A barragem romana do Muro constitui o exemplo mais monumental de arquitectura hidráulica romana a Sul do Tejo. A estrutura consiste num muro de secção transversal rectangular, de 4,2 m de espessura no trecho central, suportado a jusante por 16 contrafortes separados entre si de 3m a 4m, e estendendo-se por um total de 174 m de comprimento. A técnica construtiva utilizada é o aparelho em opus incertum, revestido por paramentos de fiadas de blocos, pequenos a montante e de grandes dimensões a jusante, espaçados por tijoleira. Destaca-se ainda uma zona revestida de argamassa, no fundo da antiga albufeira, adossada ao muro. Para a cota aproximada do topo, permitiria a criação de uma albufeira com cerca de 460 m de comprimento, uma área inundada de 82 700m2, e um volume de água de 178 000m3. É muito provável que possuísse uma zona de descarga de água.
O conjunto encontra-se num razoável estado de conservação, dada a sua antiguidade, e o facto de aparentemente não ter sido objecto de grandes alterações ou reparações. Conserva assim um grau muito elevado de autenticidade, permitindo observar as técnicas construtivas antigas de forma privilegiada.
A barragem destinar-se-ia essencialmente ao abastecimento de um núcleo urbano importante, que ficaria a c. 2,7 km a jusante, num local onde foram encontrados restos de condutas cerâmicas.