A camarinha (Corema album) ou camarinheira é um arbusto da família das Empetraceae, endémico em Portugal.
Nasce espontaneamente em sistemas dunares ou em matas baixas dos pinheirais da costa atlântica. Produz frutos comestíveis de sabor agridoce e de aspecto leitoso e brilhante como as pérolas (as camarinhas), e delas se confecionam geleia e compota. A sua rama liberta um cheiro semelhante ao mel.
“A camarinha é um símbolo da Mata Nacional do Camarido e da zona dunar contígua de Moledo. Esta espécie endémica terá mesmo dado o nome a este pinhal atlântico. As lutas ecológicas surgiram em Caminha precisamente quando foi necessário defender a Mata Nacional do Camarido contra a sua alienação e urbanização, no final da década de 70 do século passado. A Corema ao adoptar o nome científico da camarinha ficou, desde logo, ligada à sua existência. A constatação da regressão acelerada desta espécie botânica, existente originalmente apenas na Península Ibérica, impõe-nos que mobilizemos todos os recursos existentes para evitar o seu desaparecimento completo da zona dunar de Moledo e da Mata Nacional do Camarido. Constituem, como são conhecidas em Espanha, autênticas “perlas de las dunas”, património natural e biogenético que não queremos que se extinga.” José Gualdino Correia
Apontamento histórico Durante o seu reinado (século XIII) o rei D. Dinis ordenou a plantação de um pinhal junto à foz do rio Minho, com o objetivo de fixar as dunas impedindo o avanço das águas do oceano. No ano de 1836 passou para a posse da Administração Geral das Matas do Reino, tendo sido arborizada entre 1881 e 1882. Desde então e até à data fica sob administração/gestão direta dos Serviços Florestais, hoje representados pela Autoridade Florestal Nacional (DRF do Norte).
Também a Lenda das Camarinhas (tal como a do milagre das rosas e muitas outras) tem como protagonista a Rainha Santa Isabel.
Esta mulher, que toda a vida foi compreensão e amor, não era feliz.
É sabido da História que el-rei D. Dinis cedo a trocou por várias outras mulheres, de quem tinha filhos que trazia para a corte e que ela própria criou como se fossem seus.
Quase esquecida pelo marido, diz a lenda que, no seu desespero, a Rainha, informada pelas aias das "andanças" do esposo, o procurava pelo Pinhal do Rei, montada no seu cavalo.
Assim explica o povo a origem das camarinhas.
As Camarinhas
Dizem que Santa Isabel,
Rainha de Portugal,
Montando branco corcel,
Percorria o seu pinhal!
-“Ai do meu Esposo! Dizei!
Dizei-me, robles* reais!
Meu Dinis! Senhor meu Rei!
Em que braços suspirais?!...
Os robles silenciosos
Do vasto Pinhal do Rei
Responderam receosos
– Não sei!...
E o pranto da Rainha
Nas suas faces rolava,
Regando a erva daninha
No pobre chão que pisava!
– “ Ó meu Pinhal sonhador
Que o meu Rei semeou!
Dizei-me do meu Amor
E se por aqui passou...”
Os robles silenciosos
Do vasto Pinhal do Rei
Responderam receosos:
– Não sei !...
Mas cristalizou-se o pranto
Em muitas bagas branquinhas
E transformou-se num manto
De brilhantes camarinhas!...
Eis que repara a Rainha
Numa casa iluminada...
– “ Quem vela nesta casinha
Numa hora adiantada ?!...”
Os robles silenciosos,
Tão tristes que nem eu sei,
Responderam receosos:
– O Rei!...
* robles = nome popular por
que também são conhecidos
os carvalhos comuns.
A Mata Nacional do Camarido localiza-se junto à Foz do Rio Minho, entre as praias de Moledo e da foz do Minho. São cerca de 164 hectares de pura floresta, onde a sombra dos pinheiros dá lugar a uma frescura impar e os vários caminhos existentes oferecem condições ótimas para corridas saudáveis ou sossegados passeios a pé ou de bicicleta. Aqui encontra o refúgio ideal para descontrair após um longo dia de trabalho ou para se divertir com a família e amigos. A caminhar, em corrida ou a pedalar, sinta a maresia com o perfume da floresta..
Moledo é cada vez mais um ponto emblemático no mapa de Portugal: o conjunto da praia extensa, com as águas frias e as paisagens únicas, tornam este lugar especial aos olhos de todos aqueles que por aqui passam.
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