro foi um destacado piloto no panorama nacional à época e o seu irmão Manoel também foi presença regular nas pistas até se dedicar a tempo inteiro à sétima arte.

Cartaz do primeiro Grande Prémio de Portugal

O Grande Prémio de Portugal continuaria a percorrer os pouco mais de 7km do traçado da Boavista nas duas edições seguintes, fazendo uma passagem por Lisboa e pelo Circuito de Monsanto em 1954 antes de regressar novamente à Boavista para a última edição realizada nestes moldes.

Entretanto o Grande Prémio de Portugal obteve algum prestígio e pilotos de renome foram marcando presença na prova. A edição de 1954 por exemplo seria vencida pelos dois principais pilotos da Ferrari no Mundial de F1, José Froilan Gonzales seguido de Mike Hawthorn, ambos em Ferrari 750 Monza enquanto a Maserati marcaria presença e venceria no ano seguinte com Jean Behra, já de volta à boavista. Como curiosidade refira-se que no ano em que o Grande Prémio de Portugal se disputou em Monsanto a corrida internacional realizada na Boavista adoptou o nome de Grande Prémio do Porto, nome que adoptaria também em 1956, ano em que não se realizou o Grande Prémio de Portugal.

O Grande Prémio estaria de regresso no ano seguinte, em 1957 e novamente em Monsanto. O vencedor dispensa apresentações, um senhor argentino chamado Juan Manuel que quando não estava a ganhar mundial de Fórmula 1 andava por aí a correr. Fangio venceu a corrida num Maserati 300S numa prova que contou com outros ilustres como Phill Hill em Ferrari 750 Monza e Alejandro de Tomaso pilotando um OSCA S1500 naquele que seria o último Grande Prémio disputado com carros de Sport. No ano seguinte, as coisas seriam diferentes.

Finalmente a Fórmula

Cartaz do Grande Prémio de Portugal de 1958 a contar para o Campeonato do Mundo de Condutores na categoria Fórmula 1

Foi em 1958 que finalmente o Campeonato do Mundo de Conductores se estreou em Portugal. De volta ao Porto, o Grande Prémio de Portugal disputou-se a 24 de Agosto no traçado com 7,4km da Boavista. A prova ficaria na história da Fórmula 1 por várias razões, logo à partida por ter sido uma das primeiras provas a contar para o Mundial de F1 a ter uma mulher na grelha, a italiana Maria Teresa de Filipis aos comandos de um Maserati 250F. De Filipis tinha falhado a qualificação para o Mónaco e fora décima na sua estreia na Bélgica, em ambos inscrita em nome próprio. Na Boavista, faria aquela que seria a sua única prova pela Scuderia Centro-Sud. Infelizmente a prova de de Filipis duraria pouco e a itliana desistiria à sexta volta com problemas de motor no seu Maserati.

Casimiro de Oliveira inscreveu-se para a prova portuguesa mas depois de testar e perder o controlo numa zona ondulada da pista decidiu não alinhar à partida. Hoje em dia parece algo impensável mas o circuito atravessava zonas de forte ondulação na estrada, ruas em paralelo e até carris de eléctricos! Nem o Herman Tilke se lembraria desta.

Stirling Moss persegue Mike Hawthorn junto ao Castelo do Queijo, no Circuito da Boavista. Pouco depois aconteceria o momento decisivo do campeonato.

Mais na frente, os acontecimentos em pista iriam ter influência decisiva no desenrolar do campeonato e ficariam para sempre na história da Fórmula 1. Mike Hawthorn da Ferrari entrara na Boavista, a nona prova de um total de onze com 6 pontos de avanço para o seu rival da Vanwall, Stirling Moss. Moss venceu e Hawthorn foi segundo antes de ser desclassificado por alegadamente circular em contramão quando tentava voltar à pista após um pião. Moss tinha visto o incidente em pista e dirigiu-se aos comissários para os informar de que a sua decisão estava errada e que Hawthorn não fizera nada de errado. Com base no testemunho do seu colega e rival no campeonato, Hawthorn teve o seu segundo lugar e correspondentes 7 pontos de volta. No final da época Mike Hawthorn sagrou-se campeão… com apenas um ponto de avanço sobre Stirling Moss. No final da temporada foi o fair-play e a seriedade de Moss que garantiram a Hawthorn o seu único título Mundial, poucos meses antes de se retirar com receio dos perigos que a competição representava então. Hawthorn viria a morrer poucos meses depois num acidente de viação.

No ano seguinte a Fórmula 1 regressaria a Portugal, desta vez ao Circuito de Monsanto. Num campeonato reduzido a nove provas, a portuguesa foi a sétima e disputou-se novamente num dia quente e seco no penúltimo fim-de-semana de Agosto. Pela primeira vez um piloto português estava à partida de uma prova do Campeonato do Mundo: Mário de Araújo “Nicha” Cabral num Cooper-Maserati da Scuderia Centro-Sud. Nicha Cabral qualificar-se-ia em décimo-quarto e iria conseguir terminar em décimo lugar, a 6 voltas do vencedor da corrida, uma vez mais Stirling Moss que liderou a armada da Cooper que colocou 3 Cooper T51 - Climax nas 4 primeiras posições com o Ferrari de Dan Gurney na terceira posição a separar os outros dois Cooper de Masten Gregory e Maurice Trintignant. O líder do campeonato Jack Brabham, também num Cooper, despistou-se à volta 23 mas ainda assim saiu de Monsanto na liderança do Mundial que não iria perder até final do campeonato.

