Bugre é uma denominação dada a indígenas por serem considerados não cristãos pelos europeus.
A área da Cascata do Salto Ventoso é palco de muitas histórias e lendas.
Uma das histórias mais impressionantes, relatada no Livro "Vítimas do Bugre", escrito pelo Monsenhor Matias José Gansweidt, conta a história vivida pela família do imigrante holandês Lamberto Versteg em 1868.
À medida que os europeus colonizadores da Serra Gaúcha avançam sobre a Mata Atlântica nativa da região, abrindo picadas para novas plantações, inevitavelmente acabaram entrando em conflito com os índios caigangues nativos da região, que consideravam as terras de sua exclusiva propriedade.
Começaram então os combates impiedosos entre os indígenas e os colonos instalados há poucos anos na região. Muitas famílias de colonizadores foram massacradas pelos índios. Outras se viram forçadas a abandonar as suas colônias. Diante da situação, os colonos apelaram para o governa da Província, que destacou 30 soldados para São Vendelino. Alguns anos antes, um índio ainda menivo foi capturado pelos imigrantes europeus e criado por um portugês, levando o nome de Luís Antônio, conhecido como Luís Bugre. Após ouvir que Lamberto havia mencionado seu nome na casa de comércio de São Vendelino, o jovem Luís, considerado muito vingativo, planejou um ataque à colônia do holandês. Aproveitando-se de uma oportunidade em que Lamberto viajou, Luís Bugre atacou a casa do colono, incendiando a casa e tomando os animais.
Além disso, Luís Bugre sequestrou a esposa da Lamberto Versteg, Valfrida, e seus filhos Jacob e Lucila. Após o episódio, os colonizadores realizaram diversas incursões à floresta para recuperar a família de Lamberto, todas sem sucesso. Segundo conta o livro, muitos anos se passaram, e Valfrida e Lucila provavelmente foram mortas pelos bugres. No entanto, após cerca de dez anos em poder dos índios caigang, Jacob consegue fugir, volta para São Vendelino, habitando esta região até 1935, quando morre aos 80 anos.