A Ferreirinha - parte II
Mas só depois da morte do primeiro marido, é que o espírito empreendedor desta senhora se manifestou de forma admirável, fazendo grandes plantações no Douro e obras de benfeitoria, tornando-se numa figura de primeira grandeza.
Tão importante que o Duque de Saldanha, então Presidente do Concelho, pretendeu que seu filho, o Conde de Saldanha, contrai-se matrimónio com a filha de tão distinta senhora. D. Antónia recusou o convite, embora se sentisse muito honrada, alegando para o efeito a tenra idade de sua filha, que só tinha onze anos e que também gostaria que fosse ela a escolher o seu esposo. O Duque, habituado a não ser contrariado, mandou os seus homens raptar a menina. Mãe e filha, quando souberam o que lhes pretendia fazer, fugiram vestidas de camponesas, ajudadas por amigos, para Espanha e depois para Londres, onde se refugiam.
Depois da filha casada com o Conde de Azambuja, D. Antónia casou com Francisco José da Silva Torres, seu secretário. Com pouco mais de meio século de existência e no auge das suas capacidades de administradora, comprou todo o vinho do Douro para dessa forma ajudar os agricultores na luta contra os baixos preços praticados por consequência duma crise de abundância. Com todo o vinho comprado e guardado nos seus armazéns, surgiu a “filoxera”, que destruiu quase a totalidade dos vinhedos, lançando os durienses na miséria.
Mas com o poder negociável que se lhe reconhecia e com todo o vinho nos seus armazéns, pôde com facilidade negociar da melhor maneira com os ingleses, tornando a casa agrícola Ferreira muito mais rica.
Depois da catástrofe praga da filoxera, mandou replantar as vinhas. Pagou a construção de quilómetros de estradas e de caminhos-de-ferro, tendo dado trabalho a mil operários e desta forma cobriu as suas vinte e três quintas com milhões de cepas.
Em 1880, ficou novamente viúva, mas mesmo assim continuou com a sua obra benfeitora, ajudando a construir os hospitais de Peso da Régua, Vila Real, Moncorvo e Lamego. Mandou construir no Moledo um palácio para acolher o Rei D. Luiz, as termas, a piscina e um fabuloso parque. Ajudou a Misericórdia do Porto, ficando esta obrigada a socorrer qualquer familiar seu Dois anos depois da sua morte, foi criada a Companhia Agrícola dos Vinhos do Porto, mais conhecida por “Casa Ferreirinha”.
Info: www.cm-pesoregua.pt
O Local
A cache está colocada na parede do palacete mandado construir pela Dona Antónia Adelaide Ferreira, para acolher o Rei D. Luiz
No local ainda existe uma unidade hoteleira, as termas e a piscina estão encerradas, o cais pouco é utilizado, e todo o local tem um aspecto de abandonado. Mesmo assim é um excelente local para um passeio a beira douro.