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Na trilha que sobe até a Fenda da Freira e à parte superior da Furna do Buraco do Padre temos formações geológicas espetaculares. Cada uma mereceria um Earthcache diferente...
Ali nesse relevo ruiniforme passaremos por uma torre de arenito que é um famoso setor de escalada esportiva, o Bloco do Favo.
Depois de olhar o tal morro ficaria um pouco fácil responder porque colocaram esse nome no bloco, ele possui distintas perfurações em suas faces que lembram muito os favos de uma colônia de abelhas. Isso me chamou a atenção pois na verdade é um tipo de erosão alveolar um pouco diferenciada das que eu havia conhecido no Parque estadual de Vila Velha ou até mesmo em outros morros aqui por perto... Depois de pesquisar um pouco cheguei até um estudo que resumo abaixo, este explica como as perfurações de cupins auxiliaram parcialmente na moldagem deste relevo ruiniforme e nas caóticas geoformas destes arenitos.
A região dos Campos Gerais do Paraná notabiliza-se pela ocorrência de arenitos paleozoicos da Bacia do Paraná que apresentam feições de relevo singulares. Tais feições têm importância por encerrarem importante patrimônio natural e científico; e indicam que alguns dos arenitos constituem carste não carbonático. É comum a ocorrência de perfurações tubulares de diâmetro subcentimétrico a centimétrico, associadas a muitas das feições de relevo, sugerindo influência recíproca. As perfurações podem ter origem na ação de processos de erosão mecânica e/ou química (alvéolos, túneis de dissolução) ou de organismos (cupins, raízes). Observações sistemáticas destas perfurações indicam que elas são de diferentes idades. Algumas das mais recentes são inequivocamente atribuíveis a cupins, pela presença de cupinzeiros vivos, ou pela preservação de características morfológicas típicas. À medida que são mais antigas e desfeitas pelo intemperismo, a origem das perfurações torna-se mais incerta. Este trabalho procura organizar a descrição das perfurações em arenitos da região. A verossímil hipótese de que parte delas tenha estreita relação com a atividade de cupins traz a necessidade de se reconsiderar este fator, usualmente negligenciado no estudo da origem e evolução de feições erosivas e cavidades subterrâneas.
Os fatores responsáveis pela evolução das feições erosivas dos arenitos paleozoicos são de múltipla natureza: atributos das rochas sedimentares, falhas e fraturas, ação das águas meteóricas, da radiação solar e de macro e microrganismos, entre outros.
O papel das perfurações de cupins no singular modelado de relevo da região é menosprezado. Entretanto, em várias situações é possível observar notável perfuração dos arenitos por cupins, algumas vezes em situações que fazem supor que a idade dos túbulos possa ser bastante antiga. Outras vezes observam-se feições erosivas associadas a perfurações onde a provável ação de cupins não é nítida.
Mas elas podem ter evoluído a partir dos túbulos, o que torna o estudo de suas relações oportuno, quando se visa analisar o papel relativo dos diversos fatores envolvidos na gênese das feições típicas dos arenitos paleozoicos da região.
Dentre os inúmeros padrões de Feições de relevo nos arenitos dos Campos Gerais destacaremos aqui:
- Alvéolos: escavações superficiais promovidas pelas águas pluviais, por ação de erosão mecânica e dissolução; - túneis anastomosados e cones de erosão: feições originadas por erosão mecânica e dissolução, controladas por juntas horizontais;
- Juntas poligonais: abertura, por efeito de dissolução/erosão mecânica, de juntas poligonais formadas aparentemente pela insolação;
- Perfurações produzidas por cupins: perfurações em rochas, sobretudo arenitos, atribuídas a cupins (tubos termíticos); a origem é interpretada pelos padrões construtivos (geometria, orientação, diâmetro).
Fatores que influenciam nos processos e feições erosivas
Podem-se relacionar alguns fatores intrínsecos principais, ou seja, próprios das rochas, a evolução e a forma final das feições de relevo típicas dos arenitos dos Campos Gerais. Entre eles, a textura, o cimento e as estruturas sedimentares e rúpteis.
Os aspectos texturais controlam a possibilidade de percolação de fluidos na rocha, interferindo nos processos de cimentação e neoformação, durante a diagênese, e de intemperismo e erosão, durante a alteração.
Os fatores extrínsecos dos processos erosivos são aqueles exteriores às rochas, que influenciam a natureza e a intensidade da erosão. Os principais são o relevo, as águas das chuvas, a radiação solar e os organismos.
Perfurações nos arenitos dos Campos Gerais
Não raro observam-se perfurações nos arenitos, que podem ter origens diversas: pequenos dutos formados por processos de dissolução, ação de raízes, ação de cupins e outros organismos escavadores.
Algumas das perfurações apresentam geometria ainda bem preservada (calibre, orientação, comunicação, continuidade) que permite atribuí-las à ação de cupins. O fato de nem sempre serem observados cupinzeiros atuais próximos sugere que possa tratar-se de feições relativamente antigas.
Antiguidade das perfurações
Alguns autores têm feito referência às idades de evidências da ação de cupins em solos e rochas. Tais idades podem variar do Cretáceo Superior ao Pleistoceno Superior e Holoceno.
Situações observadas nos arenitos dos Campos Gerais sugerem que existem nas rochas perfurações de diversas idades. As mais antigas estão mais desfeitas pelos processos de intemperismo e incrustações; as mais jovens estão ainda bem preservadas, algumas vezes conservando o revestimento interno dos túbulos com material peletal fino
Controle litoestrutural das perfurações
A distribuição não aleatória de perfurações faz supor que alguns atributos da rocha controlam a ação dos cupins. Algumas vezes, as perfurações distribuem-se preferencialmente ao longo de camadas. Nesses casos, possivelmente a atividade dos cupins é controlada pela textura dos arenitos (tamanho e imbricação dos grãos) e pela intensidade da cimentação por caulinita ou óxidos de ferro. Outras vezes as perfurações apresentam tendência de paralelismo com a estratificação cruzada do arenito, cuja variação textural influencia a coesão da rocha. Outras vezes, ainda, as perfurações atribuíveis a cupins, com incrustações associadas, alinham-se ao longo de fraturas nos arenitos