HISTÓRIAS E O POÇO
Embora o documento mais antigo que se refere às salinas date de 1177, pensa-se que o aproveitamento deste sal-gema já seria feito desde a Pré-História. As salinas medievais situavam-se próximo da aldeia do Pé da Serra numa zona ainda hoje conhecida por marinhas velhas. Terá sido no decurso do Séc. XVIII que ocuparam a posição atual no vale tifónico. A Serra dos Candeeiros é, dada a sua natureza calcária, possuidora de inúmeras falhas na rocha o que faz com que as águas da chuva não fiquem à superfície, formando cursos de água subterrâneos. É esta água que atravessa uma extensa e profunda jazida de sal-gema que alimenta o poço que se encontra no centro das Salinas, e de onde se extrai água cerca de sete vezes mais salgada que a do mar. A jazida de sal-gema ocupa aproximadamente a área da Estremadura Portuguesa, entre Leiria e Torres Vedras, tendo-se formado há milhões de anos, depois do recuo do mar que outrora ocupou a região. Embora inicialmente a água fosse retirada do poço através de duas picotas, o que exigia um esforço enorme dos salineiros, hoje em dia é retirada através de uma moto-bomba e distribuída pelos “talhos” de produção..
O atual poço, construído no séc. XVIII, tem cerca de 9m de profundidade, 3.75 m de diâmetro e é a única fonte de água salgada para as nossas salinas. Em 1850, após o seu colapso, foi reconstruído e em meados do séc. XX foi aprofundado. Construído em alvenaria utilizando pedra local, a observação do seu aparelho construtivo permite ter uma ideia da diversidade de recurso geológico da área do anticlinal ou vale tifónico da Fonte da Bica. Associada à origem do poço e das salinas temos uma lenda que relata a história de uma pequena pastora, que, quando apascentava uns jumentos, sentindo alguma sede, dirigiu-se a uma nascente para beber água, tendo sido surpreendida pelo facto da mesma ser salgada. Correu para casa para contar a novidade e imediatamente o seu pai e alguns vizinhos dirigiram-se ao local onde viria a ser construído o poço.