Brabham teria melhor sorte no ano seguinte, e em 1960, novamente entre os paralelos e os carris de eléctrico da Boavista, saiu vencedor do IX Grande Prémio de Portugal. Com apenas os seis melhores resultados da época a contarem para a classificação, a vitória permitiu a Jack Brabham sagrar-se Campeão do Mundo em Portugal quando faltavam ainda disputar duas provas.

Quanto à corrida, Bruce McLaren foi segundo e garantiu uma dobradinha para a Cooper. Apesar de um violento acidente nos treinos, um jovem Jim Clark iria completar o pódio num Lotus-Climax naquele que foi o primeiro pódio da sua curta mas brilhante carreira. O seu colega de equipa, o campeão do Mundo de motociclismo em título e futuro campeão do Mundo de F1, John Surtees, conseguiu a pole-position naquela que foi também uma estreia para si.

Quanto ao vencedor das duas edições anteriores, Stirling Moss que agora corria nos célebres Lotus de Rob Walker, o herdeiro do império Johnnie Walker, foi desclassificado. Moss tinha estado ausente desde a quinta prova, em Spa-Francorchamps. Nesse fim-de-semana trágico, onde Chris Bristow e Alan Stacey perderam a vida, Moss e Mike Taylor tiveram também violentos acidentes nos treinos que os feriram com gravidade. Stirling Moss fazia o seu regresso em Portugal mas após um pião foi acusado de entrar na pista em contramão e foi desclassificado por isso. Uma ironia suprema para um piloto que apenas dois anos antes, na mesma pista, entregará um campeonato do Mundo ao defender o seu adversário directo numa situação semelhante.

A representação local estaria uma vez mais a cargo de Mário Araújo Cabral que voltou a correr num Cooper-Climax inscrito novamente pela Scuderia Centro-Sud mas a sorte não esteve do seu lado desta vez e abandonaria na volta 38 por despiste.

Quem também iria abandonar era o Grande Prémio de Portugal que se despedia assim, pela primeira vez, do Campeonato do Mundo de Fórmula 1.

Regresso aos Sports-Car e Fórmula

A Fórmula 1 deixaria Portugal e o Grande Prémio de Portugal teria mais um pequeno hiato. A corrida seria retomada em 1964 num novo circuito citadino em Cascais e voltando aos carros de sports-car. A prova de Cascais realizou-se pela primeira vez no ano anterior, mas só em 1964 ganharia estatuto de Grande Prémio.Viria a ser ganha por Chris Kerrison em Ferrari 250 GTO seguido dos Lotus Elan de Nicha Cabral e Jorge Peixinho.

O Grande Prémio de Portugal correr-se-ia em Cascais nos dois anos seguintes mas com um novo formato agora disputado sobre as regras da Fórmula 3. Introduzida em 1964, a nova Fórmula 3 com motores de 1000cc e 4 cilindros substituiu a antiga fórmula de 500cc que vinha dos primeiros anos do pós-guerra e tentava combater o sucesso de então da Fórmula Júnior. Construtores como a Cooper, Brabham, Lotus ou Tecno dominavam as grelhas e foi precisamente a Cooper que dominou a edição de 65 ao colocar dois carros nas duas primeiras posições para Rodney Banting e John Fenning seguidos do Brabham de Charles Stuart. A Brabham dominaria por completo a edição seguinte enchendo o pódio com três carros com Jurg Dubler, Jihn Fenning e Chris Williams.

A décima-primeira edição do Grande Prémio seria a última durante quase vinte anos e seria sucedida… pelo quarto Grande Prémio de Portugal!

Estoril e o regresso da Fórmula 1 a Portugal

Vinte e quatro anos se passaram desde que a Fórmula 1 visitará Portugal pela última vez e dezanove anos passaram desde que um Grande Prémio de Portugal se realizará. As bases para a realização de um possível regresso da Fórmula 1 foram lançadas ainda durante os anos 70 com a construção do Autódromo que mais tarde viria a ser conhecido por Fernanda Pires da Silva, no Estoril. Durante os primeiros anos o autódromo acolheu várias corridas de Fórmula 2 mas a categoria-rainha continuava longe do Estoril.

Estávamos então em 1984 e a FISA viu-se a braços com problemas no calendário no final da época: dois circuitos citadinos, um deles no bairro de Queens, em Nova Iorque e outro previsto para Fuengirola, em Espanha, foram cancelados o que deixava o calendário com apenas catorze eventos e a terminar no início de Setembro. A FISA teve então que encontrar soluções de recurso. Para o lugar da prova nova-iorquina a solução recaiu no novo traçado de Nürburgring e para o lugar da prova espanhola a solução estava mesmo ali ao lado. Assim, em Junho de 1984, apenas quatro meses antes da data em que a prova se realizaria, é anunciado que o Estoril acolherá a décima-sexta e última prova do Mundial de Fórmula 1 desse mesmo ano.

Foi assim que no dia 21 de Setembro de 1984 vinte e sete carros estavam à partida para o IV Grande Prémio de Portugal. Sim, o quarto Grande Prémio de Portugal. Apesar de já se terem disputado 12 edições do Grande Prémio de Portugal o ACP optou por apenas considerar aquelas que tinham contado para o Mundial de Fórmula 1. Assim, o décimo-terceiro Grande Prémio passava a ser o quarto.

À partida para a prova do Estoril estava o título de pilotos em jogo: Niki Lauda saíra de Nürburgring com 3,5 pontos de avanço sobre o seu companheiro de equipa Alain Prost e bastava-lhe ser segundo para se sagrar campeão. Entre os construtores, a McLaren-TAG já tinha o título mais do que assegurado com mais pontos que Ferrari e Lotus juntos, respectivamente segundo e terceiro classificados no Mundial.

