O Santuário da Nossa Senhora da Lapinha situa-se na contra-encosta da serra de Santa Catarina, ou montanha da Penha. Está a 468m de altitude.
Na Ronda da Lapinha suplica-se solenemente a intervenção da Nossa Senhora, junto do Filho, para auxiliar os agricultores nas suas colheitas, e que as livre de moléstias ou outros desastres naturais. O auxílio divino implora-se em especial para o milho e o vinho.
Desta explicação comprende facilmente que a Senhora da Lapinha seja considerada a advogada dos agricultores. No entanto, é também a Ela que os crentes recorrem quando se vêem aflitos nas adversidades da vida. Implora-se o alívio na doença, pede-se proteção para o mancebo que vai para o serviço militar, promete-se uma oferenda para que proteja os animais domésticos (…) recorre-se à Sua proteção na gravidez ou nos tempos que antecedem o parto.
A velha capelinha tosca foi derrubada em 1932 para dar lugar à atual. Os romeiros foram aumentando, as esmolas crescendo e o tempo mudou. A pedra que nela existia e que tinha gravada a data de 1656 perdeu-se e com ela lá se foi um documento histórico de valor crucial (…) O derrube da velhinha ocorreu no ano de 1932 para de imediato se iniciarem as obras do levantamento da atual Igreja.
Tem este novo edifício apenas uma nave, coro alto com acesso pela torre sineira, corpo de igreja separado da capela-mor por um arco triunfal, capela-mor, sacristia com escada para o andar interior elevado. A sacristia é de apreciável dimensão. As suas dimensões exteriores medem 15 metros de largo por 30 de comprido. Não é propriamente grandioso, mas pela sua amplitude, claridade recebida da luz natural, coro desafogado, varandim exterior na frontaria e ampla porta principal, bem se pode considerar uma igreja moderna e adaptada às suas funções.
O aforismo “És da Lapinha” é uma expressão que tem um elevado valor depreciativo. Quem pronuncia a pequena frase pretende obter um estatuto superior em relação ao habitante daquele lugar. No entanto, sempre que pronuncia esta expressão para significar atrasado, rude, insolente, está a flagelar-se a si mesmo. Esse estorvo social vê recair sobre si a ressonância deformada da frase, como o eco que a montanha devolve a quem produziu o som alto e gritante. Em 1612 este monte já era referenciado como Monte da Nossa Senhora da Lapa. Magalhães Leite, Artur, O Culto à Senhora da Lapinha, março 2007