Bolo de Mel (Madeira)
Existem relatos de que a doçaria tradicional portuguesa tem grande parte da sua origem nos conventos e mosteiros portugueses no século XVI.
Com as enormes quantidades de açúcar que invadiu Portugal quando começou a exploração de cana de açúcar na Ilha da Madeira, os frades e as freiras criavam verdadeiras iguarias juntando-lhes amêndoa ou outros frutos secos. A base de quase todos os doces é açúcar e ovo, ou melhor, a gema do ovo. Dizem que essa história começou porque as claras dos ovos eram usadas para engomar os hábitos dos padres e freiras.
Existem também receitas com origem nas famílias aristocráticas de onde provinham os segundos filhos sem herança, quase todos destinados a uma vida de clausura e outras foram reproduzidas e adaptadas do lado de fora da clausura, por antigos trabalhadores dos conventos, tornando-se típicas de determinada região.
Ingredientes:
2,5 Kg de farinha
1 kg de açúcar
750g de banha
500g de manteiga
25g de erva-doce
50g de canela
12g de cravinho-da-india
1 colher de chá de mistura de especiarias
2kg de nozes (com a casca)
250g de miolo de amêndoa
50g de cidrão
5 colheres de sopa de bicabornato de sódio
250g de pão de massa
1,8lt de mel de cana (cerca de 2 garrafas e meia de melaço)
1 cálice de vinho da Madeira
4 laranjas
Preparação:
Na véspera do dia em que se vai preparar o bolo, compra-se o pão em massa no padeiro ou prepara-se o fermento com 250g de farinha, 1dl de água tépida e 10g de fermento de padeiro. Envolve-se o pão (ou fermento) num guardanapo depois de passado por farinha e deixa-se ficar em sítio quente de um dia para o outro.
No dia seguinte, peneiram-se as especiarias previamente pisadas, cortam-se as amêndoas, as nozes e o cidrão em bocados. Dissolve-se o bicarbonato no vinho da Madeira. Derretem-se as gorduras no mel quente. Raspa-se a casca das laranjas e as especiarias. Amassa-se até a massa desprender do alguidar. Abafa-se com um pano e um cobertor e deixa-se levedar em sítio morno, a uma temperatura sempre igual, durante 3 a 4 dias. Depois divide-se a massa em porções de 250, 500 ou 750g conforme o tamanho dos bolos. Deitam-se estas porções de massa em formas redondas, direitas e baixas muito bem untadas e leva-se a cozer em forno bem quente, depois de se ter enfeitado a superfície com meias nozes, ou amêndoas ou bocados de cidrão.
Fonte: livro “Cozinha Tradicional Portuguesa” Maria Lourdes de Modesto
Nota:
Vem fazer um pequeno passeio pela doçaria tradicional portuguesa a pé ou de bicicleta.