Ao centro da rotunda da Praça de Portugal ergue-se o Monumento ao 25 de Abril e às Nacionalizações. Trinta toneladas de ferro e chapa de aço dão corpo à escultura, enquanto os símbolos da revolução dão alma à obra que atravessa o tempo e marca gerações.
Os ataques ao processo de nacionalizações da época inspiraram a criação artística abstrata. É constituída por um cubo, pintado a azul, que simboliza a solidez e estabilidade das estruturas do Estado, e por um conjunto de lâminas vermelhas que evocam a força e a criatividade laboral.
O esforço fez a obra, fruto das quase três mil horas de trabalho voluntário que os operários da antiga Setenave usaram para financiar a criação artística dos escultores Virgílio Domingues e António Trindade e do arquiteto Rodrigo Ollero, inaugurada a 1 de outubro de 1985.
O monumento “nasce com o desejo dos trabalhadores de oferecerem algo (…) com que se identificam nos mesmos objetivos de esperança e certeza, de vida e humanismo, de justiça e paz”, afirmou, na inauguração, o presidente da Autarquia na altura, Francisco Lobo.
A escultura, que no topo ostenta a palavra “Abril”, ganhou vida nos estaleiros de reparação naval. O ferro e as chapas de aço, cedidos pela administração da empresa, foram moldados com recurso a um pantógrafo laser.
Dali, as peças foram transportadas num batelão até ao Porto de Setúbal. Depois, em camiões, até ao destino final, sem que se pudesse evitar alguns problemas de trânsito, até porque as lâminas chegam aos 13 metros e o cubo tem seis de largura.
O projeto foi escolhido através de um concurso público lançado pelo Município, em março de 1985. Houve oito candidatos. A qualidade plástica, a melhor adequação aos materiais propostos e a exequibilidade foram decisivas para a escolha, por unanimidade, do júri. O prémio foi de cem contos (500 euros).
A obra de arte esteve para ser instalada numa rotunda que existia na área nascente da Avenida Luísa Todi. Solos demasiado arenosos levaram a peça para a Praça de Portugal. A Autarquia investiu cerca de dois mil contos (10 mil euros) para criar a base de betão que até hoje sustenta o monumento.