Lauda qualificou-se apenas em décimo-primeiro e Prost fez a pole o que deixava tudo em aberto para a corrida. Outro ponto de interesse para o público era o jovem rookie brasileiro da Toleman, um tal de Ayrton Senna da Silva que fazia a sua estreia num circuito onde viria a ser muito feliz. Senna causou sensação ao colocar o modesto Toleman no terceiro lugar durante a qualificação. Voltando à corrida, Lauda seguia em terceiro lugar após ter passado justamente o Toleman de Senna e perseguia Mansell para tentar chegar ao segundo lugar que lhe garantia o título. Na frente, Prost fazia o que tinha a fazer e liderava mas à volta 52 um dos travões dianteiros do Lotus de Mansell cedeu, causando um pião ao inglês e consequente desistência. Lauda era agora segundo quando faltavam apenas 18 voltas para o final do campeonato e não mais perdeu o lugar conseguindo assim o seu terceiro e último título mundial. Logo atrás de si um sensacional Ayrton Senna terminava em terceiro dando o terceiro e último pódio do ano e de sempre à Toleman. No ano seguinte Senna rumaria à Lotus para o lugar de Mansell que deixava a Lotus rumo à Williams após o final da temporada.

SEreNNAta à chuva e afirmação no calendário

Provando que não há fome que não dê em fartura, os portugueses tiveram que esperar apenas 6 meses para poder voltar a ver a Fórmula 1 ao vivo. Para 1985 o Grande Circo estava de volta ao Estoril mas numa nova data, a 21 de Abril, ocupando agora o lugar de segunda prova no calendário.

Foi precisamente no Lotus preto e dourado com as cores da John Player Special que Senna conquistou aquela que seria a sua primeira pole do ano no Sábado. A pole-position foi só um aperitivo para o que se seguiria no Domingo: num dia frio e debaixo de chuva torrencial, Senna fez uma corrida perfeita e juntou a volta mais rápida e a vitória, a primeira da sua carreira, à pole-position do dia anterior. O domínio de Senna foi tal que deixaria o Ferrari de Michele Alboreto a mais de um minuto e todos os restantes carros a pelo menos uma volta de distância. Nascia assim a lenda de um dos melhores pilotos de sempre à chuva.

Em 1986 o Grande Prémio de Portugal mudaria uma vez mais de data, estabelecendo-se definitivamente em finais de Setembro, aquela que seria a sua data habitual enquanto fez parte do campeonato do mundo. À semelhança do ano anterior, Senna conseguiria a pole-position na frente de Mansell mas seria rapidamente ultrapassado pelo homem da Williams que iria dominar por inteiro a corrida. Senna era segundo quando, já na última volta da corrida, ficou sem gasolina, terminando mais cedo a prova. Ainda assim, foi suficiente para classificar-se no quarto lugar final, atrás do McLaren-TAG de Prost e do Williams-Honda de Piquet. O título ficaria em aberto com Mansell, Piquet e Prost ainda poderem ser campeões. Com o quarto lugar, Senna ficava fora da corrida. Entre os construtores, a Williams fazia a festa em Portugal com o duplo pódio de Mansell e Piquet a ser suficiente para fechar as contas.

No ano seguinte, novamente em Setembro, a corrida ficaria marcada por um aparatoso acidente na partida envolvendo 8 carros. Apesar do aparato, ninguém ferido e praticamente todos os pilotos puderam retomar a corrida no carro de reserva. O azar bateu à porta de Christian Danner, o único a ficar de fora do recomeço uma vez que o seu colega de equipa na Zakspeed, Martin Brundle, também esteve envolvido no acidente e ficou com o único carro de reserva disponível. Gerhard Berger tinha a pole mas o homem da Ferrari foi ultrapassado por Nigel Mansell, tal como tinha acontecido na primeira partida. Berger rapidamente retomaria a liderança, posição que manteria até duas voltas do fim onde iria cometer um erro e fazer um pião quando estava sob pressão de Prost. A vitória de Prost seria a vigésima-oitava da carreira, ultrapassando assim o record de vinte e sete vitórias de Jackie Stewart. Prost manteria o título de piloto mais vitorioso até 2001 quando a vitória de Michael Schumacher na Bélgica, a quinquagésima-terceira da sua carreira, fez do alemão o mais vitorioso de sempre.

Berger foi então segundo com Piquet em terceiro lugar mas que lhe permitia sair do Estoril com uma confortável vantagem sobre Senna que tivera problemas electrónicos no seu Lotus e fora apenas sétimo. Como curiosidade, refira-se o azar de Teo Fabi: uma vez mais o quarto classificado terminou a corrida mais cedo por falta de gasolina. Desta vez, a “vítima” foi o homem da Benetton.

A era Prost-Senna

A corrida de 1988 foi uma das mais emocionantes que o circuito português já viu. Neste ano os McLaren-Honda tinham um domínio absoluto sobre a concorrência e a equipa de Ron Dennis vencera todos os Grandes Prémios até aí. Todos? Bem, todos menos um, notavelmente a corrida anterior em Itália. a rivalidade entre os pilotos da McLaren estava ao rubro e, no Estoril, Senna era claramente o piloto da casa. Para desgosto da maioria do público, foi Prost que conseguiu a pole-position com o brasileiro ao seu lado na primeira linha. O arranque foi marcado por várias problemas: a primeira partida foi abortada após Andrea de Cesaris ter deixado o seu Rial ir abaixo na grelha. À segunda tentativa, novamente o mesmo problema, agora com o Arrows de Derek Warrick, desta vez com consequências mais graves pois o próprio de Cesaris acertou em Warrick envolvendo também o Lotus de Satoru Nakajima e o Minardi de Luis-Pérez Sala.

