A aldeia de Beira Grande tem umas ruelas estreitas que se ramificam a partir da igreja de Santo António, padroeiro da freguesia.
Igreja Matriz apresenta algumas curiosidades: nas traseiras há uma pedra com uma inscrição onde se pode ver gravado o ano de 1565. A igreja é muito posterior a essa data! Contudo, a primeira igreja, românica, deve ter sido anterior a essa data. Assim, a data assinalada pode corresponder a uma das ampliações, coisa que também aconteceu no Séc. XVIII que deu origem à atual igreja.
No alçado virado a norte há mais curiosidades na cornija: uma figura feminina deitada, um esticador de cordame das naus e uma cabaça. A cultura popular atribui à imagem feminina a representação de uma mulher bêbada, chamando-lhe “Borrachona” (tendo junto dela a cabaça e um pipo de vinho). Esta interpretação está ligada à produção marcadamente vinícola da aldeia. A figura feminina também personifica a Beira Grande. Outra possibilidade, e tendo em conta a proximidade com um antigo caminho de S. Tiago, é a de representarem alojamento e apoio. Estas podem ser as únicas pedras que restam da primitiva capela. A “Borrachona” não faz parte dos símbolos oficiais da freguesia, mas é, sem dúvida o ícone mais caraterístico de Beira Grande.
A pedra da igreja é de boa qualidade e está perfeitamente aparelhada. A fachada principal termina em empena truncada por sineira de dois sinos, não havendo mais elementos a destacar, nem mesmo pináculos!
O interior da igreja está em muito bom estado. O chão, o teto, as paredes e a talha dos altares estão impecáveis. O altar da capela-mor é mais interessante do que os dois laterais no corpo da igreja. São todos de estilos diferentes. Há um conjunto de imagens bastante antigas. Nossa Senhora da Luz e o Senhor dos Passos são as que mais impressiona.