Igreja Matriz dos Montes da Senhora
A oliveira secular, classificada como monumento vivo de interesse público desde 1995, imprime a sua marca na imagem da igreja paroquial de Montes da Senhora. E recorda igualmente a lenda associada à sua origem. Conta-se que Nossa Senhora do Pópulo apareceu na toca de uma sobreira, situada precisamente no local onde hoje se encontra a oliveira. Quem a encontrou pensou em lhe mandar construir uma capela no Vale da Igreja, mas a escolha não terá agradado à Senhora que, diz a lenda, voltava sempre à toca da grande sobreira. Perante a insistência, o povo teve de render-se e construir a capela na atual localização.
Não há registos da data de fundação da capela, sendo de 1833 o livro mais antigo da Confraria da Senhora do Pópulo que resistiu no arquivo da Junta de Freguesia de Sobreira Formosa. O rendimento desta confraria advinha das esmolas em cereais, azeite, castanhas, linho (em tecidos e em rama), de ofertas em dinheiro e em peças de ouro. A confraria explorava ainda oliveiras espalhadas por várias propriedades da freguesia, cuja azeitona era vendida em hasta pública.
O atual edifício foi inaugurado a 13 de agosto de 1950, nas vésperas do dia da padroeira (15), com a bênção do bispo da diocese, D. António Ferreira Gomes. O altar destaca-se pela simplicidade, com leves ornamentos de talha dourada pincelados sobre a madeira branca. À esquerda, o nicho de Nossa Senhora do Pópulo, emoldurado a granito. À direita, a pia batismal também em granito empresta uma presença forte ao interior. As imagens de Santo António e de Nossa Senhora de Fátima apresentam-se de frente para os fiéis, a ladear o altar-mor. O granito volta a ser o material em destaque na fachada.
Ornamenta a porta de entrada, encimada por uma pequena cruz, e o vitral tipo rosácea. Muito usados no auge do período gótico, estes elementos ornamentais simbolizavam, através da luz e da cor, o contacto com a espiritualidade a ascensão ao sagrado.