À terceira foi de vez e finalmente a corrida decorreu normalmente. Entretanto, Senna e Prost já tinham começado a trocar mimos durante as partidas falhadas com Senna a acusar Prost de o ter tentado bloquear e atirar para a relva. Senna passou Prost no arranque mas na volta 2 o francês aproveitou o cone de ar do brasileiro para ascender novamente à liderança. Furioso com Prost, Senna tentou apertar o seu colega de equipa contra o muro das boxes durante a ultrapassagem, numa imagem ainda hoje célebre. Senna acabaria por perder diversas posições devido a um erro de leitura do seu carro no consumo de combustível que o forçou a abrandar o ritmo desnecessariamente. Prost venceu e saiu de Portugal com a liderança no Mundial reforçada.

Notável também na corrida foi o segundo lugar de Ivan Capelli no modesto March naquele que seria o primeiro pódio do italiano e a última vez que um March terminaria tão alto no pódio. Capelli foi pressionado durante parte da corrida por Berger que fez a volta mais rápida durante o ataque. Quando o austríaco pressionava Capelli, tentou ajustar a sua posição de condução mas… carregou no botão errado e fez disparar o extintor. Com a perna gelada pela descarga de neve carbónica, o pé de Berger escorregou e fez um pião que o forçou a desistir. Thierry Boutsen herdou o terceiro lugar para a Benetton.

A corrida de 1989 seria uma vez cheia de eventos e de factos notáveis. Numa temporada novamente dominada pela McLaren-Honda, Senna fez a pole mas foi ultrapassado por Berger na partida e ficando sob pressão de Mansell. O britânico acabaria por ultrapassar Senna e mais tarde chegaria à liderança após ultrapassar também Berger. O momento crucial da corrida aconteceria durante a paragem nas boxes de Mansell: o piloto entrou na sua zona de boxes com demasiada velocidade e falhou a travagem no sítio certo. A sua equipa rapidamente se deslocou para junto do carro para assistir Mansell mas o piloto da Williams resolveu engrenar a marcha-atrás e colocar o carro de novo no sítio certo. Os mecânicos poderiam empurrar o carro manualmente de volta mas a marcha-atrás na via das boxes era uma manobra expressamente proibida. De regresso à pista, Mansell foi desqualificado e foi-lhe mostrada a bandeira preta pela manobra ilegal. Um furioso Mansell resolveu ignorar a bandeira preta e manteve-se em pista. À volta 48, Mansell tentou ultrapassar Senna mas o Ferrari e o McLaren colidiram e ambos os pilotos ficaram fora da corrida. O incidente prejudicou seriamente as hipóteses do brasileiro revalidar o título pois Alain Prost acabaria por ser segundo classificado e saiu do Estoril com 24 pontos de avanço quando restavam apenas 30 em jogo. Mansell acabaria por ser banido da corrida seguinte por ter ignorado as bandeiras pretas.

Com tudo isto, a vitória de Berger acabou por passar quase despercebida mas o que não passou despercebido a ninguém foi incrível feito de Stefan Johansson que no meio da confusão colocou o seu Onyx-Ford no lugar mais baixo do pódio. Para se ter noção do feito de Johansson, o seu companheiro de equipa, JJ Lento nem sequer se pré-qualificou para a corrida, algo que sucedera com Johansson na corrida anterior e iria acontecer nas três corridas restantes. Entre os dois carros, apenas por cinco vezes a Onyx veria a bandeira de xadrez nesse ano com Johansson a conseguir também um incrível quinto lugar em França. Juntamente com o pódio português, foram os únicos pontos do pequeno construtor inglês durante os seus dois anos na categoria máxima do desporto automóvel. Nota ainda para a classificação dos dez primeiros lugares com dez carros de dez equipas diferentes a ocuparem o top-10. Entre esses carros estava o Minardi de Pierluigi Martini que terminou na quinta posição mas o mais notável foi Martini ter passado pela liderança durante a prova, a primeira e única vez que um Minardi liderou uma corrida durante os seus 21 anos de história.

No início dos anos 90 o Grande Prémio de Portugal era já uma prova consolidada no calendário da Fórmula 1 muito devido ao trabalho do ACP e à influência e prestígio de Alfredo César Torres. Olhando um bocado para trás, César Torres fora uma figura fundamental na realização do primeiro Grande Prémio no Estoril, ele que já fora também o grande responsável pelo crescimento e prestígio que o Rally de Portugal conseguira obter. César Torres fora eleito vice-presidente da FIA em 1986 e em 1990 seria reeleito para o mesmo lugar. Em 1993 assumiria o cargo de Presidente-Delegado para o Desporto, cargo para o qual seria reconduzido em 1997, ano da sua morte.

Voltando à pista, 1990 seria um ano mais “normal” e onde a luta Senna-Prost seria uma vez mais protagonista. Prost era o campeão em título e estava agora na Ferrari onde fazia dupla com Mansell. Senna tinha a seu lado o antigo homem da Ferrari, Gerhard Berger. Na qualificação a Ferrari ocupou a primeira linha com Mansell na frente de Prost e seguido de Senna. O mau arranque dos Ferrari permitiu à dupla da McLaren assumir a liderança com Senna na frente enquanto Prost caiu para trás do Benetton-Ford de Piquet. Após as paragens Senna liderava mas tinha Mansell no seu encalço. Mansell acabaria por passar Senna que, depois do que havia acontecido no ano anterior, não se tentou defender pois o resultado permitia-lhe sair do Estoril com uma liderança reforçada face a Prost e assim foi até final com o brasileiro a terminar atrás de Mansell e na frente de Prost.

O final do Grande Prémio chegaria mais cedo com o Arrows de Alex Caffi a colidir com o Lola de Aguri Suzuki. Com o carro de Caffi parado numa zona perigosa da pista, a corrida foi interrompida e com mais de 75% da distância total já percorrida, não seria retomada. Senna saía do Estoril com uma confortável vantagem de 18 pontos sobre Prost e duas corridas depois confirmaria o título no Japão.

Portugueses em pista e o domínio da Williams

Em 1991 Ayrton Senna estava novamente a caminho do título mas desta vez a luta era com Nigel Mansell, agora na Williams. A Williams dominou a corrida com Ricardo Patrese a fazer a pole-position e o italiano acabaria mesmo por vencer. Pelo meio, Mansell fez a volta mais rápida e liderava a corrida desde a volta 18 quando o azar lhe bateu à porta. Na volta 29 Mansell foi às boxes e uma vez mais a box do Estoril estragou a corrida do britânico: um erro de comunicação entre a equipa de mecânicos causou a que o Williams arrancasse com uma roda mal apertada e Mansell parou imediatamente alguns metros à frente, sem roda traseira direita. A equipa de mecânicos correu para junto do carro e colocaram a roda em falta na via das boxes. A manobra era obviamente proibida, as rodas não podiam ser trocadas fora da box da equipa e, à volta 51, Nigel Mansell voltou a ver a bandeira preta no Estoril e foi novamente desqualificado, ordem que desta vez acatou.

Ricardo Patrese colocava assim o Williams-Renault no lugar mais alto do pódio, seguido do McLaren-Honda de Senna e do Ferrari de Jean Alesi. Senna tinha agora 24 pontos de avanço sobre Mansell quando estavam apenas 30 em disputa.

A prova teve ainda a participação de um piloto português mais de 30 anos depois da aventura de Nicha Cabral. Pedro Matos Chaves corria pela Coloni mas a época estava a ser um autêntico pesadelo e nunca conseguiu passar da pré-qualificação. Dos 38 carros presentes no Estoril, 8 tinham que disputar a pré-qualificação e o Coloni de Matos Chaves ocupou a oitava e última posição entre os carros que disputaram a pré-qualificação e ficou de fora da corrida. Após a prova portuguesa Matos Chaves recusou-se a voltar alinhar pela equipa italiana, eles que tiveram que falhar a prova seguinte em Espanha porque não encontraram ninguém que estivesse disposto a guiar o carro… O GP de Portugal de 1991 seria também o último do reinado do polémico Jean-Marie Balestre à frente da FISA com o inglês Max Mosley a suceder-lhe na semana seguinte.

O domínio da Williams continuaria nos anos seguintes e apenas Michael Schumacher quebraria a hegemonia da formação de Grove no Estoril ao vencer em 1993 com um Benetton-Ford. Voltando a 1992, a corrida desse ano foi o primeiro Grande Prémio desde 1987 onde todos os inscritos tiveram automaticamente lugar à partida. Com a histórica Brabham a ter ficado pelo caminho duas corridas antes e a absurda Andrea Moda a fechar portas na jornada anterior, desta vez foi a Fondmetal que ficou pelo caminho deixando assim o pelotão reduzido aos 26 carros máximos permitidos na grelha.

Os Williams dominaram uma vez mais e Mansell fez a pole-position e venceu sem oposição apesar de Senna ter ficado com a volta mais rápida. Seria a última volta mais rápida que um carro com motor Honda faria até ao Grande Prémio de Itália de 2016 e a última vez que dois McLaren com motor Honda marcariam pontos na mesma corrida até à Hungria 2015. O momento mais marcante da corrida ocorreria à volta 43: Gerhard Berger apercebeu-se do estado de degradação dos seus pneus e encostou-se à direita na recta da meta para entrar na via das boxes e substituir os Goodyear do Williams. Patrese seguia no cone de ar do McLaren e não se apercebeu da desaceleração súbita do austríaco para entrar na via das boxes. O italiano da Williams falhou completamente a ultrapassagem e acertou em cheio na roda traseira esquerda do McLaren, levando voo em plena recta de tal maneira que quase atingia um dos cartazes publicitários que estavam por cima da recta da meta. O Williams de Riccardo Patrese acabou em três rodas a deslizar pela recta junto ao muro mas felizmente o piloto não sofreu qualquer lesão no acidente. Schumacher e Martini furaram ao passar por cima dos destroços do Williams e tiveram que parar. JJ Lehto sofreu ferimentos ligeiros numa perna depois de alguns destroços terem entrada por baixo do seu Dallara e causado alguns arranhões na perna do finlandês.

Berger iria ainda conseguir terminar em segundo, atrás de Mansell e na frente do seu companheiro de equipa, Ayrton Senna. Num ano de domínio absoluto, Mansell e a Williams tinham chegado ao Estoril já com ambos os títulos no bolso mas o resultado permitiu a Senna ultrapassar Schumacher no segundo lugar depois do alemão ter ficado fora dos pontos devido ao furo.

Para 1993 a corrida do Estoril tinha um interesse adicional para o piloto português: depois da tentativa falhada de Pedro Matos Chaves apenas dois anos antes, finalmente um piloto português iria estar à partida de um Grande Prémio de Portugal em Fórmula 1. A responsabilidade estava nos ombros de Pedro Lamy, ele que lutava com Olivier Panis pelo título da F3000 Internacional e que se estreara na corrida anterior, em Itália, para substituir Alessandro Zanardi na Lotus. Zanardi sofrera um violento acidente nos treinos livres do Grande Prémio da Bélgica e ficou afastado da competição durante vários meses.

Lamy qualificara-se no décimo-oitavo posto entre vinte e seis carros, quatro lugares atrás do seu companheiro de equipa, o experiente Johnny Herbert. Lá na frente a Williams ocupou a primeira linha da grelha com Damon Hill na frente de Alain Prost. A surpresa maior veio da segunda linha da grelha de partida. A McLaren tinha terminado a ligação com Michael Andretti e em Portugal fazia alinhar pela primeira vez o seu piloto de reserva, o finlandês Mika Häkkinen que tinha vindo precisamente da Lotus no final do ano anterior. Na sua estreia pela McLaren Häkkinen deixou claro ao que vinha e bateu Senna na qualificação, colocando o seu McLaren-Ford em terceiro à frente do seu experiente companheiro de equipa.

Na partida o motor de Hill calou-se no arranque para a volta de formação, obrigando o inglês a sair do fundo da grelha. Na partida Prost perdeu terreno e um Senna obrigado a ganhar para manter as esperanças no título subiu a segundo, atrás do Ferrari de Alesi que assumira a liderança e na frente de Häkkinen que era terceiro. As esperanças de Senna foram por água abaixo logo na volta 20 quando o motor Ford do seu McLaren cedeu, deixando a questão do título para ser resolvida entre os dois Williams. Häkkinen despistou-se à volta 33 e pouco depois foi a suspensão do Ferrari de Berger a ceder. Após as paragens nas boxes Schumacher liderava seguido de Prost, posições que manteriam até final. Damon Hill recuperou até terceiro, na frente de Alesi e assim Prost celebrava o seu quarto e último título no Estoril, no mesmo local onde 9 anos antes perdera o campeonato por apenas meio ponto para Niki Lauda. A Williams festejou também o título de construtores nesse fim-de-semana com a Benetton e a McLaren a discutirem o segundo lugar nas duas corridas restantes. A Williams foi também notícia nesse fim de semana por se ter ficado a saber que iria perder, uma vez mais, o seu campeão do mundo com o anúncio do fim da carreira para Alain Prost. O motivo para a sua reforma vinha da box da McLaren com o francês a recusar-se a reeditar na Williams a dupla que formara com Senna na época seguinte e a optar por pendurar o capacete em vez disso. Ainda na corrida, Lamy despistou-se à volta 61 para desgosto do público português, curiosamente, apenas uma volta após o mesmo ter sucedido com o seu companheiro de equipa.

A vitória de Schumacher simbolizava também o fim de uma era. Piquet já se retirara dois anos antes e Mansell seguira o mesmo caminho no final de 1992. Agora era também a vez de Prost e, embora ninguém o pudesse prever na altura, seria também a última vez que Ayrton Senna correria no Estoril, onde conseguira a primeira vitória da sua carreira. Nomes como Schumacher, Häkkinen e Hill dominariam os anos seguintes, era uma nova geração que despontava no Estoril e que ainda ali iria correr mais alguns anos.

Os últimos anos: alterações no circuito e o adeus à Fórmula

Em 1994 o Autódromo do Estoril viu pela primeira vez o seu traçado alterado, os trágicos acontecimentos ocorridos apenas quatro meses antes em Imola mudariam para sempre a Fórmula 1 e o Estoril não foi excepção. No rescaldo das mortes Senna e Ratzenberger, a FIA exigiu a introdução imediata de diversas alterações nos circuitos e nos carros de forma a diminuir drasticamente as velocidades em pista. No Estoril, a principal vítima destas alterações foi a célebre curva do tanque, uma curva rápida e com pouca escapatória. Em vez de uma curva rápida foi colocada a chama Variante que incluía um gancho seguido de uma curva muito lenta, o que se traduziu em tempos por volta muito superiores. A volta mais rápida da corrida de 94 foi cerca de dez segundos mais lenta que a volta mais rápida do ano anterior.

Entre os pilotos, o homem da casa, Pedro Lamy, foi mais uma das vítimas desse ano fatídico. Ao testar algumas das alterações impostas pela FIA em Silverstone, a asa traseira do seu Lotus cedeu, deixando o carro de Lamy desgovernado a mais de 300 km/h. Como consequência, Lamy partiu ambas as pernas mas perdeu o resto da época e por isso não marcou presença no Estoril, sendo substituído pelo seu antecessor, Alessandro Zanardi. Sem os pilotos favoritos do público da casa, Senna falecido e Lamy a recuperar dos seus graves ferimentos, o líder do campeonato, Michael Schumacher engrossou a lista de notáveis ausências da prova portuguesa por estar a cumprir uma suspensão de duas corridas por ter ignorado bandeiras pretas em Silverstone por ordem da sua equipa.

Com Schumacher de fora, Damon Hill não deixou escapar a oportunidade de encurtar a diferença pontual para o alemão e venceu a corrida seguido do seu colega de equipa, o rookie David Coulthard que ocupara o segundo Williams após a morte de Senna e que fizera também a volta mais rápida. Mika Häkkinen completou o pódio no terceiro lugar. Gerhard Berger tinha feito a pole-position mas desistiu à sétima volta com problemas na caixa de velocidades. De fora da corrida ficaram os dois Pacific que com o pelotão agora composto por 28 carros, não conseguiram a qualificação. No final da corrida Hill conseguiu reduzir a diferença pontual para Schumacher apenas um ponto enquanto que a Williams subiu ao primeiro lugar com a dobradinha após a Benetton marcar apenas dois pontos com o quinto lugar de Jos Verstappen. Tudo em aberto para as últimas corridas onde Schumacher e a Williams iriam confirmar os respectivos títulos num final de temporada, no mínimo, polémico.

A luta entre Hill e Schumacher animou a temporada seguinte e é num clima aceso depois de vários incidentes entre ambos que o Mundial chegou uma vez mais ao Estoril. Schumacher liderava com 15 pontos de avanço sobre Hill quando faltavam cinco provas para o final, incluindo a portuguesa. Pedro Lamy estava de volta à pista depois de enfrentar uma longa recuperação após o seu acidente na Lotus. Quando regressou, a Lotus já não existia e o português ocupou o lugar de Pierluigi Martini na Minardi a partir da Hungria. Lamy qualificou-se em décimo-sétimo partilhando a nona linha da grelha com o seu colega, Luca Badoer que se qualificou no lugar a seguir. Na frente, a Williams garantiu a primeira linha com Coulthard na frente de Hill e logo seguidos do Benetton-Renault de Schumacher.

A corrida ficaria marcada por um violento acidente logo na partida. Na largada o Tyrrell-Yamaha de Ukyo Katayama surgiu no caminho do Minardi-Ford de Luca Badoer. Badoer não evitou a traseira do Tyrrell e acertou no carro do japonês, projectando-o no ar e fazendo-o dar uma série de cambalhotas aparatosas até aterrar sobre o roll-bar, de rodas para o chão. Katayama teve que ser extraído do carro e sofreu alguns hematomas e uma lesão no pescoço que o faria perder a corrida seguinte, em Nürburgring mas felizmente não deixou sequelas no piloto japonês.

Quanto ao resto da corrida não teve grande história. Coulthard venceu facilmente e Schumacher conseguiu ganhar uma posição a Hill, aumentando em dois pontos o avanço para o inglês no campeonato. Com este resultado o pódio era composto a 100% por carros com motores Renault. Entre os construtores, apesar da vitória de Coulthard, continuava a ser a Benetton-Renault que liderava e assim ficou até final da época. Pedro Lamy desistira logo à sétima volta com a caixa de velocidade do seu Minardi a ceder prematuramente.

O último Grande Prémio de Fórmula 1 no Estoril teria lugar no ano seguinte. O dia 22 de Setembro de 1996 iria marcar a despedida da Fórmula 1 do Autódromo Fernanda Pires da Silva embora a prova estivesse no calendário para o ano seguinte. O líder do campeonato e futuro Campeão do Mundo, Damon Hill, conseguiu a pole-position na frente do seu companheiro de equipa e único adversário no Mundial, o rookie Jacques Villeneuve. Os dois Minardis ocuparam a décima e última linha da grelha de partida com Lamy na frente do seu colega Giovanni Lavaggi.

Numa corrida sem grande história, Villeneuve acabou por superar Hill e levou a decisão do título para a corrida seguinte, a última da temporada, no Japão. Hill tinha agora nove pontos de avanço para o canadiano com dez em jogo mas não deixaria fugir o campeonato. A Williams-Renault chegara ao Estoril já campeão e com mais pontos que Benetton e Ferrari juntas, as quais discutiam entre si o segundo lugar, separadas por apenas um ponto. O campeão em título, Michael Schumacher, agora na Ferrari, acabou em terceiro, na frente do Benetton-Renault de Alesi, impedindo assim a Renault de repetir o feito do ano passado onde ocupara todos os lugares do pódio.

Na despedida da Fórmula 1 de Portugal, Pedro Lamy conseguiu finalmente terminar uma prova em casa mas o seu Minardi-Ford era um carro lento e ultrapassado e terminou em décimo-sexto e último, a cinco voltas de Villeneuve. No final desse ano, tal como o Estoril, Lamy também dexaria a Fórmula 1.

O calendário original da temporada de 1997 foi publicado pela FIA no dia 19 de Fevereiro de 1997 e no qual constava o Grande Prémio de Portugal, como habitualmente realizado no Autódromo do Estoril. Ao contrário do habitual, a prova portuguesa não foi agendada para Setembro mas sim no dia 26 de Outubro onde encerraria a temporada após o Grande Prémio do Japão. A razão para o adiamento prendia-se com a necessidade de realização de obras profundas no circuito e assim a corrida foi agendada para o mais tarde possível e colocada à condição no calendário.

Três meses mais tarde as obras praticamente não tinham arrancado. A FIA exigia que a Curva 1 fosse reconstruída para melhorar a segurança para além de exigir o reasfaltamento da pista, a construção de um novo hospital no circuito e a construção de um centro de imprensa dotado com a mais moderna tecnologia existente à época. É também necessário alargar escapatórias, renovar paddock e zona das boxes. Com as obras extremamente atrasadas, a FIA viu-se forçada a remover a prova portuguesa do Mundial de Fórmula 1 e que Jerez entraria em sua substituição, deixando contudo a porta aberta para o regresso da prova no Estoril.

A possibilidade do Estoril regressar à Fórmula 1 já em 1998 foi falada na altura mas posta de parte porque… as obras ainda não estavam concluídas. A competição automóvel só voltaria ao Estoril em Novembro de 1999 com as finais internacionais Renault mas aí já a Fórmula 1 partira em definitivo. Com a morte de César Torres em Novembro de 1997 Portugal perdera também uma figura de relevo político e influência junto da FIA.

Entretanto, à data de escrita deste texto, vinte e quatro anos passaram desde a última vez que a Fórmula 1 visitou Portugal.

Algarve e a GP2

Na primeira década do século XX um novo projecto de um Autódromo com capacidade de acolher qualquer categoria de automobilismo surgiu no sul do país, no Algarve. O Autódromo Internacional do Algarve, nos arredores de Portimão surgiu com o objectivo de trazer a Fórmula 1 de volta a Portugal e tal esteve próximo de acontecer no final da década. No final de 2008 e no início de 2009 várias equipas de Fórmula 1 testaram no novo circuito e no final de 2009 o autódromo recebeu a última prova da GP2 Series, principal corrida de promoção da Fórmula 1. A prova foi vista como um ensaio para que a pista pudesse receber a Fórmula 1 e ressuscitar o Grande Prémio de Portugal mas em plena crise económica não seria sustentável financiar um evento desta dimensão e os planos foram por água abaixo.

Covid-19 e o regresso

O ano de 2019 foi mais uma época normal na história da era híbrida da Fórmula 1: a Mercedes dominou a temporada, Lewis Hamilton e a sua equipa cedo carimbaram ambos os títulos. Assim se passou mais um ano e, como habitualmente, durante a temporada a Liberty anunciou o calendário para 2020: pela primeira vez o Mundial de F1 iria ter 22 corridas e dois novos circuitos: um circuito citadino em Hanói, Vietname e Zandvoort, na Holanda. De fora ficava Hockenheim, na Alemanha.

Só que os planos para a mais longa temporada de sempre da Fórmula 1 cedo ficaram ameaçados, muito antes ainda de alguém sequer suspeitar: a 31 de Dezembro de 2019 é reportado um caso de uma nova nova doença na cidade chinesa de Wuhan. A doença, ficaria conhecida como Covid-19 e mudaria para sempre o Mundo e o desporto automóvel não escapou a este terramoto que abalou toda a civilização.

Em Fevereiro a temporada de F1 arrancou como habitualmente com os testes de conjunto em Barcelona. Ao longo de duas semanas as equipas rodaram com um burburinho em fundo da tal doença que poderia pôr em causa a primeira corrida na Austrália. Por esta altura já o GP da China tinha sido adiado para data incerta. A 11 de Março a OMS declara que o surto de Covid 19 se tinha tornado numa pandemia e nessa mesma semana toda a caravana da Fórmula 1 desloca-se para a Austrália para disputar a tradicional prova de abertura do campeonato.

Apesar do público se ter juntado à entrada do circuito, a corrida seria mesmo cancelada já depois da hora em que o circuito supostamente abriria ao público depois de terem sido detectados casos de Covid 19 no paddock e já dois dias depois da McLaren ter abandonado a corrida devido à ocorrência de um caso no seio da equipa.

Seguiram-se uma maré de cancelamentos e adiamentos e o campeonato ficou em suspenso durante meses. Na data prevista realizou-se finalmente o GP da Aústria, no primeiro fim de semana de Julho. O Mundial começara com apenas 8 provas e 6 circuitos confirmados enquanto a Liberty e a FIA procuravam alternativas para poder realizar uma temporada com um mínimo de 15 ou 16 corridas.

Finalmente na véspera da segunda prova da época são confirmadas mais duas provas: o GP da Rússia mantém a data prevista e um novo circuito é adicionado ao Mundial. Mugello, na Toscana, iria fazer a sua estreia no Mundial de Fórmula servindo de palco precisamente ao Grande Prémio da Toscana.

O campeonato ainda estava incompleto e algumas semanas mais tarde, a 24 de Julho, seria anunciado novo alargamento: o Grande Prémio da Alemanha regressava mas desta feita romaria a Nurbürgring; Imola estava também de volta ao Mundial, agora como Grande Prémio da Emilia-Romagna. Entre as novas provas estava ainda mais um regresso: o Grande Prémio de Portugal volta a fazer parte do Mundial de Fórmula 1 vinte e quatro anos depois da última prova no Estoril. Desta vez, a prova será no Autódromo Internacional do Algarve, em Portimão que receberá finalmente a sua primeira prova de Fórmula no fim de semana de 23 a 25 de Outubro.

Como curiosidade, quando a prova decorrer em Outubro terminará o segundo hiato de vinte e quatro anos entre provas. É o quarto circuito diferente a receber a prova portuguesa. Será um evento único devido à situação excepcional criada pelo Covid 19 mas fica a esperança de que um evento bem sucedido possa vir a lançar as bases para que não seja necessário esperar mais vinte e quatro anos para voltarmos a ver a Fórmula 1 em Portugal.

Vê os artigos completos aqui:

Parte 1: https://drivetribe.com/p/grande-premio-de-portugal-das-origens-YoC9o4_DTqCGu894M6igOA?iid=Mnu4TT_lQGepWLMnlL7ukw

Parte 2: https://drivetribe.com/p/grande-premio-de-portugal-das-origens-TK8YED_nTPu7QbKcE5idqA?iid=dgjEWW4bSH2vBeZaF_xvHw

Parte 3: https://drivetribe.com/p/grande-premio-de-portugal-das-origens-e4jciqAoR2yZ8WfRr-dqgQ?iid=Fg9MqCsISZuZrTmw7NIJdw

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